Quais são os benefícios da estimulação cognitiva para os idosos?

Quais são os benefícios da estimulação cognitiva para os idosos?

À medida que envelhecemos, os nossos corpos dependem do exercício para se manterem em forma e fortes.

Se não usarmos o corpo, perdemos a capacidade de funcionar de forma de forma mais otimizada.

O mesmo se pode dizer da mente. Os idosos devem exercer a sua mente através da estimulação mental para garantir que mantêm as suas capacidades cognitivas.

A percentagem de adultos mais velhos tem vindo a aumentar nas últimas décadas e espera-se que duplique nos próximos 25 anos. Até 2060 a proporção da população com mais de 65 anos na União Europeia irá aumentar 30%.

O envelhecimento está também associado a um aumento da percentagem de pessoas dependentes. Neste sentido, é importante que os idosos permaneçam ativos e independentes durante o máximo de tempo possível.

O envelhecimento traz também em geral um declínio no desempenho cognitivo. Este declínio pode ser resultado de vários fatores, alguns de natureza biológica e outros relacionados um ambiente envolvente que oferece poucos estímulos e atividades cognitivas desafiantes.

De acordo com esta perspetiva, as perdas cognitivas não se devem apenas ao avanço da idade, mas muitas vezes ao desuso de funções cognitivas.

Isto significa que uma atividade que é mantida de forma consistente vai-se manter ao longo do tempo, enquanto uma atividade que é deixada acaba por impactar o desempenho cognitivo.

A grande maioria dos idosos tende a delegar progressivamente atividades a outros e desta forma, acabam por deixar de utilizar as funções cognitivas que eram necessárias para as executar.

Portugal é um dos países europeus mais afetados pelo envelhecimento demográfico, com as taxas de envelhecimento e dependência das pessoas idosas a atingirem níveis altos.

As alterações demográficas têm um impacto dramático nas estruturas sociais e familiares devido ao agravamento do estado de saúde e da funcionalidade relacionada com o envelhecimento.

O que resulta em situações mais dramáticas que envolvem a institucionalização dos idosos, especialmente nos casos em que as pessoas idosas são cognitivamente ou funcionalmente deficientes e não podem ser adequadamente acompanhadas em atividades da vida quotidiana.

A Organização Mundial de Saúde, reconhece o fenómeno do envelhecimento demográfico como um dos maiores desafios sociais e económicos do século XXI.

Alguns estudos demográficos têm demonstrado que um estilo de vida social e mentalmente ativo pode ajudar a diminuir as hipóteses de desenvolver problemas de saúde como depressão, demência e declínio cognitivo.

 A estimulação cognitiva pode ajudar a manter a função cognitiva intacta por mais tempo.

Ao serem estimulados social e cognitivamente os indivíduos navegam em situações interpessoais complexas, ouvindo, processando informação e ajustando-se às condições em mudança de forma a que tenham de se ajustar continuamente ao ambiente e à atividade.

A estimulação cognitiva pode não só ajudar a melhorar a qualidade de vida, como pode atrasar o declínio cognitivo permitindo a manutenção da função cognitiva por mais tempo.

Tal como a flexão de um músculo, ao longo do tempo este tipo de estimulação pode levar ao fortalecimento das faculdades cognitivas e potencialmente melhorar o humor, a memória e proporcionar uma melhor qualidade de vida em geral.

O que é a estimulação cognitiva?

A estimulação cognitiva implica a utilização de atividades destinadas a estimular o pensamento, a memória e a interação social, a fim de retardar o agravamento dos sintomas do envelhecimento e eventualmente do surgimento da demência.

A estimulação cognitiva é utilizada como terapia para ajudar a manter as funções cognitivas ativas em pessoas que têm, ou estão em risco de ter, uma deficiência cognitiva.

O meio para alcançar uma boa saúde mental é manter o cérebro ativo, realizando exercícios de memória, orientação, atenção, ou linguagem, entre outros. O objetivo primordial é preservar ou promover a saúde cognitiva.

A saúde cognitiva designa a capacidade de pensar, aprender e recordar de forma clara. É uma componente importante na realização de atividades diárias. A saúde cognitiva é apenas um aspeto da saúde geral do cérebro.

