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Como tornar-se num prestador de cuidados autoconfiante?

Como tornar-se num prestador de cuidados autoconfiante?

Os prestadores de cuidados podem sentir-se muitas vezes inseguros quanto à forma de desempenharem as suas funções e mesmo os cuidadores experientes podem ser afetados por dúvidas e baixa autoestima em relação às suas capacidades.

Para os que não são muito assertivos ou são hesitantes, a perspetiva de interagir com os médicos, gerir os medicamentos e acalmar os idosos confusos e agitados pode ser até assustador.

Podem ter dúvidas sobre os seus conhecimentos médicos, a sua força física e a sua capacidade emocional para lidar com as tarefas.

A falta de confiança dos cuidadores torna-os nervosos e cria os seus próprios efeitos negativos. As pessoas que recebem os cuidados podem reagir ao nervosismo, tornando-se ansiosas e mais difíceis de lidar.

Os familiares também sentem a apreensão dos cuidadores pouco confiantes e podem começar a questioná-los, fazendo com que se sintam ainda menos seguros de si próprios.

Por vezes, os prestadores de cuidados, podem sentir-se ineficazes, excessivamente desafiados e humildes, o que pode ser um duro golpe para a autoconfiança.

Pode também começar a haver dúvidas sobre as decisões do cuidador, o que o deixa com a sensação de que não está a desempenhar bem o seu trabalho e na prestação dos cuidados.

No entanto, os cuidadores não estão sozinhos nesta situação, muitas pessoas podem sentir-se também pouco confiantes, mas é possível sair de momentos de dúvida, fortalecendo a resiliência e a tenacidade internas e usando os conhecimentos necessários para enfrentar as situações com que o cuidador se depara.

Estratégias para desenvolver uma maior confiança

Qualquer pessoa pode melhorar a sua autoconfiança, por isso os cuidadores também o podem fazer. Algumas estratégias de comportamento e mudança de perspetiva podem ser uma grande ajuda e uma forma mais simples de alcançar uma maior autoconfiança.

Estas são algumas estratégias que podem ajudar:

Continuar a aprender e a crescer

Como qualquer outra competência, é importante continuar a aprender e a crescer para aperfeiçoar o trabalho.

É vital continuar a estudar as nuances e os pormenores dos cuidados a idosos para se tornar o prestador de cuidados mais confiante possível.

Saber a diferença entre Alzheimer e demência e como implementar as melhores práticas de prestação de cuidados para cada uma delas, por exemplo, é importante. Bem como saber a diferença entre os diferentes tipos de cuidados.

À medida que o cuidador se vai desenvolvendo como prestador de cuidados, tornar-se-á mais seguro no seu papel de âncora de apoio a quem cuida, por isso o cuidador deve abordar as suas responsabilidades na prestação de cuidados com uma mentalidade de aprendizagem

Os principiantes em qualquer trabalho aprendem melhor. Estão abertos a novas ideias e mais dispostos a arriscar e a ser criativos do que os chamados especialistas, que estão limitados pelas convenções, mais importante ainda, os principiantes são mais tolerantes consigo próprios.

Sabem que vão cometer erros e podem cair, mas depois, levantam-se com algum embaraço, mas também com novos conhecimentos. 

Apesar dos possíveis receios dos cuidadores, é altamente improvável que qualquer erro que cometam prejudique significativamente o recetor de cuidados.

Em vez disso, mais facilmente autocorrigir-se-ão e aperfeiçoarão as suas competências para fazer um melhor trabalho ao longo do tempo.

Confiar nos conhecimentos sobre a pessoa cuidada

Quer seja novo nesta função de cuidador ou já a desempenhe há algum tempo, o facto é que provavelmente conhece a pessoa de quem cuida melhor do que qualquer outra pessoa. 

O facto de estar a cuidar e a viver com essa pessoa há já algum tempo dá uma visão que as pessoas que não estão presentes diariamente não têm.

Conhece os estados de espírito, as necessidades e as rotinas do idoso muito melhor do que o médico ou qualquer outro profissional externo. Embora deva ouvir os seus conselhos sobre a saúde do idoso, não tem de se submeter a eles de imediato.

