fbpx

Estratégias para ultrapassar os desafios da prestação de cuidados

Estratégias para ultrapassar os desafios da prestação de cuidados

Os prestadores de cuidados desempenham um papel essencial na prestação de apoio e assistência aos idosos.

No entanto, este importante trabalho vem muitas vezes acompanhado de uma série de desafios que podem afetar o bem-estar mental, emocional e físico do prestador de cuidados.

A prestação de cuidados a pessoas idosas apresenta um conjunto único de desafios que podem afetar a qualidade de vida e o bem-estar geral quer dos cuidadores quer dos idosos.

À medida que as pessoas envelhecem, deparam-se frequentemente com dificuldades físicas, emocionais e sociais que requerem atenção especializada e cuidados ajustados.

Por isso, compreender esses desafios é crucial para que os prestadores de cuidados, as famílias e os profissionais de saúde possam oferecer um apoio efetivo e melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos idosos.

Ao enfrentar estes desafios, os cuidadores podem encontrar formas mais adequadas para continuar a prestar os melhores cuidados domiciliários possíveis e ao mesmo tempo, manter a sua própria saúde e bem-estar.

Estratégias para ultrapassar os desafios da prestação de cuidados

No trabalho que os cuidadores desenvolvem para apoiar os idosos, os desafios são muito variados.

Nem todos os desafios são comuns a todos por isso é importante que os cuidadores verifiquem as suas próprias condições e procurem formas mais individuais para ultrapassarem os desafios que encontram.

Estes são alguns dos problemas comuns dos cuidadores e também algumas soluções práticas para ajudar a ultrapassar os obstáculos:

Gestão do tempo

 Muitas vezes os cuidadores têm dificuldade para encontrar o equilíbrio entre a prestação de cuidados e a vida pessoal.

Além disso, têm também muitas vezes dificuldade em gerir o seu tempo de forma eficaz, uma vez que podem ter que conciliar os deveres de prestação de cuidados com responsabilidades pessoais, outro trabalho e compromissos sociais.

Esta situação pode levar a um sentimento de sobrecarga e a uma diminuição da qualidade dos cuidados prestados.

Assim, utilizar ferramentas de apoio para gestão do tempo, como calendários, blocos de notas, alertas no telemóvel, apps de gestão do tempo, estabelecer um plano diário, semanal ou mensal das tarefas e fazer pausas breves ou longas, são essenciais para ultrapassar este obstáculo.

Outras estratégias para melhorar a gestão do tempo:

Manter um diário

Registar o tempo despendido em tarefas de prestação de cuidados e outras atividades durante uma semana. Isto ajuda a identificar padrões e a utilizar melhor o tempo.

Criar um horário

Planear a semana com base no diário, atribuindo tempo às tarefas de prestação de cuidados, aos compromissos pessoais e aos cuidados pessoais.

Estabelecer prioridades para as tarefas

Concentrar nas tarefas mais importantes e estar disposto a delegar ou adiar as menos críticas.

Utilizar a tecnologia

Utilizar ferramentas como calendários online e aplicações de gestão de tarefas para manter a organização e gerir o tempo de forma eficaz.

Boa higiene do sono

Muitos prestadores de cuidados sentem dificuldade para dormir, ou na gestão dos períodos de sono. Mesmo quando têm a oportunidade de descansar, o stress e as preocupações constantes da prestação de cuidados podem dificultar o adormecimento.

E se for preciso acordar durante a noite para ajudar o idoso, o problema agrava-se. Mas, o sono é essencial para a saúde e o bem-estar de toda a gente e os cuidadores não são exceção.

Existe uma técnica para ajudar a adormecer que foi desenvolvida para ajudar os soldados a adormecer rapidamente em condições difíceis ou desconfortáveis, como num campo de batalha.

Esta técnica é gratuita, não requer qualquer formação ou equipamento, não contém sedativos e pode ser feita por qualquer pessoa em qualquer altura.

A técnica pode funcionar para a maior parte das pessoas, mas deverá ser experimentada por pelo menos por 6 semanas. Esse período de tempo é importante porque este método pode não funcionar imediatamente.

Por outro lado, algumas das visualizações podem funcionar melhor para umas pessoas e não para outras, por isso é uma boa ideia explorar e experimentar para ver o que funciona melhor para cada pessoa.

Para melhores resultados é importante fazer o exercício sem desistir, mesmo que não haja resultados imediatos, ou que haja altos e baixos nos resultados por pelo menos durante 6 semanas completas. O exercício envolve principalmente relaxamento muscular, respiração e visualização.

