11 causas comuns de anemia em idosos

11 causas comuns de anemia em idosos

A anemia é um problema de saúde comum nos idosos e a sua prevalência aumenta com a idade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) consideram-se os valores da hemoglobina inferior a 12 g por decilitro de sangue nas mulheres e inferior a 13 g por decilitro nos homens, como valores indicativos de anemia.

Para Portugal e de acordo com a OMS, a anemia afetaria cerca de 15% da população, mas o estudo realizado pela Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia, sugere que o valor é superior, chegando a atingir cerca de 20% da população portuguesa.

Assim, na população adulta portuguesa, uma em cada cinco pessoas tem alguma forma de anemia, constituindo um problema de saúde pública, sendo a causa mais comum a deficiência de ferro.

O aumento da incidência de anemia à medida que as pessoas envelhecem levou a pensar-se que os níveis mais baixos de hemoglobina podem ser uma consequência normal do envelhecimento.

No entanto, estudos mais recentes parecem sugerir que a presença de anemia pode ser um sinal de doença nos idosos.

Porque muitos idosos apresentam níveis normais de hemoglobina e na maioria dos doentes idosos é encontrada uma causa subjacente de anemia para níveis mais baixos de hemoglobina.

A anemia resulta da existência de glóbulos vermelhos inferior ao normal no sangue ou deficiência na formação desses glóbulos.

Cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos que vivem de forma independente têm anemia, tornando-se ainda mais comum à medida que as pessoas envelhecem.

Mas muitas das vezes é um problema de saúde silencioso porque os sintomas podem ser confundidos com outras doenças ou simplesmente com cansaço, o que resulta muitas vezes em não ser levado a sério e tratado atempadamente.

No entanto, a anemia está associada a um conjunto de condições de saúde subjacentes, e pode apresentar-se como uma emergência com risco de vida ou até um problema crónico ligeiro que pode ser facilmente gerido pelo médico assistente.

Uma anemia mal compreendida também pode levar a preocupações desnecessárias, ou talvez mesmo a tratamentos inadequados com suplementos de ferro.

Assim, compreender a anemia e as suas causas é importante para evitar tratamentos com suplementos de ferro que podem não ser necessários e poder atuar e tratar de forma mais adequada, preservando assim a saúde do idoso.

O que é e como detetar a anemia?

A anemia está associada a uma contagem inferior à normal de glóbulos vermelhos que circulam no sangue.

Os glóbulos vermelhos são geralmente contados através de um teste de sangue. Com este teste é feita, então, a contagem dos glóbulos vermelhos, que inclui também outras contagens por microlitro de sangue:

  • A contagem de glóbulos brancos ou leucócitos
  • Contagem de hemácias ou eritrócitos, as células que transportam o oxigénio no sangue
  • Hemoglobina e quantas gramas desta proteína transportadora de oxigénio estão presentes por decilitro de sangue
  • A fração de sangue ou percentagem que é constituída por glóbulos vermelhos
  • O tamanho médio das hemácias
  • Contagem de plaquetas, células mais pequenas envolvidas na coagulação do sangue

Por convenção, para detetar anemia são tidos em conta os níveis de hemoglobina e da percentagem de glóbulos vermelhos no sangue, e não a contagem direta de glóbulos vermelhos.

Embora existam níveis standard para homens e mulheres, contudo, laboratórios diferentes podem definir a gama normal de forma ligeiramente diferente.

Um nível baixo de hemoglobina, ou seja, abaixo do normal, pode ser utilizado para detetar anemia.  Os médicos confirmam frequentemente o baixo nível de hemoglobina repetindo o teste da contagem dos glóbulos vermelhos.

Se for detetada anemia, normalmente poderá haver revisão da medição do volume médio para ver se as hemácias são mais pequenas ou maiores do que o normal.

Este procedimento é feito porque o tamanho dos glóbulos vermelhos pode ajudar a apontar para a causa subjacente da anemia.

Neste sentido a anemia geralmente apresenta glóbulos vermelhos mais pequenos do que o normal ou hemácias maiores do que o normal.

Sintomas de anemia

Os glóbulos vermelhos do sangue utilizam hemoglobina para transportar oxigénio dos pulmões para todas as células do corpo.

Assim, quando uma pessoa não tem glóbulos vermelhos suficientes que funcionem corretamente, o corpo começa a apresentar alguns sintomas relacionados com o facto de não existir oxigénio suficiente.

Os sintomas mais comuns de anemia são:

  • Fadiga
  • Fraqueza
  • Falta de ar
  • Frequência cardíaca alta
  • Dores de cabeça
  • Palidez, que se pode verificar na parte interna inferior dos olhos
  • Pressão arterial mais baixa, especialmente se a anemia for causada por hemorragia

Contudo, é também muito comum que as pessoas tenham uma anemia ligeira, o que geralmente significa um nível de hemoglobina que não está muito abaixo do normal. Neste caso, os sintomas podem ser pouco percetíveis ou inexistentes.

