À medida que envelhecemos, o nosso corpo muda. Estas mudanças podem incluir dores que se prolongam ou com movimentos simples, como caminhar ou levantar de uma cadeira, que podem ser mais lentos ou mais dolorosos do que eram anteriormente.
Outras situações ligadas ao envelhecimento, podem não ser tão óbvias, como por exemplo, o modo como o corpo pode mudar na forma como reage aos medicamentos e os absorve.
Por exemplo, as alterações no sistema digestivo podem afetar a rapidez com que os medicamentos entram na corrente sanguínea.
Uma alteração no peso corporal pode afetar a quantidade de medicamentos que é necessário tomar. Pode também afetar o tempo de permanência do medicamento no organismo.
O sistema circulatório pode ficar mais lento com o envelhecimento, o que afeta a rapidez com que os medicamentos chegam ao fígado e aos rins.
O fígado e os rins também podem funcionar mais lentamente e isto pode afetar a forma como um medicamento se decompõe e é eliminado do organismo. Como resultado, os medicamentos permanecem no corpo durante mais tempo, o que pode causar efeitos secundários mais graves.
As doses dos medicamentos devem, por isso, ser devidamente ajustadas e monitorizadas. Devido a estas alterações no corpo à medida que envelhecemos, existe também um risco mais elevado de interações medicamentosas nos idosos.
Assim, gerir os medicamentos com segurança é essencial para a saúde dos idosos. A maioria dos idosos toma vários medicamentos ao longo do dia e pode ser fácil confundir a medicação.
E tomar os medicamentos corretamente é essencial para tratar as condições de saúde dos idosos e gerir os sintomas. É por todas estas razões que a gestão da medicação para idosos é tão importante.
A implementação de um sistema simples e o cuidado com os aspetos básicos ajudam os idosos a evitar erros comuns de medicação, como tomar o medicamento errado, falhar doses ou tomar mais do que o prescrito.
Fazer uma gestão segura dos medicamentos é essencial não só para a saúde como para o bem-estar dos idosos.
Dicas para a gestão segura da medicação para os idosos
Fazer uma gestão segura dos medicamentos dos idosos, é uma tarefa essencial para evitar problemas de saúde que podem ter consequências graves.
Estas são algumas dicas:
Reunir todos os medicamentos, suplementos e vitaminas no mesmo sítio
É importante agrupar todos os medicamentos, vitaminas, medicamentos de venda livre e suplementos num único local.
Se os medicamentos estiverem todos guardados em locais diferentes, é fácil perder a noção dos medicamentos prescritos, vitaminas, medicamentos de venda livre ou suplementos que estão a ser tomados.
Por exemplo, alguns idosos podem guardar alguns comprimidos na cozinha, outros na mesa de cabeceira e outros no armário de medicamentos da casa de banho.
É especialmente importante incluir os medicamentos de venda livre porque podem causar interações medicamentosas negativas quando combinados com medicamentos sujeitos a receita médica.
Por isso é melhor reunir tudo num único local. Dessa forma, pode verificar-se a cada momento exatamente o que está a ser tomado, e garantir de que não estão a ser prescritas receitas semelhantes para o mesmo problema de saúde e, também, saber quando se deve eliminar os medicamentos fora de prazo.
Para manter a organização e aumentar a segurança dos medicamentos, deve-se guardar todos os frascos e embalagens de comprimidos num recipiente de plástico transparente, garantindo que fica tudo junto.
Utilizar um recipiente separado para a medicação de reserva ou para os medicamentos que só são utilizados ocasionalmente.
Guardar de forma correta a medicação
Em geral, os medicamentos devem ser guardados num local fresco e seco. Isto significa que o armário da casa de banho não é um bom local para guardar a medicação, a humidade e o calor podem afetar os medicamentos.
Os medicamentos também devem ser mantidos em segurança, longe do alcance de crianças ou animais de estimação. Para medicamentos que requerem armazenamento específico, como refrigeração, deve-se seguir as instruções do médico, enfermeiro ou farmacêutico.
Criar e manter uma lista de medicamentos atualizada
Para evitar interações medicamentosas negativas, é essencial saber exatamente quais os medicamentos que o idoso está a tomar. É por isso que é tão importante ter sempre uma lista atualizada dos medicamentos, vitaminas, suplementos e medicamentos de venda livre.
