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Dicas para manter o equilíbrio entre vida pessoal e a prestação de cuidados

Dicas para manter o equilíbrio entre vida pessoal e a prestação de cuidados

Trabalhar na prestação de cuidados, quer seja de forma informal ou formal, é uma tarefa exigente a nível físico, psicológico e emocional.

Encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e a prestação de cuidados pode ser difícil, sobretudo para os cuidadores que têm outra atividade profissional.

Mas, não ter o equilíbrio certo entre a vida profissional e pessoal pode afetar as relações pessoais e a saúde, já que esta tensão pode também prejudicar o bem-estar físico, mental e emocional.

Para os cuidadores, é essencial estabelecer um equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada, dado que o equilíbrio correto permite que todos os envolvidos na prestação de cuidados recebam os cuidados de que necessitam.

O objetivo é, além de ter uma melhor qualidade de vida, evitar o esgotamento ou burnout, que usualmente atinge muitos cuidadores e poder fazê-lo tomando medidas proactivas para garantir que o cuidador não está a sacrificar uma parte da sua vida por outra.

Cuidar de um idoso é uma responsabilidade significativa e, embora seja importante prestar os melhores cuidados possíveis, é igualmente crucial dar prioridade ao próprio bem-estar.

Ao implementar algumas estratégias, os prestadores de cuidados podem encontrar um equilíbrio entre os seus deveres de prestação de cuidados e a sua vida pessoal, contribuindo para ter uma prestação de cuidados mais saudável e sustentável.

É importante manter a visão de que cuidar de nós próprios aumenta a capacidade de cuidar dos outros com compaixão e dedicação.

A importância de evitar o burnout

As exigências emocionais e físicas da prestação de cuidados podem pôr à prova até a pessoa mais forte. Por vezes, os cuidadores podem sentir-se fisicamente cansados e como se tivessem um peso em cima.

Podem sentir o stress do seu papel mentalmente, sentindo-se receosos, irritáveis, culpados e em conflito.

Mas, na verdade, cada cuidador não é o único a ter estes sentimentos e isso é perfeitamente natural. No entanto, se não forem tratados, estes sentimentos podem levar ao esgotamento ou burnout e exaustão.

O esgotamento do prestador de cuidados é um estado em que o cuidador se pode encontrar quando se sente sobrecarregado pelas exigências contínuas de cuidar de uma pessoa.

Não se trata apenas das tarefas físicas, como ajudar nas atividades diárias ou gerir a medicação, mas também do apoio emocional que dá.

Com o tempo, esta rotina incessante pode levar à exaustão, tanto física como emocional. O esgotamento do prestador de cuidados pode manifestar-se de várias formas e é essencial reconhecer os sinais, tanto para o bem-estar como para a eficácia dos cuidados prestados.

Alguns sinais comuns de esgotamento do prestador de cuidados incluem:

Exaustão emocional e física

O cuidador pode sentir-se cansado a maior parte do tempo, mesmo depois de descansar ou dormir. Esta exaustão pode ser tanto emocional como física, fazendo com que as tarefas quotidianas pareçam esmagadoras.

Alterações nos padrões de sono

Pode haver dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir ou, em alternativa, pode dormir demasiado.

Aumento da irritabilidade ou impaciência

O cuidador pode dar por si a ficar facilmente irritado ou a perder a calma mais rapidamente do que o habitual, mesmo por questões menores.

Sentimentos de ansiedade ou depressão

A existência de sentimentos persistentes de tristeza, desespero ou preocupação excessiva pode indicar esgotamento. Estes sentimentos também se podem manifestar como uma falta de interesse em atividades que tinham interesse anteriormente.

Diminuição da função do sistema imunitário

Se o cuidador fica doente com mais frequência, isso pode ser um sinal de burnout. O stress crónico pode enfraquecer o sistema imunitário, levando a constipações ou infeções frequentes.

Alterações no apetite

Alterações significativas no apetite, seja comer muito ou muito pouco, podem ser um sinal de stress e esgotamento.

Negligenciar as próprias necessidades

Deixar constantemente de lado as próprias necessidades físicas e emocionais para cuidar de outra pessoa pode levar ao esgotamento.

Afastamento das atividades sociais

Afastar-se das interações sociais, evitar amigos e familiares ou perder o interesse em compromissos sociais pode ser também um sinal.

Sentimentos de ressentimento

Sentir-se ressentido em relação à pessoa de quem está a cuidar, ou em relação a outras pessoas que parecem ter menos responsabilidades, pode ser um sinal de esgotamento.

Redução da realização pessoal

Uma sensação de ineficácia ou de falta de realização no seu papel de prestador de cuidados, sentindo que o que faz não está a fazer a diferença, também pode ser um sintoma.

