Prestar cuidados a uma pessoa tem tanto de gratificante como de desafiante. As exigências físicas e a carga emocional podem levar a um estado de exaustão e até burnout.
Esta situação pode ter um impacto significativo na saúde física e mental do prestador de cuidados, acabando por afetar também a qualidade dos cuidados prestados.
Identificar os sintomas de fadiga e exaustão é o primeiro passo para prevenir a situação. Quanto mais tempo durar a situação de extremo cansaço, pior será para o prestador de cuidados.
Ser cuidador pode ser muito exigente e cansativo, e passar pela situação nessas circunstâncias durante períodos prolongados pode resultar no esgotamento físico, emocional e mental do prestador de cuidados.
Embora o cansaço extremo do cuidador implique um risco para a sua própria saúde mental e bem-estar, um impacto secundário deste processo pode ser a redução do interesse, frustração, raiva ou sentimentos de culpa em relação à pessoa que é cuidada.
O stress da prestação de cuidados pode afetar a saúde física e mental e as relações, o que pode levar a um estado de exaustão emocional, mental e física. Os sintomas podem ser físicos, comportamentais ou emocionais.
Cuidar do próprio bem-estar físico e mental é tão importante para o cuidador, como garantir que a pessoa de quem se cuida toma os medicamentos a horas e vai às consultas médicas.
Conseguir reconhecer os sinais de stress e extrema fadiga pode ajudar os prestadores de cuidados a tomar medidas para evitar que as coisas piorem e começar a melhorar tanto a sua própria situação como a da pessoa que é cuidada.
O que é a fadiga e a exaustão do prestador de cuidados?
A fadiga do prestador de cuidados é um estado de exaustão causado pelo esforço físico, emocional e mental contínuo de cuidar de outra pessoa. É uma reação normal a uma situação exigente.
Esta situação pode acontecer a qualquer prestador de cuidados em qualquer altura. A situação ocorre quando o cuidador se sente física e emocionalmente exausto.
Este estado de exaustão física, emocional e mental resulta das responsabilidades exigentes da prestação de cuidados ao longo do tempo.
Os cuidadores informais, por exemplo, dão frequentemente por si a fazer malabarismos com várias tarefas, incluindo a administração de medicamentos, a assistência nas atividades diárias, a gestão de consultas e a resposta a necessidades emocionais.
Com o passar do tempo, estas responsabilidades podem tornar-se esmagadoras, levando a um declínio no bem-estar geral do prestador de cuidados.
Mas, os cuidadores formais também estão sujeitos a se encontrarem nesta mesma situação devido às exigências e as circunstâncias emocionalmente carregadas inerentes à prestação de cuidados
Possíveis causas para a exaustão do prestador de cuidados
Os cuidadores prestam frequentemente cuidados durante anos ou mesmo décadas, e o impacto que esta responsabilidade pode ter sobre eles pode ser significativo.
Há muitos fatores que podem contribuir para que os cuidadores se sintam exaustos. Estes são alguns que fatores que podem contribuir para a situação:
Dificuldade em aceitar o papel de prestador de cuidados
Alguns prestadores de cuidados não escolhem tornar-se cuidadores, especialmente os cuidadores informais, mas acabam nessa situação para apoiar o cônjuge, os pais ou outro familiar.
O papel de prestador de cuidados pode ser novo e pouco familiar e, muitas vezes, exige conversas difíceis com as pessoas mais próximas e os familiares.
Sensação de falta de apoio
A maioria dos prestadores de cuidados informais aceita ajudar um familiar sem se aperceber de que se trata frequentemente de um papel a tempo inteiro, ou terem noção de tudo que a prestação de cuidados implica.
Isto pode levar a que sejam obrigados a reduzir ou a abandonar completamente o emprego, a sofrer dificuldades financeiras inesperadas e a alterar significativamente o estilo de vida ou a vida social para se adaptarem à pessoa de quem cuidam.
Expectativas em relação aos cuidados prestados
Muitas vezes, os prestadores de cuidados esperam que a sua ajuda resulte numa melhoria da saúde ou da felicidade da pessoa que cuidam.
Mas, isto pode não acontecer, especialmente se a pessoa que está a ser cuidada sofrer de uma doença degenerativa, como a doença de Alzheimer, e, muitas vezes, os prestadores de cuidados podem sentir-se numa situação difícil ao verem o seu familiar deteriorar-se diante dos seus olhos.
Podem até sentir que não fizeram o suficiente, apesar de todo o esforço despendido e do investimento emocional e profissional.
Fatores relacionados com a saúde
Na prestação de cuidados pode parecer à partida que todos os dias são iguais. Mas, não são, e muitos prestadores de cuidados referem alguns fatores que os levaram à incapacidade de lidar com a situação.
Muitas vezes são os fatores relacionados com uma mudança física, como um acidente vascular cerebral, que causam maior stress e cansaço.