A saúde cerebral em geral refere-se à forma como o cérebro de uma pessoa funciona bem em várias áreas.

Os aspetos da saúde cerebral incluem:

Saúde cognitiva

Relacionada com o pensamento, aprendizagem e memória de forma funcional.

Função motora

Tem a ver com a capacidade de realizar movimentos, incluindo o equilíbrio corporal.

Função emocional

Diz respeito à interpretação e gestão das emoções, tanto agradáveis como desagradáveis.

Função táctil

Tem a ver com as respostas e sensações relacionadas com o toque, incluindo pressão, dor e temperatura.

A saúde cerebral pode ser afetada por alterações no cérebro relacionadas com a idade, por lesões tais como acidentes vasculares cerebrais ou traumatismos cerebrais, distúrbios do humor, tais como depressão, distúrbios do uso de substâncias ou dependência, e doenças tais como a doença de Alzheimer.

Embora alguns fatores que afetam a saúde cerebral não possam ser alterados, há muitas mudanças no estilo de vida que podem fazer a diferença.

A estimulação cognitiva é especialmente importante para adultos e idosos, porque a população vive cada vez mais tempo, o que aumenta a probabilidade de desenvolver problemas do foro cognitivo à medida que a idade avança.

Doenças cognitivas, tais como a demência ou a doença de Alzheimer tendem a aumentar à medida que também aumenta a população idosa.

Como é feita a estimulação cognitiva?

A estimulação cognitiva pode ser feita em casa, o que permite um maior conforto.

Geralmente cada sessão dura entre 60 a 90 minutos, com um mínimo de 10 semanas de tratamento com duas sessões por semana. No entanto, as sessões devem ser sempre adaptadas à necessidades especificas de cada pessoa.

A estimulação cognitiva pode também ser feita em grupo quando se justifica, onde várias competências cognitivas podem ser trabalhadas ao mesmo tempo.

A estimulação implica a participação em atividades desafiadoras e apresentação de novas tarefas cognitivas, com participação social, atividade física e hábitos de sono saudáveis.

Outros componentes relacionados com a qualidade de vida, tais como a diminuição da ansiedade e do stress, podem ser incluídos também.

O facilitador da estimulação cognitiva poderá estimular a utilização de estratégias pessoais ou internas próprias aos idosos, como a utilização de regras mnemónicas e ambientais ou estratégias externas, utilizando calendários e agendas, por exemplo.

O objetivo principal é alcançar a melhoria do funcionamento cognitivo generalizado às atividades da vida quotidiana.

Como pode a estimulação cognitiva ajudar?

Ao longo da vida existem muitas coisas que mantêm a mente estimulada e em constante desenvolvimento como o trabalho, a educação dos filhos e a gestão das relações e da vida diária.

No entanto, à medida que envelhecemos, os estímulos tendem a diminuir, o que acontece ainda mais intensamente quando as pessoas chegam à fase da reforma.

Sem estimulação mental, os idosos correm o risco de perder as suas capacidades cognitivas, como por exemplo:

  • autoconsciência
  • Atenção
  • Perceção
  • Memória
  • Raciocínio

A estimulação cognitiva pode ajudar a diminuir este efeito a través de vários exercícios.

Saiba mais em pormenor aqui como a estimulação cognitiva pode ajudar

Exercícios de orientação

Trabalham a capacidade de estar consciente da própria pessoa, ou orientação pessoal, de se situar no tempo, ou orientação temporal, e de localizar ou reconhecer o espaço à sua volta, a orientação espacial.

Exercícios de reconhecimento através dos sentidos

Estes exercícios estimulam a capacidade que o cérebro tem de reconhecer e perceber corretamente os estímulos do ambiente circundante através dos sentidos.

Exercícios motores

As atividades nestes exercícios reforçam as competências adquiridas para alcançar objetivos específicos relacionados com as competências motoras.

Estes são os movimentos organizados que se fazem com o corpo na vida quotidiana, tais como falar ou sorrir ou utilizar um objeto específico.