O cuidador deve falar se não concordar com uma avaliação e explicar a sua posição. Um bom médico ouvirá as perguntas e explicará a sua posição ou corrigirá as suposições do cuidador de acordo com a realidade.

Os prestadores de cuidados conhecem a história, as esperanças e os sonhos, os hábitos e as particularidades da personalidade da pessoa que recebe os cuidados. Conhecem o ambiente em que vivem e a cultura de onde provêm.

A maioria das doenças crónicas e debilitantes de que sofrem os recetores de cuidados não são totalmente remediáveis por tratamentos médicos, o que os prestadores de cuidados sabem sobre o recetor de cuidados é o mais importante.

Os cuidadores devem confiar nos seus conhecimentos nesta matéria e fazer ouvir a sua voz nos hospitais, nas urgências e nos gabinetes de serviços médicos e sociais.

Papel de defesa do idoso

Os prestadores de cuidados estão, geralmente, sempre de prevenção, preocupando-se e fazendo tudo o que é preciso, 24 horas por dia. Não há outras pessoas que se preocupem tanto com a pessoa que recebe os cuidados como o prestador de cuidados familiar ou mesmo os cuidadores formais.

Para além de ser a pessoa mais próxima do idoso, o cuidador é também a pessoa que tem de implementar os cuidados prescritos.

Se achar que o idoso não será bem-sucedido num novo empreendimento ou se achar que uma mudança de rotina não terá um bom resultado, o cuidador não deve ter medo de falar.

Manter a mente aberta, mas se o desafio for flagrante ou simplesmente irrealista, o cuidador deve expressar as suas preocupações e pedir modificações ou alterações.

As competências dos cuidadores podem ajudar os restantes profissionais de saúde

A maioria dos cuidadores aprendem novas competências, anteriormente desconhecidas. Aprendem a ouvir atentamente as explicações apressadas dos médicos e a comunicar as suas próprias preocupações.

Aprendem a navegar num sistema de saúde complexo, a analisar o significado dos sintomas dos idosos e a deduzir a melhor forma de atuar. Aprendem também a orientar o recetor dos cuidados, o resto da família e até a equipa de cuidados de saúde.

Os cuidadores também começam a conhecer-se a si próprios: que são capazes de enfrentar os momentos difíceis, que podem dar o seu melhor e orgulhar-se. Estas são lições que têm valor em qualquer sector da vida.

Manter a curiosidade e a vontade de saber mais

Entre as compras, as limpezas e os atos de prestação de cuidados, pode ser difícil encontrar tempo para aprender sobre novos medicamentos ou métodos de cuidados.

Ao fazer a sua pesquisa, o cuidador deve ter cuidado com os websites ou blogues que não sejam aprovados por uma instituição de renome.

Isto não quer dizer que não possa ler mensagens de outros prestadores de cuidados que estejam a passar por problemas semelhantes aos seus.

Por vezes, aconselhar-se com base nas experiências de outros cuidadores pode ser uma questão de tentativa e erro, mas os conhecimentos já adquiridos também podem ajudar a identificar onde se deve procurar bons conselhos e informação fidedigna.

Também é importante, se possível, incluir a pessoa que é cuidada nas discussões sobre escolhas e mudanças que possam ser necessárias.

Questionar os pensamentos negativos

Todas as pessoas têm pensamentos negativos, entram sorrateiramente na vida quotidiana, quer seja no trabalho, na escola ou nos cuidados. Faz parte da natureza humana.

No entanto, não podemos deixar que esses pensamentos negativos dominem a natureza de cada um. Por vezes, quando escrevemos as nossas dúvidas, podemos ver que são apenas pequenas dúvidas que todos nós enfrentamos.

O cuidador deve confiar em si próprio e no seu conhecimento cada vez mais apurado, ao longo do tempo, das necessidades da pessoa de quem cuida e que tem em mente o seu melhor interesse.

Visualizar um resultado positivo

Esta é uma forma válida de recuperar a autoconfiança. Se o cuidador investigou as suas dúvidas, falou com outros prestadores de cuidados sobre situações semelhantes e sabe que está a tentar fazer o que é melhor para o idoso de quem cuida, deve ser capaz de imaginar que a sua decisão será a melhor para todos os envolvidos.