Outros fatores podem ser:
- A pessoa que é cuidada torna-se incontinente
- Problemas com a alimentação, a hidratação regular ou a toma de medicamentos
- Comportamento desafiante da pessoa que é cuidada e que provoca lesões físicas quer no cuidador quer na pessoa cuidada
- O sono do cuidador é interrompido regularmente
Sinais que podem indicar exaustão
A fadiga extrema e exaustão dos prestadores de cuidados pode ter efeitos de longo alcance tanto na vida do prestador de cuidados como na qualidade dos cuidados que presta.
Alguns sintomas comuns de exaustão nos cuidadores incluem:
Exaustão física
Os prestadores de cuidados podem sofrer de fadiga crónica, perturbações do sono, dores de cabeça e outros sintomas físicos devido às exigências constantes da prestação de cuidados.
Stress emocional
Os sentimentos de tristeza, ansiedade, culpa e frustração são comuns entre os prestadores de cuidados, especialmente quando vêm as pessoas de quem cuidam a debaterem-se com problemas de saúde.
Isolamento social
Os cuidadores têm muitas vezes pouco tempo para interações sociais, o que leva a sentimentos de solidão e isolamento, e pode também colocar stress nas relações existentes, uma vez que são chamados a dar prioridade às necessidades da pessoa de quem cuidam em detrimento das suas ou de outras pessoas.
Diminuição do desempenho profissional
Conciliar as responsabilidades de prestação de cuidados e o trabalho, no caso dos cuidadores informais, pode levar a uma diminuição da produtividade e a potenciais desafios na carreira.
Diminuição da saúde
Os prestadores de cuidados podem negligenciar a sua própria saúde, faltando a consultas médicas e não atendendo às suas próprias necessidades, o que pode resultar em potenciais problemas de saúde.
Lesões físicas e sintomas físicos
As tentativas repetidas de transportar ou ajudar a levantar um idoso, por exemplo, podem resultar em lesões nas costas ou noutras lesões, especialmente se a casa não tiver sido construída ou ajustada com corrimões ou dispositivos de apoio à mobilidade.
Outros sintomas físicos que podem surgir incluem:
- Cansaço constante
- Dores de cabeça e tensão muscular
- Alterações do apetite ou do sono
- Irritabilidade e frustração
- Ansiedade e depressão
- Dificuldade de concentração
- Perda de paciência ou motivação
- Afastamento das atividades sociais
- Negligência das necessidades pessoais
- Dificuldade em cumprir as responsabilidades da prestação de cuidados
- Ressentimento em relação à pessoa que é cuidada
- Aumento das discussões com os outros ou da frustração
- Afastamento dos amigos e familiares, passando mais tempo em isolamento
- Falta de motivação no trabalho ou em casa
- Faltar a compromissos e evitar responsabilidades
- Aumento do consumo excessivo de álcool ou drogas, incluindo comprimidos para dormir
- Dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir
- Falta de esperança, alienação, desamparo, irritabilidade
- Ressentimento em relação à pessoa de quem se está a cuidar, podendo resultar em vontade de a magoar
Como gerir a fadiga e a exaustão dos cuidadores?
As formas de gerir a exaustão na prestação de cuidados começam por ser capaz de identificar e reconhecer os sintomas numa fase inicial.
Posteriormente o cuidador deverá debater o assunto com o superior hierárquico, no caso dos cuidadores formais ou com os restantes familiares ou um profissional de saúde,como um médico ou enfermeiro, no caso dos cuidadores informais, para encontrar formas e soluções para lidar com a situação.
O cuidador não deve tentar lutar contra o que sente, na esperança de que o problema desapareça.
A fadiga e a exaustão vão continuar a ter um efeito negativo na saúde mental e física se não forem tratadas e poderão ter um impacto grave a médio e longo prazo.
Estas são algumas estratégias que os prestadores de cuidados podem adotar para gerir a fadiga extrema e evitar o esgotamento.
Dar prioridade ao sono
Procurar dormir oito horas de sono de qualidade todas as noites. Desenvolver um horário de sono consistente e praticar uma boa higiene do sono, assegurando que o quarto é escuro, silencioso e confortável.
Manter um estilo de vida saudável
Alimentar o corpo com refeições nutritivas e exercício físico regular. Mesmo atividades suaves como caminhar podem melhorar o humor e os níveis de energia.
Esforçar por comer alimentos nutritivos, incluindo muitas frutas e legumes, e manter a hidratação, de preferência com água.
Procurar apoio
O cuidador não deve ter medo de pedir ajuda. Procurar apoio na família e nos amigos ou num grupo de apoio a prestadores de cuidados. Partilhar experiências e obter conselhos de outras pessoas em situações semelhantes pode ser muito útil.
