O que fazer quando os idosos precisam de ajuda e recusam?

O que fazer quando os idosos precisam de ajuda e recusam?

O apoio aos idosos é um processo com muitos desafios, geralmente os idosos mostram muita resistência e teimosia em seguir conselhos ou obter ajuda dos outros, sobretudo nas tarefas diárias.

O envelhecimento é um processo difícil. Muitas pessoas idosas vivem com demência ou problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão ou doenças crónicas.

Mesmo quando os idosos precisam claramente de assistência nas tarefas domésticas ou pessoais e quotidianas, podem resistir a sugestões para obterem ajuda.

Poderá haver sinais de que as coisas não estão bem como a existência de comida estragada no frigorífico, descuido na higiene pessoal ou contas por pagar, por exemplo.

Estes são apenas alguns sinais alarmantes de que os idosos poderão estar a ter dificuldades em realizar as tarefas diárias sozinhos.

O desafio dos cuidadores ou dos familiares nestas situações poderá ser convencer os idosos a aceitarem ajuda, porque os próprios idosos porque são frequentemente resistentes a receber assistência dos outros.

Quando o idoso rejeita qualquer tipo de ajuda pode ser muito frustrante, especialmente quando há fortes indícios de que a situação é precária e é evidente que precisam realmente de ajuda.

Eventualmente, chegará o momento em que não haverá outra opção senão convencê-lo a aceitar ajuda e nessa altura é importante que os familiares e cuidadores estejam preparados.

Porque é que os idosos resistem à ajuda?

Envelhecer implica mudanças drásticas nos hábitos e aspetos do estilo de vida, muitos dos quais estão enraizados nas pessoas desde a juventude.

Compreender as razões pelas quais os idosos são teimosos e recusam ajuda é importante para encarar a situação com empatia e respeito. Os idosos estão numa fase da vida complexa e têm os seus próprios pensamentos, emoções, motivos e medos.

O declínio cognitivo e a possível deficiência física causada pelo envelhecimento podem ser encarados pelos idosos como uma ameaça, e quando é sugerida ajuda ou a presença de um prestador de cuidados para dar apoio, podem surgir muitas emoções desagradáveis como medo, frustração, impotência ou incompreensão.

À medida que os idosos experimentam as mudanças ligadas ao envelhecimento, podem sentir-se subitamente indesejáveis ou desvalorizados como pessoa. Desta forma é fundamental que os familiares tenham uma abordagem da situação com validação respeito e com foco na segurança dos idosos.

O que fazer para que os idosos aceitem ajuda?

É frequente as pessoas não responderem bem a insistências e chamadas de atenção sobre si próprias, quer sejam reais ou apenas mal-entendidos.

Poderá ser mais útil deixar de insistir com os idosos para fazerem determinadas tarefas como atualizar o telefone, participar numa aula de atividade física ou completar outras tarefas benéficas, mas não essenciais.

Em alternativa, será melhor determinar quais são as questões mais prementes e concentrar a atenção nelas, pelo menos numa fase inicial.

Por outro lado, algumas questões devem ter prioridade máxima, como é o caso das questões relacionadas com a segurança dos idosos. No entanto, é importante não bombardear o idoso com todas as questões ao mesmo tempo, ainda que sejam absolutamente válidas.

A primeira coisa a fazer será preparar uma conversa para abordar a necessidade de receberem ajuda. Não é aconselhável impor ajuda e forçar a situação.

Para preparar a conversa e a introdução do assunto é aconselhável encarar a situação como um processo que se desenrola por fases.

Estas são alguns dos passos que se podem fazer:

Preparação da conversa

Preparar a forma como se vai abordar a necessidade de alterações ao estilo de vida e dia a dia do idoso, é o primeiro passo.

A conversa torna-se mais fácil se se criar a oportunidade para pensar antecipadamente sobre como responder às perguntas e aos tópicos que os idosos provavelmente irão abordar e questionar.

Por outro lado, a pesquisa de potenciais soluções com antecedência permite partilhar o que se descobriu sobre as opções disponíveis. Este procedimento ajuda a reduzir a incerteza, o medo e o stress de todos os envolvidos.

Em alguns casos, pode ser útil falar com o médico para obter opiniões e recomendações complementares. Por vezes, o facto de um médico recomendar a prestação de cuidados pode ser influência suficiente para encorajar os idosos a ouvirem e a estarem mais abertos à ideia.

