Para muitos idosos, ir a uma consulta médica pode ser um desafio. Além de pode ser um pouco desconfortável, e até mesmo angustiante, quando algo está errado e há a perspetiva de um diagnóstico indesejado.
Para as pessoas idosas, há também uma série de questões adicionais que têm que se equacionar, contribuindo muitas vezes para a vontade de faltar a um check-up ou consulta de acompanhamento, mesmo quando isso não é claramente benéfico para a saúde.
Sempre que um idoso se recusa a ir ao médico, é importante perceber primeiro por que razão a recusa está a acontecer, lidar com as suas preocupações e saber qual a melhor forma de prestar apoio para garantir o acompanhamento necessário nas consultas médicas.
Independentemente da razão, o importante é que é essencial que os idosos controlem a sua saúde, o que requer exames médicos de rotina e uma atitude proactiva para identificar atempadamente qualquer problema.
Por todas estas razões os idosos podem precisar de ajuda para falar com os médicos.
É por isso que ter alguém que possa acompanhar ou perceba as suas razões pode melhorar a saúde geral do idoso, especialmente se precisar de ajuda para perceber os pormenores dos tratamentos ou cuidados, garantir que os seus cuidados são coordenados entre vários médicos ou abordar assuntos delicados.
Porque é importante para os idosos irem ao médico regularmente?
Uma das principais razões pelas quais os idosos evitam consultas e procedimentos de saúde é o medo. Pode-lhes parecer mais seguro e mais fácil ignorar os sintomas e esperar que eles se resolvam por si próprios.
Para outras pessoas, a preocupação pode ser financeira. Ou podem apenas querer evitar o embaraço de ser identificado um problema de peso ou revelar um estilo de vida pouco saudável.
A falta de compreensão sobre a sua situação de saúde pode também contribuir para mais problemas de saúde. O facto de o idoso não compreender claramente as informações ou instruções dos médicos pode contribuir para problemas de saúde graves.
Estes problemas podem incluir:
- Voltar ao hospital devido ao mesmo problema de saúde num curto espaço de tempo
- Problemas com a medicação devido a uma dose ou horário incorretos, interações medicamentosas negativas ou efeitos secundários prejudiciais
- Ter uma emergência médica por falta de conhecimento dos primeiros sinais de alerta de um problema de saúde
- Não saber como utilizar ou manter corretamente equipamento médico importante, como uma bomba de insulina, um pacemaker ou um cateter
Como ajudar os idosos nas consultas médicas?
Geralmente uma consulta médica dura em média 15-20 minutos, por isso é importante maximizar o tempo. O paciente deve transmitir informações essenciais e discutir quaisquer novos sintomas ou problemas.
Uma pessoa que vá para a consulta bem preparada terá geralmente uma consulta mais bem-sucedida e produtiva.
As pessoas devem trazer sempre um documento de identificação e os seus cartões de seguro de saúde para cada consulta médica. É um processo de aprendizagem também por isso não há a necessidade de saber tudo sobre o estado de saúde imediatamente.
Em primeiro lugar é importante ter o consentimento do idoso para ter apoio ou ajuda de outra pessoa nas consultas médicas, ou em alternativa, explicar cuidadosamente ao idoso como deve proceder.
Falar sempre calmamente e pedir ao médico para explicar melhor quando há dúvidas.
É fundamental que nas consultas médicas, o idoso ou os seus acompanhantes compreende tudo o que o médico diz sobre a sua saúde e sobre como gerir uma eventual doença.
Se o médico disser algo que o idoso não compreenda, falar imediatamente e pedir para explicar utilizando termos mais simples. Não sentir embaraço por causa disto, não é esperado que uma pessoa compreenda instantaneamente.
A função do médico é garantir que o idoso recebe bons cuidados. Uma parte essencial desse trabalho é garantir que é capaz de tomar decisões informadas e de seguir as suas instruções.
O acompanhante poderá perguntar e responder a perguntas adicionais, tomar notas ou assumir a liderança quando o idoso desejar.
Estratégias especificas para lidar com as consultas médicas
Além de uma preparação prévia é importante que durante a consulta tudo corra bem e a informação seja entendida claramente, no sentido de garantir o melhor cuidado ao idoso.