Como utilizar a técnica:

  • Sentar na beira da cama. Garantir que não há distrações ou interrupções e que o telemóvel está silenciado e que o despertador está programado para de manhã.
  • Relaxar os músculos faciais. Primeiro, enrijecer, contraindo o rosto. Depois, lentamente, deixar que o rosto se solte naturalmente. Deixar a língua relaxar naturalmente.
  • De seguida, deixar que a gravidade puxe os ombros para o chão. Depois, deixar os braços balançarem, um lado de cada vez.
  • Enquanto se faz isto, inspirar e expirar, ouvindo o som da respiração. A cada respiração, deixar o peito relaxar mais e a gravidade relaxar as coxas e a parte inferior das pernas.
  • Quando o corpo estiver solto e relaxado, tentar limpar a mente durante 10 segundos. Se surgirem pensamentos, deixar passar, concentrar em manter o corpo solto e mole.
  • Em seguida, imaginar um destes dois cenários: 1) deitado numa canoa num lago calmo, com o céu azul e limpo, ou 2) deitado numa rede macia, balançando suavemente numa sala escura.
  • Se o cuidador preferir não utilizar a visualização, pode entoar a frase mentalmente ou verbalmente: “Não penses, não penses, não penses” durante 10 segundos.
  • A execução destes passos deve demorar cerca de 2 minutos. Depois disto deitar.

Gerir melhor o stress

O stress faz parte integrante da prestação de cuidados e não é possível eliminar completamente o stress do cuidador, mas há muitas formas de fazer uma pausa e reduzir os efeitos negativos no corpo e mente.

Os prestadores de cuidados sofrem frequentemente de níveis elevados de stress devido às exigências e desafios do seu papel. Isto pode manifestar-se através de sintomas físicos e emocionais, como fadiga, dores de cabeça, irritabilidade e ansiedade.

Todos nós tentamos reduzir o stress, mas, muitas vezes, podemos estar a multiplicar os seus efeitos sem sequer nos apercebermos.

O stress e as preocupações da vida são quase uma constante. Pensamos nelas durante algum tempo e nada acontece. Se pensarmos mais um pouco, começa a preocupar. E pensar nelas durante todo o dia, podemos ficar paralisados, incapazes de fazer qualquer coisa.

É por isso que é tão importante fazer o melhor para deixar de lado as coisas que estão a stressar e sempre que possível, deixar de lado essas preocupações. Não as carregar durante todo o dia, toda a noite e durante as pausas.

No entanto, uma coisa é dizer que se deve deixar o stress de lado e não pensar nas coisas. Outra coisa é pôr isso em prática, especialmente quando a prestação de cuidados se prolonga durante anos e as preocupações estão mesmo à frente.

Estas são algumas estratégias para gerir melhor o stress:

Ter expectativas realistas

É impossível eliminar todo o stress, mas pode-se minimizar o efeito que ele tem sobre nós. 

Não deixe que o facto de sentir stress cause ainda mais stress.

Os cuidadores são seres humanos e não são super-heróis. Ter expetativas realistas sobre o trabalho que se pode fazer mediante as circunstâncias e os recursos que se tem, é essencial para gerir melhor o stress.

Desenvolver estratégias para lidar com o stress

Aprender e praticar técnicas de gestão do stress, como a respiração profunda, a meditação e o relaxamento muscular progressivo.

Procurar apoio

Contactar com outras pessoas em situações semelhantes através de grupos de apoio aos prestadores de cuidados ou de aconselhamento, e considerar a possibilidade de procurar ajuda profissional se o stress se tornar incontrolável.

Fazer pequenas pausas

Qualquer momento em que se possa deixar de lado a carga de stress ajuda, mesmo que seja apenas por 5 minutos. Se isso significar tirar 2 minutos extra na casa de banho para visualizar numa bela praia ou para fazer uma respiração profunda, então o cuidador deve fazê-lo.

Outras formas de fazer micro pausas que podem funcionar:

  • Aproveitar para dedicar alguns momentos de gratidão ao dia
  • Relaxar 2 minutos com uma aplicação móvel útil e gratuita
  • Verificar estas estratégias de pausas rápidas para usar em qualquer altura

Autocuidado

Dar prioridade à própria saúde física e mental com atividades que promovam o bem-estar, como o exercício físico, uma alimentação saudável e um sono adequado.

Outras estratégias de autocuidado:

  • Explorar uma variedade de formas de obter ajuda
  • Contratar algumas horas de ajuda em casa por semana
  • Recorrer a organizações locais e a recursos de voluntariado
  • Utilizar serviços de cuidados temporários

Falta de privacidade

Os prestadores de cuidados têm muitas vezes dificuldade em manter um sentido de privacidade, uma vez que passam uma quantidade significativa de tempo na proximidade dos idosos. Isto pode levar a sentimentos de solidão, depressão e falta de espaço pessoal.