Para ter a conversa propriamente dita, escolher um local calmo e sem distrações para que os idosos se sintam calmos e se possam concentrar no assunto em questão. Idealmente, a conversa deve ser feita presencialmente, numa altura sem incidentes e não durante uma data significativa ou emotiva.

O principal objetivo da conversa inicial é apresentar a ideia de obter ajuda. A maioria das pessoas precisa de tempo para processar os seus pensamentos e sentimentos, pelo que é útil estabelecer a expetativa de que as decisões não têm de ser tomadas de imediato.

Saber também ouvir e focar nos benefícios

Precisar de ajuda é um assunto delicado porque os idosos sentem muitas vezes que a sua independência está a ser retirada. Quando se conversa sobre a necessidade de ajuda com os idosos, tentar ouvir as suas preocupações e receios e ter em conta a sua autoestima, autonomia e emoções.

Tentar mudar a perspetiva dos idosos em relação à obtenção de ajuda e eventualmente ter apoio em casa, salientando as vantagens. Indicar como a forma como a ajuda nas tarefas básicas do dia a dia pode dar mais tempo e energia para passarem mais tempo com a família e amigos ou com passatempos e interesses pessoais.

Destacar também o facto de que aceitar assistência em casa ajuda a manter a independência. Receber apoio domiciliário também permite continuar a viver o estilo de vida habitual, mas sem os desafios diários que o envelhecimento tem.

Ouvir os receios e as razões pelas quais o idoso não quer receber a ajuda ou os cuidados ao domicílio, é fundamental, em vez de rejeitar imediatamente as objeções, deixar o idoso expressar os seus sentimentos e preocupações.

É mais provável que o idoso colabore se for ouvido e se souber que a sua opinião é importante. Compreender as suas preocupações também o ajuda a lidar com esses receios.

Usar de paciência e otimismo

Idealmente, os idosos aceitariam a ajuda sem resistência ou discussões. Mas, a realidade não é assim tão simples. Uma mudança tão significativa na vida de uma pessoa não vai acontecer de um dia para o outro.

Enquanto os idosos levam algum tempo a aceitar a necessidade destas mudanças, é importante manter a paciência e o pensamento positivo. Continuar a discutir as possíveis opções e ouvir atentamente o que têm a dizer, compreendendo as suas preocupações ajudando a encontrar soluções que sejam mais adequadas.

Manter a paciência pode ser difícil, mas necessário para um bom resultado. Evitar argumentos que possam levar a uma maior resistência, ou interromper, levantar a voz, recusar a ver a perspetiva dos idosos, são alguns exemplos do que não se deve fazer.

Avaliar a situação

Antes de apresentar sugestões, reservar um tempo para observar como os idosos estão. O que ainda são capazes de fazer e quais os problemas que têm.

Conhecer os pontos fortes e fracos e quais estão ligados à identidade de cada idoso pode ajudar a descobrir o que realmente precisam em termos de ajuda e como melhor prestar a assistência que necessitam concretamente.

Recolher e verificar os fatos sobre a situação, verificando sinais específicos que o idoso precisa de ajuda ou não vive de forma segura.

Poderá parecer que se percebe e sabe o que está a acontecer na vida do idoso, mas, na maior parte das vezes, as suposições iniciais podem estar erradas ou incompletas.

É por isso que é importante, antes de fazer qualquer outra coisa, tentar recolher informações que irão ajudar ou não a confirmar que preocupações são justificadas.

Alguns dos sinais a ter em atenção são:

  • Sinais de problemas com memória e pensamento
  • Indícios de problemas com tarefas de vida quotidiana e segurança
  • O que outros membros da família se apercebem sobre a situação do idoso
  • Quaisquer outros sinais alarmantes que indicam que é urgente intervir
  • Ajudar outras pessoas a verificar se há sinais preocupantes

Fazer um esforço sistemático para reunir todas as informações ajudará a família a ter uma imagem mais clara dos problemas e preocupações.

Médicos e especialistas de saúde como enfermeiros ou fisioterapeutas também irão precisar de detalhes sobre o que está a acontecer na vida do idoso, seja para fazer um diagnóstico ou apenas perceber que tipo de apoio e medidas de segurança serão necessárias.

Obter a perspetiva dos idosos

Para que se possa entender como os idosos veem a situação e o que é importante para eles, é importante, antes de fazer mais tentativas para os levar a fazer alterações.