Não esquecer de anotar:
- Os nomes de cada medicamento sujeito a receita médica, medicamento de venda livre, vitaminas e suplementos
- Com que frequência é tomado cada medicamento
- Que dosagem de cada medicamento é utilizada
- Quem receitou cada medicamento
- O objetivo de cada medicamento ou os sintomas que é suposto tratar
- Se cada medicamento é para uso a curto ou a longo prazo
Pré-selecionar os medicamentos para a semana
Manter a organização é essencial para uma boa gestão da medicação para os idosos. A utilização de um organizador de comprimidos permite ajudar o idoso a pré-selecionar os medicamentos para a semana.
O melhor tipo de organizador de comprimidos para o idoso é aquele que tem compartimentos suficientes para cada dose de que vai precisar ao longo do dia.
Se for necessário dividir ou partir algum comprimido, talvez seja melhor fazê-lo com antecedência e incluir essas metades nos compartimentos do organizador de comprimidos.
Desta forma, o idoso não terá dificuldades com um cortador de comprimidos ou lembrar-se de os dividir antes de os tomar.
Verificar se existem interações medicamentosas negativas
Muitos idosos tomam vários medicamentos, vitaminas, medicamentos de venda livre ou suplementos.
É por isso que é importante verificar frequentemente se nenhum deles causa interações medicamentosas negativas.
Se for necessário e para garantir de que não existem interações que possam ter passado despercebidas ao médico, enfermeiro ou farmacêutico, utilizar um verificador de interações medicamentosas online, mas sempre que possível confirmar com um profissional de saúde.
Se forem encontradas interações medicamentosas, contactar imediatamente o médico ou o farmacêutico para obter aconselhamento, não devem ser feitas quaisquer alterações por conta própria.
Certificar de que as instruções dos medicamentos são claras
Para tomar os medicamentos, é absolutamente essencial seguir as instruções do médico. Isso minimiza o risco de interações medicamentosas negativas, efeitos secundários ou redução da eficácia do medicamento.
Garantir que o idoso e os cuidadores compreendem quais os medicamentos que podem ser tomados ao mesmo tempo e quais os que devem ser espaçados para evitar efeitos secundários negativos.
Por exemplo, alguns medicamentos devem ser tomados com o estômago cheio, enquanto outros devem ser tomados com o estômago vazio.
Se houver dúvidas, não deve haver receio de pedir explicações e instruções pormenorizadas ao médico.
A sua função é garantir que os medicamentos melhoram a saúde e a única forma de isso acontecer é se forem tomados corretamente.
Criar um sistema de lembrete e controlo da medicação
Com tantos medicamentos, pode ser difícil para os idosos e para os prestadores de cuidados lembrarem-se de quando devem tomar cada dose.
Um sistema de lembretes de medicação e um registo de acompanhamento podem ajudar o idoso a saber que tomou os medicamentos corretos às horas certas.
Uma forma simples de registar quando os medicamentos foram tomados é tomar notas com papel e caneta. Pode criar-se uma tabela simples com o nome e a dose do medicamento, o dia e a hora.
À medida que o idoso toma cada dose, registar com uma marca de verificação ou um X. O preenchimento desta tabela ajuda o cuidador e o idoso a saber que não se esqueceram de tomar as doses.
Para ajudar a lembrar da hora de tomar os medicamentos, existem diferentes formas de definir lembretes. Alguns idosos podem gostar de definir uma série de alarmes no seu telemóvel. Os idosos com conhecimentos tecnológicos podem achar útil uma aplicação de gestão da medicação.
Se o idoso não tiver conhecimentos técnicos e só tomar algumas doses por dia, um despertador básico pode funcionar bem.
Algumas pessoas têm o hábito de tomar determinados medicamentos com determinadas refeições. Manter uma rotina ajuda a lembrar de quando devem tomar cada comprimido.
Compreender os efeitos secundários prováveis dos medicamentos
É importante conhecer os potenciais efeitos secundários e interações medicamentosas de cada medicamento.
Isto ajuda a perceber quaisquer alterações de saúde que possam ocorrer depois do idoso começar uma nova medicação, aumentar a dose ou combinar medicamentos de forma diferente.
Se existirem alterações ou problemas, contactar imediatamente o médico. Os efeitos secundários comuns podem aumentar o risco de queda, perturbar o estômago, causar dor ou fraqueza, provocar um sabor desagradável na boca ou outros efeitos.