O reconhecimento precoce destes sinais é crucial para gerir o stress do prestador de cuidados e prevenir o burnout. É importante procurar apoio e encontrar formas de o cuidador cuidar de si próprio enquanto cuida dos outros.

É fundamental compreender que estes sentimentos não significam que está a falhar ou que não se preocupa. Pelo contrário, é um sinal de que as próprias necessidades também são importantes.

Tomar conta de nós próprios não é egoísta: é essencial.

Garantir que existe um equilíbrio entre o cuidador e todas as outras pessoas na sua vida ajudará a gerir o stress, o esgotamento e a tensão que advêm do papel de prestador de cuidados. É importante equilibrar a vida com tempo, cuidados e energia.

Embora haja a possibilidade de o cuidador se sentir culpado por estar a tirar tempo à pessoa de quem está a cuidar ou a outras pessoas que dependem de si, é fundamental não esquecer que todos precisam do seu próprio tempo pessoal.

Dicas para manter o equilíbrio na vida pessoal

Algumas pessoas encontram o equilíbrio através do exercício físico, da meditação, da escrita, do convívio com os amigos, ou outras atividades que os façam sentir bem.

Também se podem considerar diferentes formas de programar os cuidados para que haja um tempo adequado todos os dias, tanto para o cuidador como para a pessoa cuidada.

Estabelecer uma rotina e limites saudáveis, pode ajudar o cuidador a sentir-se rejuvenescido e com forças para estar presente para aqueles de quem cuida.

Estas são algumas estratégias que podem ser utilizadas para equilibrar a vida pessoal com a prestação de cuidados:

Deixar o sentimento de culpa

A vida é demasiado curta para não se aproveitar plenamente. Muitos prestadores de cuidados colocam as suas próprias necessidades em segundo lugar porque não querem desiludir ninguém ou causar problemas e têm sentimento de culpa por isso.

No entanto, colocar as necessidades em primeiro lugar é saudável e importante para manter o equilíbrio na própria vida. Pode parecer egoísta no início, quando se está habituado a colocar as necessidades pessoais em segundo lugar, mas é um passo necessário para atingir o equilíbrio.

Estabelecer expectativas realistas

Para encontrar o equilíbrio, é necessário definir expectativas realistas para nós próprios.

Reconhecer que não se pode fazer tudo sozinho e que procurar apoio não só é correto, como necessário. Usar de honestidade connosco próprios sobre as responsabilidades, pontos fortes e limites.

Comunicar abertamente com a pessoa de quem se cuida sobre o tempo e a energia que se pode dedicar de forma realista à prestação de cuidados.

A colaboração e a compreensão podem ajudar a evitar conflitos, minimizar o ressentimento e promover um ambiente de apoio.

Estabelecer limites claros

Isto pode ser uma tarefa difícil para quem quer fazer tudo. Por ser um prestador de cuidados, por vezes pode ser fácil exagerar nos cuidados.

Quer se trate de tarefas domésticas ou de obrigações com amigos e familiares, aprender a dizer não e a estabelecer limites ajudará a equilibrar a vida de modo a sobrar tempo suficiente para as coisas que são importantes.

É aconselhável estabelecer limites realistas para evitar o esgotamento e, posteriormente, comunicar claramente os limites pessoais aos familiares, amigos e até à pessoa que se está a cuidar.

Estabelecer limites garante que o cuidador pode prestar cuidados de qualidade sem comprometer a sua saúde mental e física.

Nem todos as pessoas ao redor do cuidador informal, por exemplo, amigos ou familiares compreenderão verdadeiramente a situação e a pressão a que o cuidador está sujeito.

Por vezes, poderá ser necessário adiar projetos ou prazos, ou pedir uma licença urgente para emergências médicas.

Se os amigos ou colegas de trabalho não reconhecerem as diferentes responsabilidades como prestador de cuidados nem derem apoio para aliviar stress, este tipo de situação pode contribuir para uma situação de esgotamento do prestador de cuidados.

Os prestadores de cuidados informais podem gerir o stress estabelecendo limites claros entre a vida profissional e pessoal e comunicando esses limites aos seus empregados, empregadores e colegas de trabalho.

Traçar uma linha clara entre o trabalho e a vida pessoal, é quase como criar uma zona de segurança onde se está em controlo e as coisas parecem estar bem.

Para traçar essa linha é aconselhável ter conversas transparentes e honestas com os colegas de trabalho, chefes, familiares ou outros pessoas envolvidas.

Quando os outros conhecem a disponibilidade do cuidador, este já não precisa de estar sempre presente para os outros. Não tem de responder aos e-mails ou atender chamadas quando a pessoa de quem cuida precisa de atenção.