Isto acontece porque a gravidade dos sintomas depende de fatores como quanto abaixo do normal está o nível de hemoglobina e com que rapidez é que a hemoglobina caiu para esse nível.

Este segundo aspeto é muito importante para ter em atenção. O corpo humano adapta-se de alguma forma a níveis de hemoglobina mais baixos, mas durante um período de tempo mais longo como semanas ou meses, para se fazer a adaptação.

Isto significa que se a hemoglobina de alguém cair para um nível considerado moderado de anemia, é provável que a pessoa se sinta bastante enfraquecida se esta queda acontecer durante dois dias, mas muito menos se se desenvolver lentamente durante dois meses.

Mas quão baixa tem de ser a hemoglobina para que a anemia seja grave, vai depender fundamentalmente da história médica anterior da pessoa e da rapidez com que a hemoglobina caiu.

Mas geralmente, uma hemoglobina muito baixa por volta do 6g por decilitro de sangue, é muitas vezes considerada como uma anemia grave.

Em geral, uma hemoglobina inferior a este valor é considerada como uma situação ameaçadora de vida.

Mas, quanto tempo o corpo pode tolerar uma hemoglobina baixa depende de muitos fatores, incluindo se a hemoglobina continua a cair rapidamente, devido a uma hemorragia interna, por exemplo, ou se está a descer lentamente.

11 causas mais comuns de anemia em idosos

Sempre que é detetada uma anemia, é essencial descobrir o que está a causar a contagem baixa de glóbulos vermelhos.

Em comparação com outras células do corpo, os glóbulos vermelhos normais têm uma duração de vida curta, com cerca de 100 a 120 dias. Assim, um corpo saudável deve estar sempre a produzir glóbulos vermelhos.

Este processo ocorre na medula óssea e leva cerca de sete dias, depois os novos glóbulos trabalham no sangue durante 3 a 4 meses. Quando os glóbulos vermelhos morrem, o corpo recupera o ferro e reutiliza-o para criar novos glóbulos vermelhos

A anemia acontece quando algo corre mal com estes processos normais. Em crianças e jovens, existe normalmente uma causa direta para a anemia. Mas nos idosos, é bastante comum que existam várias causas coexistentes para o aparecimento da anemia.

Assim, podem existir diferentes causas que estão relacionadas, sobretudo com dois processos; a produção de glóbulos vermelhos ou a perda de glóbulos vermelhos, estas são as mais comuns:

Problemas com a produção de glóbulos vermelhos

Estes incluem problemas relacionados com a medula óssea, onde os glóbulos vermelhos são produzidos, e também deficiências em vitaminas e outras substâncias utilizadas para produzir glóbulos vermelhos.

As causas específicas comuns incluem:

Quimioterapia

Ou outros medicamentos que afetam as células responsáveis pela produção de glóbulos vermelhos.

Deficiência de ferro

Isto acontece frequentemente por causa de uma situação de perda de sangue crónica, como períodos pesados em mulheres ou uma úlcera que sangra lentamente no estômago, no intestino delgado ou mesmo uma hemorragia crónica no cólon.

Falta de vitaminas necessárias

Deficiência de acido fólico e de vitamina B12 no organismo, devida tanto à má-absorção destas vitaminas como a uma dieta pobre e deficiente. A vitamina B12 e o acido fólico são ambos essenciais para a formação dos glóbulos vermelhos.

Baixos níveis de eritropoietina

É uma hormona produzida pelos rins. É produzida e circula no sangue em resposta a baixos níveis de oxigênio, sendo transportada até a medula óssea, onde estimula as células a formarem hemácias, que contêm hemoglobina, a proteína que transporta oxigênio pelo corpo.

As pessoas com doença renal têm frequentemente baixos níveis desta hormona, o que pode causar uma anemia.

Inflamação crónica

Muitas doenças crónicas estão associadas a um nível baixo ou moderado de inflamação crónica.

Os cancros e as infeções crónicas também podem causar inflamação. A inflamação parece interferir com a produção de glóbulos vermelhos, este processo é conhecido como anemia de doença crónica.

Doenças da medula óssea

Qualquer perturbação que afete a medula óssea ou os glóbulos vermelhos pode interferir com a produção de glóbulos vermelhos e, por conseguinte, causar anemia.

Problemas de perda de glóbulos vermelhos

A perda de sangue causa anemia porque os glóbulos vermelhos estão a sair da corrente sanguínea.

Este processo pode acontecer de forma rápida e óbvia, mas também pode acontecer de forma lenta e subtil. Hemorragias lentas podem agravar a anemia, causando uma deficiência de ferro, que podem ser mais ou menos grave.

Alguns exemplos de como as pessoas perdem sangue incluem:

Lesões e traumas

Este tipo de agressão ao corpo, pode causar hemorragias visivelmente óbvias, mas também, por vezes, leva as pessoas a sangrar dentro do corpo, o que pode ser mais difícil de detetar.