Alguns efeitos secundários podem mesmo imitar outros problemas de saúde, incluindo a demência.
Ter especial atenção aos idosos com doença de Alzheimer ou demência
Se o idoso parecer confuso em relação aos medicamentos ou se tiver sido diagnosticada doença de Alzheimer ou demência, é provável que o idoso precise de ajuda com a medicação.
O seu défice cognitivo significa que um sistema de lembretes pode não ser suficientemente útil. Além disso, tomar os medicamentos incorretamente pode causar sérios danos à saúde
Planear antecipadamente as recargas de medicamentos
No caso dos medicamentos sujeitos a receita médica de longa duração, é essencial obter as recargas a tempo, para que o idoso não fique sem medicamentos e não perca as doses.
A solução mais conveniente é pedir ao médico que prescreva um fornecimento a longo prazo se possível. Verificar com o médico qual o melhor procedimento a ter nesta situação.
Para garantir que nada falha, é melhor marcar as datas de recarga no calendário para ser mais fácil lembrar sempre de pedir uma recarga e de a ir buscar antes que o idoso fique sem medicamentos.
Fatores a ter em conta na gestão da medicação dos idosos
Os idosos, em geral, usam mais medicamentos sejam de prescrição, de venda livre ou suplementos do que qualquer outro grupo etário.
Os idosos utilizam frequentemente vários medicamentos, aumentando o risco de interações medicamentosas e o potencial de efeitos secundários.
O fígado e rins podem não funcionar tão bem como anteriormente. A diminuição da função pode afetar a forma como os medicamentos funcionam, são absorvidos, decompostos e eliminados do organismo.
Os medicamentos podem permanecer no organismo durante mais tempo e causar efeitos secundários se as doses não forem corretamente ajustadas.
As alterações relacionadas com a idade, como a perda de peso, a diminuição dos fluidos corporais e o aumento do tecido adiposo, podem alterar a forma como os medicamentos são distribuídos e concentrados no organismo. O aumento da sensibilidade aos medicamentos é mais comum em idosos.
A diminuição da memória, da audição e da visão dificulta a compreensão e a memorização das instruções, especialmente no caso de tratamentos mais complicados.
Muitos idosos também enfrentam uma diminuição da força de preensão, mobilidade e lapsos de memória. Tudo isto pode afetar a capacidade de tomar a medicação conforme o que foi prescrito.
Os idosos tendem a receber receitas de diferentes profissionais de saúde, o que dificulta o acompanhamento dos medicamentos e a identificação de interações medicamentosas, doses prejudiciais e medicamentos ineficazes.
As doenças crónicas como a diabetes, a hipertensão arterial e a artrite são mais comuns nos idosos e requerem frequentemente um regime de medicação complexo.
Os idosos podem não seguir os planos de medicação devido a esquecimento, efeitos secundários, perceção de que o medicamento não está a funcionar ou encargos financeiros.
Conclusão
Quanto mais tempo vivemos, maiores são as probabilidades de necessitarmos de medicação para manter a saúde.
E com mais medicamentos, aumenta a possibilidade de interações adversas, doses esquecidas e outros problemas que podem ter consequências negativas e, por vezes, graves.
Por isso é importante ter uma gestão inteligente da medicação, ou seja, garantir proactivamente que todos os medicamentos são tomados a tempo, nas doses certas e que nenhum medicamento está a interferir ou a interagir com outro de forma inesperada e perigosa.
Quanto mais avançada a idade, maior será a probabilidade de utilizar medicamentos adicionais, o que pode aumentar a probabilidade de efeitos secundários nocivos, incluindo interações medicamentosas.
As alterações físicas habituais do envelhecimento, podem afetar a forma como os medicamentos são tratados pelo corpo, levando a potenciais complicações.
Por exemplo, o fígado e os rins podem não funcionar tão bem, o que afeta a forma como um medicamento se decompõe e é eliminado pelo organismo.
Com a idade, temos tendência a perder músculo e a ganhar gordura. Isto altera a forma como os medicamentos funcionam no corpo, por isso, os medicamentos podem ter de ser ajustados ou alterados nesta fase da vida, mesmo que tenham funcionado muito bem durante anos ou mesmo décadas.
Fazer uma gestão segura da medicação dos idosos garante que não se desenvolvem problemas de saúde mais graves e se mantém o conforto e o bem-estar.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- Direção-Geral da Saúde
- Health in Aging.org