As famílias costumam conversar com uma pessoa idosa em declínio com a intenção de a fazer entender ou aceitar que surgiram problemas e que certas medidas devem ser tomadas para as manter seguras e bem.Embora seja uma boa intenção e compreensível, tende a ser contraproducente e muitas vezes leva a frustração e ao conflito.

Desta forma, é necessário adotar uma abordagem diferente para estas conversas. Tendo a intenção de ouvir e ajudar os idosos a se sentirem ouvidos.

Ao mesmo tempo, deve evitar-se discutir, corrigir ou tentar convencer à força ou a qualquer preço. Quando os idosos se sentem compreendidos, mais fácil será aplicar uma mudança que pode ser muito benéfica para eles.

Proceder desta forma, pode ajudar a suavizar a resistência e a melhorar as chances de sucesso prático. Outro benefício que surge desta atitude é o ganho de capital de relacionamento, ou seja, em que pode melhorar o relacionamento entre o idoso e a família.

Obter uma avaliação médica

Obter esta avaliação será necessário caso as questões de segurança ou de bem-estar do idoso estão a ser causados ​​ou agravados por um problema de saúde.

Saber o que pode estar a causar os sintomas observados, os medicamentos podem ser um problema, ou existem problemas de memória ou de cognição evidentes, entre outros.

O médico pode procurar causas subjacentes ao comprometimento cognitivo que o idoso apresenta. Ao fazer a avaliação pode ajudar-se a suavizar a resistência do idoso e melhorar as chances de sucesso em possíveis tratamentos e assistência.

A abordagem ideal também envolve tomar medidas para lidar com preocupações imediatas de segurança e ajudar os idosos com as tarefas da vida diária com as quais se deparam.

Procurar a ajuda de profissionais de apoio domiciliário pode ser muito útil para avaliar as necessidades cuidados e encontrar um plano mais adequado para cada idoso.

Estes profissionais também dar apoio com preocupações comuns de segurança do idoso, dificuldades de condução ou problemas para gerenciar as finanças ou medicamentos.

Por último, mas não menos importante, a aplicação de certas mudanças no estilo de vida pode ajudar um idoso a manter a melhor saúde física possível e também pode diminuir o declínio cognitivo.

Dar um tempo

Começar devagar e com calma e dar tempo para que o idoso se habitue à ideia. Poderá precisar de tempo para se adaptar à ideia de ter alguém em casa ou ajuda externa.

Para facilitar a transição, começar o processo devagar. No início, o cuidador poderá auxiliar apenas algumas horas por semana e concentrar-se em tarefas menos pessoais, por exemplo.

Depois, aos poucos acrescentar mais tempo e tarefas adicionais à medida que o idoso se sentir mais confortável com a ideia e com a pessoa.

Conclusão

A maioria dos idosos prefere não receber ajuda dos familiares ou de outras pessoas. Podem encarar a situação como uma interferência na sua vida, ameaça à autonomia ou uma invasão de privacidade.

Alguns idosos podem mesmo recusar-se a aceitar que estão a ter dificuldades, mesmo quando se deparam com situações graves e preocupantes, sobretudo se estiverem relacionadas com questões de saúde, segurança e bem-estar.

Por outro lado, esta situação pode ser complexa e difícil de lidar, porque tende a suscitar emoções difíceis tanto para os idosos como para os seus familiares.

Perceber que a autonomia é importante também pode ser benéfico. identificar as causas profundas do comportamento dos idosos pode também ajudar a identificar a melhor forma de fazer mudanças e integrar a ajuda no dia a dia.

Embora se possa ter as melhores intenções, são os próprios idosos que controlam a sua própria existência, bem como as suas opções de cuidados e têm o direito de tomar decisões sobre a sua própria vida.

É essencial ouvir as necessidades dos idosos, e a autonomia para tomar decisões deve ser respeitada.

Ter conversas abertas, e estabelecer um meio-termo onde todos se sintam à vontade, assegurando ao mesmo tempo que a pessoa idosa no centro da conversa compreenda que existe cuidado e preocupação por parte dos outros.

Dar atenção às necessidades dos idosos e procurar os conselhos dos profissionais de saúde, pode tornar as coisas menos stressante para todos os idosos que se recusam a receber ajuda.

Juntos Cuidamos Melhor!

Referências:

Better Health While Aging