Reconhecer e dar prioridade às próprias necessidades

É fácil para os prestadores de cuidados colocar as necessidades dos outros à frente das próprias, negligenciando frequentemente o bem-estar pessoal.

No entanto, é essencial reconhecer as próprias necessidades e dar prioridade aos cuidados pessoais. É essencial reservar tempo para atividades de que o cuidador gosta, manter as ligações sociais, dormir e alimentar-se adequadamente.

Procurar o apoio de outras pessoas

O cuidador não tem de passar pela prestação de cuidados sozinho. Contactar amigos, familiares ou grupos de apoio que possam oferecer assistência e um ombro amigo, é fundamental.

A existência de um sistema de apoio pode ajudar a aliviar o stress e fornecer informações valiosas de outras pessoas que passaram por situações semelhantes.

Tirar partido dos cuidados ao domicílio e ou temporários

Os cuidados temporários são um recurso valioso que permite aos prestadores de cuidados informais fazer uma pausa e recarregar energias.

Quer se trate de algumas horas por semana ou de uma escapadela de fim de semana, os serviços de cuidados temporários ou o apoio domiciliário, oferecem um alívio temporário, permitindo que os prestadores de cuidados informais se concentrem nas suas próprias necessidades sem comprometer a qualidade dos cuidados que os familiares idosos recebem.

Programar um tempo para si próprio de forma regular

Reservar tempos específicos na agenda para atividades pessoais ou de relaxamento.

As atividades podem ser tão diversas como, ler um livro, dar um passeio ou dedicar-se a um passatempo. Ter um tempo dedicado para si próprio ajuda a manter um sentido de individualidade e reduz o risco de esgotamento do prestador de cuidados.

Estabelecer uma rotina adequada e adaptável

O equilíbrio entre a prestação de cuidados e a vida pessoal exige muitas vezes flexibilidade e adaptabilidade.

Ajustar as rotinas para acomodar tanto as necessidades do idoso como os compromissos pessoais e tentar encontrar atividades que envolvam o idoso sem afetar significativamente o próprio bem-estar ou vida social.

Por exemplo, incorporar caminhadas regulares ou passatempos partilhados que correspondam às capacidades e interesses dos envolvidos.

Utilizar a tecnologia para simplificar as tarefas

Explorar soluções tecnológicas que possam simplificar as tarefas de prestação de cuidados. 

Desde aplicações de gestão de medicação a dispositivos de monitorização doméstica, estas ferramentas podem ajudar a simplificar as responsabilidades e proporcionar paz de espírito, permitindo aos prestadores de cuidados equilibrar melhor o seu tempo.

Aprender a dizer não

Dizer não a uma pessoa de quem cuidamos pode ser difícil e deixar-nos com sentimentos de culpa ou inadequação, mas é importante reconhecer as nossas próprias necessidades.

À medida que as necessidades do idoso mudam, o plano de cuidados domiciliários poderá ter de ser adaptado. Do mesmo modo, pode haver mudanças na vida pessoal do cuidador que signifiquem que já não pode prestar cuidados da mesma forma.

Uma comunicação clara, mas compassiva é essencial para uma relação saudável com a pessoa de quem se cuida.

Procurar ter conversas abertas e honestas com a pessoa de quem se cuida sobre as necessidades, expressão dos pensamentos e sentimentos do cuidador.

O respeito e a compaixão são importantes tanto para cuidadores como para as pessoas cuidadas e garantirão a manutenção de uma relação igual e positiva.

Se o cuidador sentir que não pode continuar a prestar alguns dos cuidados, procurar alternativas e explicar claramente a situação à pessoa de quem se cuida.

Reconhecer que não se pode fazer tudo e procurar o apoio de outras pessoas. No caso dos cuidadores informais, considerar a possibilidade de recorrer a serviços profissionais de cuidados domiciliários para ajudar a assumir algumas das responsabilidades.

Delegar tarefas sempre que possível

Quando se trata de gerir a carga de trabalho, é importante encontrar o ponto ideal entre o trabalho e a vida pessoal.

No entanto, saber quando pedir ajuda e passar algumas tarefas aos colegas de trabalho ou à família pode fazer toda a diferença. Colaborar com outras pessoas pode aliviar o stress sabendo que todos têm um papel a desempenhar na contribuição para um objetivo comum.

Uma comunicação eficaz é fundamental para delegar tarefas com sucesso. Quando se partilham tarefas, ser muito claro sobre o que tem de acontecer e quando.

Criar um equilíbrio saudável ajuda a recarregar energias, a ser produtivo no trabalho e a passar tempo de qualidade com as pessoas mais importantes, o que conduz a uma vida mais feliz e saudável.