Estas são algumas dicas para o que fazer nas consultas:
Preparar para as consultas com antecedência
Algumas semanas antes da consulta médica, comece a perguntar ao idoso como se tem sentido e se há algo que o incomoda.
É aconselhável fazer isto quando o idoso estiver descontraído e tiver tempo para pensar e falar sobre o assunto, e não quando estiver a sentir-se pressionado no consultório médico.
Além disso, perguntar várias vezes ao longo de algumas semanas pode ajudar a recolher mais informações, uma vez que o idoso se pode lembrar de coisas diferentes ao longo do tempo.
Anotar as perguntas, preocupações, problemas ou novos sintomas para ajudar o idoso a lembrar-se de questões e pormenores importantes a discutir durante a consulta.
Criar uma lista de perguntas a fazer
Os idosos podem precisar de algum tempo para pensar nas perguntas a fazer aos seus médicos. Também é fácil que se esqueçam de fazer perguntas importantes durante as consultas.
Por isso, se possível, compilar uma lista de perguntas alguns dias antes da consulta. Isto dá tempo ao idoso para pensar em novas perguntas que se possa ter esquecido de mencionar anteriormente.
Depois, guardar a lista de perguntas num local seguro para não se esquecer de levar para o consultório médico.
Tomar notas durante a consulta
É quase impossível guardar tudo o que o médico diz na cabeça ou lembrar meses depois.
Tomar notas em cada consulta ajuda o acompanhante e o idoso a compreender por que razão foram tomadas determinadas decisões ou o que o médico disse. Ao escrever algo também ajuda a garantir que o que o médico disse foi compreendido.
Verificar se toda a gente percebe
Quando o médico explica as condições de saúde ou responde às perguntas, certificar de que o idoso e o acompanhante compreendem o que está a ser dito.
Parte do trabalho de um médico é certificar-se de que os doentes compreendem o que é dito para que possam seguir as suas instruções. As pessoas não se devem sentir constrangidas em fazer perguntas complementares até que as coisas fiquem claras.
Por exemplo, pode perguntar-se: O que é que isso significa para o idoso? Pode explicar melhor? Porque está a recomendar esta opção específica?
Porque se não se perguntar, é provável que o médico assuma que compreenderam totalmente o que ele disse.
Ter todos os relatórios e exames médicos necessários
Um ficheiro médico domiciliário atualizado é essencial para os idosos que podem consultar vários prestadores de cuidados de saúde. Verificar se o idoso foi submetido recentemente a algum exame médico que possa estar relacionado com a consulta que se aproxima.
É frequente os médicos pedirem radiografias e outros relatórios de imagiologia antes das consultas, para obterem mais informações sobre a causa dos sintomas de um idoso. Ter estes elementos prontos a partilhar com o médico pode ajudar a receber um diagnóstico mais rápido.
Compreender as opções de tratamento e os efeitos secundários
Muitos idosos têm que lidar com várias doenças crónicas. Compreender claramente as suas condições de saúde, as opções de tratamento e os efeitos secundários da medicação ajuda a que tenham uma melhor saúde em geral.
As perguntas essenciais que se devem fazer sobre os tratamentos no presente ou no futuro incluem:
- Como é que isto irá beneficiar o idoso?
- Quais são os possíveis efeitos secundários?
- Isto irá afetar a sua capacidade de funcionar de forma independente?
- Quais são as possibilidades ou consequências se optar por não o fazer?
Pedir uma revisão completa da medicação regularmente
Pedir ao médico que faça uma revisão completa da medicação pelo menos uma vez por ano. Esta revisão verifica se todos os medicamentos estão a funcionar bem em conjunto, se estão a ser tomados nas horas certas e nas combinações certas e se ainda são necessários.
A forma mais rápida, fácil e exata de uma pessoa se preparar para esta revisão é levar os frascos de todos os medicamentos que o idoso toma, quer sejam medicamentos sujeitos a receita médica, medicamentos não sujeitos a receita médica, vitaminas e suplementos.
Desta forma, o médico pode ver facilmente os nomes dos medicamentos, as dosagens exatas e como foram e por quem foram prescritos.
Falar também sobre preocupações com os custos do tratamento
Poderá ser surpreendente saber que os médicos podem efetivamente ajudar com os custos na saúde.