O poder do pensamento positivo tem sido defendido por profissionais de saúde e pode servir como um meio de ajudar a encontrar a autoconfiança quando o cuidador se encontra numa situação difícil.

Não tentar resolver sozinho situações que não são familiares

Existem equipas de pessoas com formação no domínio da perda de memória que, quando questionadas, têm muitas respostas, por exemplo.

Em casos de demência, contactar as associações que se dedicam a estas doenças degenerativas para esclarecer dúvidas ou obter ajuda prática pode ser uma forma de melhorar o conhecimento e também a confiança.

Encontrar frequentemente com outras pessoas na mesma situação, percorrer caminhos semelhantes, encontrar obstáculos semelhantes, precisar de ajuda semelhante, são tudo formas de melhorar os conhecimentos.

Tornar isso uma rotina e o facto de poder explicar pessoalmente as situações a alguém, de obter sugestões de estratégias e orientações em primeira mão, pode dar confiança para assumir tarefas que, de outra forma, se teria sentido incapaz de fazer.

Encontrar diferentes ligações sociais

Frequentar aulas em conjunto, fazer amigos e partilhar experiências, podem ser ligações que perduram por muitos anos e podem ser um apoio importante.

Muitas vezes, podem sentir as mesmas reações emocionais às circunstâncias e sabem do que o cuidador fala sem grandes explicações. Apoio mútuo pode alimentar a confiança de que cada cuidador precisa para continuar.

Manter a mente aberta, mas se o desafio for flagrante ou simplesmente irrealista, o cuidador deve expressar as suas preocupações e pedir ajuda e modificações ou alterações.

Confiar nas capacidades e seguir o instinto

Visualizar um resultado positivo, a prestação de cuidados pode provocar uma onda de incerteza e levar a questionar a capacidade de lidar com as exigências de cuidar de um idoso.

É essencial reconhecer que o conhecimento próximo da situação e a ligação com o idoso, qualificam o cuidador de forma única para a tarefa de prestação de cuidados.

Confiar nos instintos próprios e ter fé nas decisões, sabendo que compreende as necessidades do idoso melhor do que ninguém.

Manter a saúde

A qualidade dos cuidados que o cuidador presta está intimamente ligada à sua própria saúde. É fácil deixar de lado o bem-estar físico e mental, mas isso pode levar rapidamente à fadiga.

Por isso, os cuidadores devem concentrarem-se em manter uma boa nutrição e uma dieta equilibrada, dormir o suficiente e fazer exercício regularmente. Dar prioridade à saúde é necessário para o bem-estar do cuidador e o da pessoa que é cuidada.

É fácil perder de vista a própria saúde quando o foco principal passa a ser a saúde de outra pessoa. 

No entanto, é imperativo garantir que o cuidador continua a alimentar-se bem, a fazer exercício físico regularmente e a ir regularmente às consultas anuais ou a outras consultas médicas.

A saúde física e mental prepara o terreno para o bem-estar geral.  Reservar algum tempo para os cuidados pessoais permite reduzir a possibilidade de ansiedade, depressão e stress, bem como o desgaste e o esgotamento.

Procurar a comunidade

A prestação de cuidados não deve ser apenas um esforço individual. É importante procurar ajuda e delegar responsabilidades quando necessário.

Seja através do apoio de familiares, amigos ou outros cuidadores formais, estabelecer uma rede de apoio pode proporcionar o alívio prático e emocional que é essencial quando necessário.

Utilizar os recursos disponíveis

Os prestadores de cuidados devem confiar nos seus conhecimentos sobre a situação em que estão inseridos e fazer ouvir a sua voz nos hospitais, nas urgências e nos gabinetes de serviços médicos e sociais.

É crucial acreditar que o nível de conhecimento e de cuidado pode ser útil e ajudar a pessoa de quem cuida. As competências adquiridas podem ajudar os profissionais de saúde ou mesmo outros cuidadores para prestar o melhor cuidado possível.