Falar com amigos e familiares que possam dar apoio também pode ser útil. Se o cuidador se estiver a sentir sobrecarregado, deve falar e informar os amigos e familiares.
O cuidador não deve partir do princípio de que os familiares ou as outras pessoas saberão automaticamente como se está a sentir. Se precisar de uma pausa,deve informar quem de direito.
Delegar tarefas
Os cuidadores informais podem explorar as opções de cuidados ao domicílio, pedir ajuda aos familiares para alguma tarefas domésticas ou outras e considerar a possibilidade de recorrer a cuidados temporários para fazer uma pausa muito necessária.
Os cuidados temporários são cuidados para ajudar a aliviar os cuidadores, sobretudo, os cuidadores informais. O cuidador também pode pedir a amigos e familiares que o substituam de vez em quando, proporcionando o tempo de que necessita.
Os cuidadores formais poderão procurar fazer mais pausas rápidas durante o seu trabalho ou tirar dias de descanso.
Praticar o autocuidado
Programar atividades que o cuidador gosta, mesmo que seja apenas tomar uma chávena de chá tranquilamente e ler um bom livro. Tirar tempo para si próprio ajuda, o cuidador, a recarregar as baterias e a regressar à pessoa de quem cuida com energia e paciência renovadas.
O autocuidado é essencial para o cuidador se manter saudável, e é necessário para prestar excelentes cuidados.
Arranjar tempo para fazer coisas de que se gosta e que dão energia é fundamental. As atividades como ouvir música, dar um passeio, passar tempo com amigos ou em silêncio, são tudo atividades que podem ajudar.
Estabelecer limites
Por vezes, não faz mal dizer não. Aprender a gerir as expetativas e a comunicar as limitações pessoais às pessoas em redor, é importante para manter o equilíbrio pessoal.
Esta atitude inclui estabelecer limites com a pessoa que é cuidada para garantir que o cuidador tem tempo para descansar e cuidar de si próprio.
Gerir a área financeira da vida
O peso financeiro da prestação de cuidados pode ser significativo, especialmente para os cuidadores informais.
Estes cuidadores poderão verificar quais os benefícios governamentais e os programas de assistência financeira que possam estar disponíveis para ajudar a aliviar uma possível pressão financeira.
Manter o contacto social
O isolamento social pode agravar o cansaço do prestador de cuidados. Este deve fazer um esforço para manter ligações com amigos e familiares, mesmo que seja apenas um telefonema ou uma conversa por vídeo.
Manter o corpo ativo
Manter o corpo ativo pode ajudar muito o cuidador, a sentir-se melhor ao longo do dia. Ajuda a combater a lentidão e mantém-no a trabalhar com o máximo desempenho.
Encontrar formas de mexer o corpo todos os dias, como caminhar, dançar, correr ou qualquer outra coisa que dê alegria e mantenha o corpo ativo.
Conclusão
A fadiga ou exaustão do prestador de cuidados é uma situação comum, especialmente entre os prestadores de cuidados informais.
No entanto, conhecer os sinais de cansaço extremo, utilizar os recursos disponíveis e praticar bons hábitos de autocuidado pode ajudar o cuidador a manter-se saudável, tanto física como emocionalmente.
As pessoas que necessitam de cuidados, especialmente se forem idosos, podem necessitar de cuidados e assistência adicionais para manterem a sua qualidade de vida.
Para muitos cuidadores, o ato de cuidar pode ser uma experiência gratificante. No entanto, a responsabilidade de cuidar de uma pessoa também pode ter um impacto negativo, levando a estado de cansaço extremo ou exaustão.
Por este motivo é importante adotar estratégias que podem ser utilizadas para prevenir ou minimizar o impacto desta situação.
A exaustão do cuidador é particularmente notória, quando o cuidador se sente esgotado e tem dificuldade em cuidar de si próprio enquanto se concentra em cuidar de outra pessoa.
Para um prestador de cuidados, não há dois dias iguais, o que tem aspetos positivos, mas também pode acarretar muitos desafios. O cuidador tanto pode encontrar tempo para si próprio como pode perder-se na sua rotina e não conseguir completar as suas tarefas.
Os cuidadores devem procurar concentrar-se nas coisas que podem controlar, como fazer pausas frequentes, ainda que sejam de curta duração e assegurar que fazem as pausas adequadas ao longo do dia, proporcionando a si próprios espaço para refletir e respirar.
É muito importante que o cuidador possa descontrair no final do seu turno, seja a que horas for, para fazer algo de que goste.
Qualquer atividade que dê prazer ou permita aliviar o stress é uma boa opção como ler um livro, tomar um banho de espuma ou fazer jogging.
Afastar a mente dos momentos difíceis pode ajudar a separar a vida profissional da vida pessoal, e assim proporcionar uma pausa do stress, criando condições para evitar uma situação de exaustão.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
HealthLine.com