Ter um plano de reserva

Por vezes, a vida nem sempre corre como esperávamos ou planeávamos. Mesmo quando nos organizamos e programamos os detalhes, as coisas podem inevitavelmente tomar um rumo diferente.

Neste tipo de situações, ter um plano de reserva é essencial, sobretudo no caso do prestador de cuidados informal, para gerir o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Um plano de reserva estabelece as bases para o que fazer quando o inesperado acontece.

Deve incluir informações de contacto de outros prestadores de cuidados e de profissionais de saúde, indicar as medidas a tomar em caso de emergência e delinear opções alternativas para quando não estiver disponível para a prestação de cuidados.

No caso dos cuidadores informais, por exemplo, os prestadores de cuidados ao domicílio formais podem ser os planos de reserva. Podem chegar de forma rápida e prestar assistência 24 horas por dia, 7 dias por semana, para necessidades não médicas em casos de emergência.

É essencial também manter o idoso envolvido no plano. Em última análise, é o bem-estar de todos que está em causa, pelo que o contributo do idoso pode ajudar a criar a estratégia mais eficaz.

Estabelecer o plano de apoio, limites e horários claros e a ajuda de um prestador de serviços de cuidados ao domicílio, poderá ser uma forma produtiva de alcançar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Atividades que podem ajudar a reduzir o stress dos cuidadores

Quando o cuidador está stressado, é mais provável que durma mal, se canse facilmente e fique irritado com os outros, incluindo aqueles de quem cuida, mas pode ajudar a gerir o stress modificando o seu comportamento.

Dormir mais aumenta a capacidade de ter paciência. Fazer mais exercício físico liberta endorfinas que reduzem os sentimentos de ansiedade e depressão.

Existem outras atividades que também podem ser úteis:

Utilizar exercícios respiratórios para relaxar

Sentar calma e confortavelmente e respirar profundamente enquanto se contam as respirações de 1 a 10.

Repetir este exercício respiratório enquanto se foca a atenção no momento presente. Neste processo, é natural que a mente se desvie, mas deve-se acalmar os pensamentos e fazer o melhor para trazer de volta a concentração no momento.

Fazer isto, nem que seja durante alguns minutos por dia, pode aliviar o stress.

Visualizar imagens relaxantes

Se apenas sentar e respirar pode parecer estranho, tentar fazer o exercício anterior enquanto se imagina uma paisagem relaxante.

Poder ser estar deitado na praia ou a flutuar suavemente numa floresta tropical. Visualizar cenas pacíficas enquanto se respira profundamente leva a um relaxamento mental.

Caminhar

Para quem precisa de uma forma mais ativa de relaxar, pode experimentar uma meditação a pé, enquanto caminha.

É semelhante a um passeio normal, mas com uma respiração profunda deliberada enquanto se mantem a concentração em tudo o que se está a sentir no momento, como por exemplo, os cheiros da relva, o som do vento nas árvores, o ladrar de um cão distante.

Mergulhar profundamente em cada momento do passeio pode ajudar uma pessoa a sentir-se mais revigorada e animada quando voltar para casa.

Atenção criativa

Quer se trate de pintar, colorir, tocar guitarra, fazer jardinagem, resolver um puzzle ou limpar um jardim zen de areia, estar envolvido numa atividade criativa tem um efeito calmante que pode trazer relaxamento

Exercícios

Passear com o cão, aulas de ciclismo ou ioga, o exercício é essencial para aumentar as endorfinas responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento.

Conclusão

Ser prestador de cuidados é ter um trabalho exigente e complexo. Com muitas responsabilidades na prestação dos cuidados, é fácil negligenciar as necessidades pessoais e o próprio bem-estar.

No entanto, manter a saúde e o equilíbrio é vital tanto para o cuidador como para as pessoas de quem se cuida.

A capacidade de prestação de cuidados pode diminuir rapidamente se a saúde mental e física forem impactadas. Equilibrar as responsabilidades na prestação de cuidados com a vida quotidiana é essencial para um estilo de vida saudável.

Porque cuidar de outra pessoa pode ser gratificante, mas também emocional e fisicamente exigente, encontrar o equilíbrio certo entre a prestação de cuidados e a vida pessoal é essencial para manter a saúde e a sensação gratificante de um trabalho bem feito.

É bem verdade que se não cuidarmos de nós próprios, os outros também não o farão, por isso ter em mente a necessidade de desenvolver um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e aprestação de cuidados é a garantia de proporcionar mais qualidade de vida quer às pessoas que são cuidadas quer aos próprios cuidadores.

Juntos Cuidamos Melhor!

Referências:

Institute On Aging