 Estratégias para estes desafios:

Estabelecer limites

Comunicar a necessidade de privacidade e espaço pessoal à pessoa de quem se cuida e estabelecer limites claros, como manter as portas do quarto fechadas durante o tempo que passam sozinhos.

Procurar apoio

Participar em grupos de apoio a prestadores de cuidados, tanto online como offline, para contactar com outras pessoas em situações semelhantes e partilhar experiências, conselhos e encorajamento.

Reservar tempo pessoal

Reservar tempo na agenda para passatempos, atividades sociais e cuidados pessoais para ajudar a manter um sentido de equilíbrio e identidade pessoal.

 Pressão sobre as relações sociais

A prestação de cuidados pode afetar as relações com amigos, familiares e parceiros, uma vez que o tempo e a energia do prestador de cuidados estão frequentemente concentrados nos seus clientes, mas o cuidador deve fazer um esforço para cultivar as ligações com os outros.

Estratégias:

Comunicar abertamente

Usar de honestidade com os amigos e familiares sobre as responsabilidades de prestador de cuidados e o impacto que estas têm na disponibilidade para atividades sociais.

Pedir ajuda

Contactar a rede pessoal de apoio para obter ajuda nas tarefas de prestação de cuidados ou noutras tarefas, o que pode ajudar a abrir mais tempo que permitirá manter ligações com outras pessoas.

Reservar algum tempo para atividades sociais

Planear saídas regulares ou encontros com amigos e familiares para manter as ligações sociais e cultivar ou fortalecer as relações pessoais.

Gestão dos conflitos sobre os cuidados

Saber gerir os desacordos relacionados com a prestação de cuidados é extremamente importante para minimizar o stress e fortalecer a relação entre cuidador e idoso.

Podem surgir desacordos e conflitos sobre os deveres, decisões e expectativas da prestação de cuidados entre os membros da família ou entre o prestador de cuidados e a pessoa que recebe os cuidados.

Estratégias para gerir melhor os conflitos:

Realizar reuniões regulares

Marcar reuniões mensais com todas as partes envolvidas na prestação de cuidados para discutir planos de cuidados, responsabilidades e quaisquer preocupações ou conflitos.

Manter a comunicação aberta

Incentivar a comunicação honesta e transparente entre todos os envolvidos no processo de prestação de cuidados.

Procurar mediação

Se os conflitos persistirem, considerar procurar a ajuda de um mediador ou conselheiro profissional para facilitar a resolução.

Conflitos com a pessoa cuidada

Podem surgir tensões e conflitos entre o prestador de cuidados e a pessoa que recebe os cuidados, devido a necessidades, expectativas ou estilos de comunicação diferentes.

Estratégias para melhorar a relação com a pessoas cuidada:

Praticar a empatia

Tentar compreender a perspetiva da pessoa que é cuidada e abordar os conflitos com paciência e empatia.

Estabelecer um plano de resolução de conflitos

Chegar a acordo sobre um processo para abordar e resolver conflitos de forma calma e respeitosa.

Procurar ajuda profissional

Se os conflitos continuarem a ter um impacto negativo na relação de prestação de cuidados, considerar a possibilidade de procurar o apoio de um conselheiro ou terapeuta profissional.

Desafios específicos da saúde mental e emocional dos cuidadores

Além dos desafios relacionados com as tarefas da prestação de cuidados, também os cuidadores encontram desafios relacionados com a sua vida mental e emocional.

Estes são alguns desses desafios:

Isolamento

Os prestadores de cuidados podem ter sentimentos de isolamento e solidão devido às exigências do seu papel e à falta de interação social, por isso devem tentar combater a solidão e a desconexão.

Estratégias para combater o isolamento:

Manter as ligações

Fazer um esforço para manter o contacto com amigos e familiares através de telefonemas, mensagens de texto ou redes sociais.

Participar em grupos de apoio

Participar em grupos de apoio a prestadores de cuidados, tanto online como offline, para contactar com outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes.

Participar em atividades sociais

Reservar tempo para passatempos e eventos sociais para manter um sentimento de ligação e pertença.

Depressão

Os prestadores de cuidados correm o risco de desenvolver depressão devido às exigências emocionais e físicas do seu papel, bem como aos desafios de equilibrar a prestação de cuidados com outros aspetos da vida pessoal.

Estratégias:

Monitorizar a saúde mental

Prestar atenção aos sinais e sintomas de depressão e procurar ajuda profissional ou o médico, se necessário.

Dedicar-se ao autocuidado

Dar prioridade a atividades que promovam o bem-estar mental, como o exercício físico, uma alimentação saudável e um sono adequado.

Falta de privacidade

Os cuidadores podem sentir a sua privacidade invadida, dado que o seu trabalho implica uma grande proximidade física e emocional com os idosos. Esta situação pode causar não só constrangimento como a sensação de falta de liberdade, espaço pessoal e até depressão.