Por exemplo, podem fazer descontos nos honorários, dar amostras grátis de medicamentos de prescrição dispendiosa, encontrar uma opção de tratamento menos dispendiosa, mas igualmente eficaz, ou informar sobre outras alternativas que possam existir.
Mas não poderão oferecer esta ajuda se o acompanhante ou o idoso não perguntarem ou não expressarem a sua preocupação com os custos do tratamento.
Coordenação entre várias equipas médicas
Muitos idosos consultam vários médicos ou especialistas para gerir todos os seus problemas de saúde. Mas, muitas vezes estes médicos não comunicam uns com os outros. Por isso é importante acompanhar o que cada médico diz, faz e prescreve.
Esta informação pode, depois, ser partilhada com os outros médicos para garantir que todos têm uma visão global e que os tratamentos não entram em conflito uns com os outros ou causam interações medicamentosas negativas.
Como comunicar com o médico da melhor forma?
Comunicar com o médico pode parecer uma tarefa difícil, sobretudo porque muitas vezes, os médicos são encarados como detentores da sabedoria e os idosos podem sentir-se intimidados.
Estas são algumas dicas para melhorar a comunicação durante as consultas médicas:
Preparação prévia
A preparação prévia à consulta é essencial. Na preparação podem incluir-se:
- Fazer uma lista dos problemas que se pretendem discutir
- Fazer uma lista dos sintomas ou problemas do idoso, quando começaram, quando são piores, ou outros pormenores
- Fazer uma lista de todos os medicamentos, vitaminas, suplementos e medicamentos de venda livre que o idoso está a tomar
Fazer muitas perguntas e tomar notas durante a consulta
Se alguma coisa não estiver clara, pedir ao médico ou ao enfermeiro para a explicar de outra forma, escrevendo ou utilizando termos mais comuns e mais facilmente percetíveis.
Por exemplo, se o médico receitar um novo medicamento, perguntar quais são os efeitos secundários mais comuns ou se este irá interferir com outros medicamentos.
Outro exemplo é perguntar como saber se um tratamento está a funcionar ou não.
Contactar o médico sempre que houver dúvidas
Se surgir um problema ou uma dúvida, contactar imediatamente o médico e não esperar até à próxima consulta. Ser educado, mas persistente, até que todas as preocupações sejam completamente esclarecidas. Obter respostas de imediato pode evitar que pequenos problemas se tornem grandes.
Conclusão
Conforme a idade vai avançando, é comum os idosos terem várias consultas médicas agendadas todos os anos.
Para além de um médico de cuidados primários, podem ter médicos especialistas que se dedicam a problemas de saúde específicos.
Por exemplo, um idoso pode consultar periodicamente um cardiologista, urologista, reumatologista, pneumologista, oftalmologista ou otorrinolaringologista. Estes especialistas ajudam a gerir problemas de saúde comuns relacionados com a idade.
Mas, ir a uma consulta médica pode ser uma experiência difícil para os idosos que não têm um meio consistente de se deslocarem às consultas ou que não conseguiram manter o controlo da sua saúde.
Os idosos que recebem alguma assistência na preparação para as consultas médicas têm mais probabilidades de obter as informações de que necessitam nas consultas.
O idoso pode necessitar tanto de assistência física para se deslocar de e para o consultório médico, como apenas necessitar de apoio emocional durante a consulta médica.
Dedicar algum tempo a preparar a consulta do idoso e com o idoso, este poderá relaxar e garantir que tem tudo o que é preciso para uma boa experiência na consulta médica.
Ter um bom conhecimento das condições de saúde do idoso é especialmente importante porque, normalmente, está a gerir doenças crónicas graves ou problemas de saúde múltiplos.
Ir sozinho a uma consulta médica pode ser stressante para os idosos que se podem sentir intimidados. Por isso, ter um acompanhante durante uma consulta médica pode ajudar os idosos a obter melhores cuidados.
O acompanhante, pode dar apoio moral e ajudar os idosos a falar sobre questões de saúde delicadas, fazer perguntas, tomar notas e, se necessário, coordenar os cuidados de saúde se estiverem envolvidos vários médicos ou especialistas.
Como acompanhante, saber o que está a acontecer com os medicamentos e tratamentos do idoso ajuda a reduzir os erros de medicação, contribuindo assim para um maior conforto e melhorar a sua qualidade de vida.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
DailyCaring