As novas competências, anteriormente desconhecidas possibilitam ouvir atentamente as explicações dos médicos e enfermeiros e facilitam uma maior facilidade para expressar as próprias preocupações.

Navegando melhor no sistema de saúde e a entender mais aprofundadamente os sintomas que o idoso possa apresentar e, utilizando os recursos disponíveis de uma forma abrangente para colaborar com a família e outros profissionais de saúde para o melhor resultado possível.

Estabelecer uma rotina

Organizar e estabelecer uma rotina diária é benéfico tanto para o prestador de cuidados como para a pessoa que é cuidada.

As expetativas são claramente definidas e as prioridades são facilmente definidas quando se cumpre um horário diário.  Manter um calendário de eventos e compromissos ajuda a garantir que nenhum compromisso crítico seja esquecido ou reservado em excesso.

Utilizar as funções de alerta ou de lembrete do telemóvel é uma excelente forma de recordar os eventos planeados.

Aceitar ajuda

A família e os amigos têm normalmente a melhor das intenções quando oferecem ajuda.  Muitas vezes, perdemos ajuda extra porque estamos demasiado sobrecarregados para os encaminhar para as áreas onde a ajuda é mais necessária.

Compreender as próprias necessidades permite delegar ajuda conforme necessário.  É benéfico manter uma lista de recados, compromissos, tarefas domésticas e outras tarefas que precisam de ser concluídas.

Desta forma, quando alguém se oferece para ajudar, pode-se facilmente pegar na lista e indicar onde a ajuda pode ser aplicada.

Planear tempo de inatividade

Permitir ter tempo livre sem sentimentos de vergonha ou culpa associados ajuda a libertar tensão o que ajuda a ter uma melhor autoconfiança.

Marcar um horário em que o cuidador possa estar sozinho.  Durante esse tempo, fazer algo que dê satisfação, quer seja sair para dar um passeio, ir à manicura, jogar uma partida de golfe ou sentar para beber uma chávena de café quente.

Se for possível, ter uma data e uma hora fixa para este tempo ou então ir planeando ao longo do tempo, conforme necessário, se isso funcionar melhor.

Praticar autocompaixão

Haverá alturas em que o cuidador pode sentir que está a ficar aquém das expectativas, haverá dias em que terá dificuldades no seu papel e haverá momentos em que se sentirá sobrecarregado, derrotado, ressentido e culpado.

O cuidador deve permitir-se sentir estes sentimentos e depois perdoar-se totalmente.  É perfeitamente normal sentir uma série de emoções; partilhar esses sentimentos com alguém em quem o cuidador confia ou escrevê-los num diário pode ser terapêutico e útil.

Conclusão

Muitos cuidadores vêem-se empurrados para o papel de prestador de cuidados sem a devida formação ou experiência, ou pelo menos podem sentir-se assim.

Juntamente com a preocupação e o stress que advêm do simples facto de ter uma pessoa doente ou frágil para cuidar, vem a realidade de ser a pessoa responsável pelos seus cuidados.

A prestação de cuidados pode ser um desafio, e exige um grau elevado de adaptação e flexibilidade. Quando o empenho é acompanhado de autoconfiança, o trabalho corre melhor.

No entanto, por vezes, os cuidadores podem estar empenhados e serem firmes para os outros, mas estarem incomodados porque se questionam ou põem em causa as suas capacidades.

Um cuidador pode ser muito empenhado ou resiliente, mas sentir-se desconfortável na maior parte do tempo, porque pensa poder ser uma pessoa que duvida muito de si própria e que pensa demais sobre as coisas.

Utilizar ferramentas e estratégias simples para desenvolver e fortalecer a sua autoconfiança pode empoderar e guiar os cuidadores para se sentirem mais realizados.

Por outro lado, uma melhor autoconfiança também ajuda a reduzir o stress e a continuar a trabalhar sem o peso adicional de sentirem-se mal com o que estão a fazer e como o estão a fazer.

Poder aquietar as dúvidas e fazer o trabalho da prestação de cuidados de forma tranquila e em segurança é tão importante para o cuidado como é para a pessoa de quem cuidam.

Juntos Cuidamos Melhor!

Referências:

  • Caregiver Solutions
  • Health in Aging