Estratégias para recuperar espaço pessoal:

Estabelecer limites

Comunicar sempre as necessidades de privacidade e espaço pessoal não só à pessoa de quem cuida como aos familiares, mantendo também o espaço pessoal claramente designado na casa.

Procurar apoio

Contactar com outras pessoas em situações semelhantes e partilhar experiências, conselhos e encorajamento em grupos online ou na comunidade.

Marcar tempo pessoal

Reservar tempo para passatempos, atividades sociais e cuidados pessoais para ajudar a manter um sentido de equilíbrio e identidade pessoal.

Pressão sobre as relações sociais e afetivas

Como a prestação de cuidados é geralmente, um trabalho a tempo inteiro e que exige muito tempo e dedicação pode acabar por afetar as relações que os cuidadores têm com amigos, familiares e parceiros, uma vez que o tempo e a energia do prestador de cuidados estão frequentemente concentrados no trabalho.

Estratégias para preservar as relações:

Estabelecer boas vias de comunicação

Comunicar de forma franca e honesta sobre as necessidades pessoais e as particularidades das tarefas que têm que ser feitas e que acabam por afetar a disponibilidade pessoal, não só de tempo, mas também emocionalmente.

Procurar apoio e ajuda

Verificar na rede de apoio oportunidades de ajuda para execução de tarefas ou de outro tipo que possibilitem a retirada de algum tempo para atividades pessoais.

Marcar tempo pessoal na agenda

Reservar tempo na agenda e planear encontros regulares com amigos, familiares ou conhecidos na comunidade onde o cuidador se move, para criar ou manter ligações sociais e emocionais vitais para o bem-estar.

Gestão do stress

Executar exercícios físicos ou mentais que possam ajudar a minimizar os efeitos do stress, mas procurar sempre ajuda profissional se o stress e os problemas de sono persistirem. É sempre melhor nestas situações consultar um profissional de saúde para avaliação e orientação.

Riscos para a saúde

Os cuidadores podem ter muitas preocupações sobre a sua própria saúde, já que enfrentam numerosos riscos de saúde devido às exigências e desafios do seu papel, incluindo stress, perda de sono, enfraquecimento da função imunitária e aumento do risco de doenças crónicas.

Estratégias para gerir melhor os riscos para a saúde:

Dar prioridade aos cuidados pessoais

Concentrar em manter a própria saúde física e mental através da prática regular de exercício físico, de uma alimentação correta e de um descanso adequado.

Monitorizar a saúde

Marcar check-ups regulares com os profissionais de saúde para avaliar e resolver quaisquer problemas de saúde.

Procurar apoio

Contactar com outras pessoas em situações semelhantes através de grupos de apoio a prestadores de cuidados ou de aconselhamento, e considerar a possibilidade de procurar ajuda profissional se os problemas de saúde persistirem.

Conclusão

Os cuidados aos idosos são uma parte essencial da segurança, bem-estar e conforto da população idosa.

É necessário esforço e dedicação para prestar cuidados de forma adequada. Desde a gestão médica, assistência física e ajuda nas tarefas diárias até à melhoria da saúde mental, os idosos necessitam de acompanhamento permanente.

Estes fatores colocam alguns desafios à prestação de cuidados aos idosos. Estes cuidados são multifacetados, estratificados e complexos.

Cada idoso tem as suas próprias necessidades individuais, que devem ser abordadas através de soluções personalizadas. No entanto, esta situação pode muitas vezes tornar-se difícil para os familiares dos idoso e para os prestadores de cuidados.

Como em geral, os idosos sofrem de múltiplas doenças que aumentam com a progressão do envelhecimento, a prestação de cuidados e assistência pode tornar-se complexa.

Os desafios que os cuidadores enfrentam podem ter um impacto significativo no bem-estar tanto do prestador de cuidados como do idoso.

Alguns dos desafios mais comuns na prestação de cuidados a idosos não resultam apenas do esgotamento do cuidador ou burnout, também podem ser resultado de problemas logísticos, de complicações de saúde, desafios financeiros, stress emocional e físico e também da falta de recursos.

Alguns dos desafios mais comuns na prestação de cuidados a idosos devem-se a vários fatores, que podem incluir aspetos tão diversos como a dinâmica e as estruturas familiares, as escolhas de estilo de vida, os requisitos financeiros e logísticos e as necessidades médicas, físicas e emocionais quer dos cuidadores quer dos idosos.

Ao enfrentar os desafios e implementar soluções práticas, os cuidadores podem continuar a prestar os melhores cuidados possíveis aos idosos, mantendo a sua própria saúde e bem-estar.

Juntos Cuidamos Melhor!

Referências:

  • Considracare
  • DailyCaring