Exercícios de atenção

Todos os processos que visam selecionar e focar os estímulos relevantes em cada momento, ou seja, a atenção e foco, são estimulados.

Exercícios para a memória

Os exercícios de memória focam-se sobre a capacidade de codificar, armazenar e recuperar eficazmente a informação aprendida. A prática cognitiva inclui diferentes tipos de memória, como a memória sensorial, memória de curto prazo e memória de longo prazo.

Uma das maiores preocupações dos idosos é que podem começar a perder a memória. A memória desempenha um papel importante no comportamento, personalidade e bem-estar.

No entanto, existem exercícios de estimulação mental que ajudam a manter a memória. Os testes de memoria podem ser facilmente utilizados pelos idosos.

Um dos exemplos é quando fazem uma lista de tarefas diárias que têm para completar, tais como ir às compras, dar um passeio, ter uma conversa com alguém, jogar um jogo de tabuleiro, ou outras e depois no final do dia, tornar a fazer outra lista com tudo o que foi feito para verificar o que é recordado.

Outro exemplo é utilizar a música. A música pode ajudar as capacidades mentais e de cognição de várias maneiras. A música é geralmente agradável para ouvir e pode causar sensação de bem-estar.

Pode também trazer de volta memórias positivas que ajudam a mente a manter-se estimulada.

Além disso, ouvir atentamente a letra de uma canção ativa o cérebro e é uma forma de estimulação mental.

Um exercício é prestar atenção às palavras utilizadas e processá-las, o que ajuda a mente a manter-se ativa enquanto se sente o bem-estar e ajuda a memória ao mesmo tempo.

Exercícios de linguagem

A linguagem é a capacidade de relacionar um sistema de códigos com os significados de objetos ou ideias.

Este processo está intimamente ligado à memória e serve para transmitir os nossos pensamentos, ideias e emoções e assim manter a comunicação.

Para falar uma língua, várias funções básicas são exercidas, como a compreensão oral, expressão oral, leitura e escrita, tudo atividades muito importantes para manter a mente ágil.

Visualizações de imagens associadas a palavras

A imaginação é poderosa. Se conseguirmos manter a nossa imaginação estimulada e ativa, as capacidades cognitivas podem permanecer funcionais por mais tempo.

Um exercício simples a considerar são as visualizações de imagens de palavras. Isto implica ver um objeto e imaginar a palavra associada na mente. Depois de conseguir ver a palavra, o próximo passo é soletra-la.

Pode parecer um exercício insignificante, mas é uma forma produtiva de manter a mente ágil e é um exemplo de um exercício que pode ser feito num programa de estimulação cognitiva.

Fazer puzzles e jogar jogos de tabuleiro

Os puzzles são uma das melhores formas de estimular a mente. Jogos de tabuleiro, tais como damas e xadrez, podem ter um efeito semelhante. Para outros o desenho e a pintura são também um grande exercício de estimulação cognitiva.

Funções executivas

São um conjunto de competências e processos cognitivos que desenvolvemos como forma de adaptação ao meio ambiente e realizar ações específicas.

Entre elas, as mais importantes, podem ser o raciocínio, planeamento e estabelecimento de objetivos, tomada de decisões ou fazer estimativas de tempo, entre outras.

Existem ainda outros exercícios que podem ser feitos:

Teste de habilidade matemática básica

Resolver problemas matemáticos mais complexos e equações no papel pode ajudar, mas os idosos podem praticar a estimulação mental fazendo simples problemas matemáticos na sua cabeça.

Os idosos podem reservar tempo para testes matemáticos ou utilizá-lo durante momentos aleatórios ao longo do dia.

Por exemplo, contar o número de peças de xadrez num tabuleiro e multiplicá-las pelo número de tabuleiros dentro da sala de jogo para determinar quantas peças de xadrez existem é uma forma simples de manter a mente estimulada.

Benefícios da estimulação cognitiva

Embora ainda não seja completamente claro até que ponto a estimulação cognitiva pode ajudar a evitar o declínio cognitivo que surge com a idade, já se sabe que tem bastantes benefícios.