Hemorragia crónica no estômago, intestino delgado ou intestino grosso

Isto pode ser devido a muitas razões, algumas mais comuns incluem:

  • Tomar uma aspirina diária ou um medicamento anti-inflamatório não esteroide
  • Doença da úlcera péptica
  • Cancro no estômago ou no intestino

Recolha de sangue frequente

Isto é principalmente um problema para as pessoas que são hospitalizadas e que são submetidas diariamente a colheitas de sangue.

Hemorragia menstrual

Isto é normalmente um problema para as mulheres mais jovens, mas ocasionalmente também afeta as mulheres mais velhas.

Anemia hemolítica

Há também uma outra categoria de anemias que são mais raras e estão relacionadas com a destruição dos glóbulos vermelhos antes de viverem o seu tempo de vida habitual.

Em geral as anemias podem então estar associadas a deficiência de ferro, vitamina B12, doença renal crónica ou a doença crónica e para algumas anemias não há uma causa que se possa explicar ou encontrar.

A anemia e a deficiência de ferro

Um diagnóstico muito comum em idosos é a anemia por deficiência de ferro. Nestes casos, os médicos geralmente verificam o nível de ferritina ou confirmam que o nível de ferro no sangue está abaixo dos níveis normais.

Em algumas situações, os médicos podem receitar suplementos de ferro mesmo quando os níveis de ferro no sangue não estão baixos, por este facto é sempre importante fazer análises ao sangue para se comprovar se o nível de ferro está baixo ou não.

Contudo, embora a deficiência de ferro seja comum, é importante que os médicos confirmem que esta é a causa, antes de passarem ao tratamento com suplementos de ferro.

Os médicos devem também avaliar outras causas de anemia, uma vez que é muito comum que os idosos apresentem simultaneamente múltiplas causas de anemia, como por exemplo, deficiência de ferro e deficiência de vitamina B12.

Se uma deficiência de ferro for confirmada, é importante que os médicos verifiquem também quaisquer causas de perda de sangue lenta.

É muito comum os idosos desenvolverem hemorragias microscópicas no estômago ou no cólon, especialmente se tomarem uma aspirina diária ou um medicamento anti-inflamatório não esteroide, como o ibuprofeno.

Por esta razão, os idosos devem tomar este tipo de medicamentos com cautela.

Outro fator a ter em conta é o facto de alguns suplementos de ferro serem muitas vezes a causa de casos de obstipação entre os idosos.

Portanto, só devem ser tomados se uma anemia por deficiência de ferro tiver sido confirmada, e se quaisquer causas de perda de sangue contínua, que causa a perda de ferro, foram detetadas.

Conclusão

A anemia não deve ser encarada como uma consequência inevitável do envelhecimento. Pelo menos uma causa é encontrada em aproximadamente 80 por cento dos doentes idosos.

As causas mais comuns de anemia nos idosos são a doença crónica e a deficiência de ferro.

Deficiência de vitamina B12, deficiência de acido fólico, hemorragia gastrointestinal e cancro são outras das causas mais comuns para o aparecimento de anemia na terceira idade.

Análises ao sangue para testar entre outras a ferritina sérica é um teste útil para diferenciar a anemia por deficiência de ferro da anemia de doença crónica.

Nem todos os casos de deficiência de vitamina B12 podem ser identificados por baixos níveis de ferritina.

A deficiência de vitamina B12 pode ser tratada eficazmente com um suplemento oral de vitamina B12. A deficiência de ácido fólico pode ser tratada com 1 mg de ácido fólico tomado diariamente.

Embora a elevada prevalência de anemia nos idosos seja uma condição que se pode esperar encontrar frequentemente, várias características desta doença tornam-na fácil de ignorar.

O aparecimento de sintomas e sinais é geralmente pouco visível, e muitas pessoas idosas ajustam as suas atividades à medida que o seu corpo faz adaptações fisiológicas para a doença.

Os sintomas típicos da anemia, tais como fadiga, fraqueza e falta de ar, não são específicos a uma só doença e nos idosos tendem a ser atribuídos ao avanço da idade.

A palidez pode ser uma pista de diagnóstico útil, mas a palidez pode ser difícil de detetar nas pessoas idosas. A palidez no interior dos olhos é um sinal fiável e a sua presença deve levar o médico a pedir análises ao sangue para detetar a anemia.

Para além da palidez, poucos outros sinais são atribuíveis especificamente à anemia. Frequentemente, os doentes têm sinais de uma perturbação que é agravada pela anemia, como o agravamento da insuficiência cardíaca congestiva, deficiência cognitiva, tonturas e apatia.

A menos que o médico considere a anemia como uma possibilidade no idoso, esta pode ser facilmente negligenciada.

Por causa disto, é importante que os idosos mantenham uma vigilância médica constante, como análises clínicas frequentes, para que, caso exista anemia, esta possa ser detetada precocemente e tratada adequadamente para garantir, o mais possível, o conforto e bem-estar do idoso.

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Referências:

  • Associação Portuguesa para o Estudo da Anemia
  • Organização Mundial de Saúde
  • Better health while aging