Alguns benefícios são:

Não só melhora significativamente as capacidades de funcionamento cognitivo dos idosos até cinco anos, mas essas melhorias também têm um impacto positivo nas capacidades de funcionamento diário das pessoas idosas.

Por outro lado, os exercícios de estimulação cognitiva concebidos para avaliar e melhorar a velocidade a que uma pessoa processa a informação visual podem mesmo reduzir o risco de demência ou declínio cognitivo em quase 50 por cento.

Alguns estudos indicam que tipos específicos de exercícios de treino cognitivo são formas potencialmente eficazes de, pelo menos, retardar a doença de Alzheimer e outros tipos de demência.

Ao mesmo tempo que melhoram a capacidade dos idosos para desempenharem as funções diárias necessárias para continuarem a viver de forma independentemente.

Os investigadores perceberam que a realização de certos tipos de exercícios de estimulação cognitiva tende a melhorar significativamente a memória e a velocidade de processamento dos idosos com 65 anos ou mais anos de idade.

Mais especificamente, um dos estudos constatou que os idosos que realizaram os exercícios selecionados durante um total de cerca de 40 horas, também experimentaram outro tipo de melhorias.

Algumas das melhorais encontradas foram:

  • Maior facilidade e habilidade para completar os exercícios pedidos
  • Memória melhorada equivalente a um tempo estimado de 10 anos
  • Melhoria da capacidade de realizar tarefas quotidianas
  • Aumento da autoestima

E ainda, o aumento da velocidade de processamento auditivo em 131%, permitindo acompanhar conversas e processar informação com mais do dobro da velocidade, quando comparado ao estado anterior, antes da estimulação cognitiva.

Conclusão

Para melhor compreender quão benéfica a estimulação cognitiva pode ser para os idosos, é importante verificar a informação produzida pelo conhecimento científico e que continua ainda a evoluir à medida que mais estudos vão sendo produzidos.

Vários estudos científicos mostraram que a estimulação cognitiva em pessoas idosas com deficiência ligeira contribui para a manutenção das funções cognitivas. Sendo possível conseguir a reabilitação das funções deficientes e prevenir um maior declínio.

Algumas pessoas vêm o declínio cognitivo como um aspeto inevitável e irreversível do envelhecimento, contudo, o envolvimento em certos tipos de treino cognitivo e estimulação cognitiva, pode ajudar a fortalecer a memória, a velocidade de processamento e a função cognitiva global.

As intervenções cognitivas produzem manutenção ou a melhoria das competências formadas, tendo assim um impacto sobre a capacidade cognitiva dos mais idosos, independentemente do seu nível cognitivo inicial.

Esta melhoria é observada na capacidade cognitiva global e em capacidades cognitivas específicas tais como memória, atenção, funções executivas e outras.

 Além disso, os estudos têm corroborado que as intervenções cognitivas conduzem a alterações nas funções cognitivas básicas, com estas alterações a serem possivelmente aplicadas a situações da vida diária, devido a um aumento das suas funcionalidades e competências também.

Tal como é benéfico tanto física como cognitivamente a manutenção de uma dieta saudável e de um regime de exercício físico, os estudos sobre os benefícios da estimulação cognitiva indicam que os idosos também têm benefícios significativos ao manterem a sua mente e memória ágeis com os exercícios cognitivos.

Até ao momento sabe-se que as intervenções cognitivas são eficazes em idosos, independentemente do seu estado cognitivo inicial, o que possibilita uma maior abrangência de aplicações e um maior número de pessoas que pode beneficiar.

Assim, a estimulação cognitiva pode ser uma intervenção eficaz.

Com o envelhecimento da população na Europa e em Portugal com os consequentes desafios sociais e de saúde que isso implica, cada vez mais há a necessidade de estratégias que visem manter os idosos ativos e independentes o maior tempo possível.

Uma das formas de contribuir para uma maior autonomia dos idosos, mantendo as suas capacidades cognitivas, é através da estimulação cognitiva que pode ajudar a melhorar o funcionamento cognitivo e a qualidade de vida para a população idosa.

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Referências:

  • Organização Mundial de Saúde
  • National Institute on Aging