Como ajudar a prevenir problemas de saúde respiratória nos idosos?

Como ajudar a prevenir problemas de saúde respiratória nos idosos?

Os problemas respiratórios estão entre as principais preocupações de saúde para os idosos.

A população idosa corre um maior risco de desenvolver doenças relacionadas com a caixa torácica e os pulmões como falta de ar, pneumonia, baixos níveis de oxigénio e bronquite.

Um em cada sete adultos acima dos 65 anos vive com um problema respiratório.

As mudanças que o corpo experimenta com a idade aumentam o risco de desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou pneumonia, que podem afetar a qualidade de vida desta população.

Por outro lado, as tarefas diárias como preparar uma refeição ou lavar a roupa podem tornar-se um desafio muito grande quando há problemas respiratórios.

Os pulmões permitem que o oxigénio viaje no interior do organismo e seja distribuído através do corpo, expelindo o dióxido de carbono sempre que expiram.

Músculos flexíveis e tecido pulmonar facilitam a respiração e permitem que as vias respiratórias permaneçam abertas. Quando o ar passa para os pulmões, permite a entrada do oxigénio na corrente sanguínea.

Nesta fase do processo de respiração, o dióxido de carbono do sangue passa através de pequenos sacos ou alvéolos, para sair dos pulmões.

Quando este processo se torna menos eficiente, o dióxido de carbono acumula-se no corpo e pode causar uma série de problemas de saúde, particularmente nas pessoas mais velhas.

Quais as doenças respiratórias mais comuns nos idosos?

Várias condições de saúde podem levar a problemas respiratórios nos idosos.

Constipações, azia ou infeções por sinusite podem dar lugar a uma condição respiratória grave e potencialmente fatal.

Indiretamente a insuficiência cardíaca acompanha frequentemente as questões pulmonares. O coração não consegue bombear o sangue tão eficazmente, causando a acumulação de líquido nos pulmões.

Os doentes que recuperam de um AVC ou que sofrem de um distúrbio neurológico podem também apresentar problemas respiratórios.

Os idosos têm um risco mais elevado de desenvolverem as seguintes doenças respiratórias:

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)

A DPOC é um grupo de doenças pulmonares que tornam difícil a respiração.

O consumo de tabaco é um dos maiores fatores de risco para o aparecimento desta doença.

Estima-se que um em cada sete portugueses com mais de 40 anos sofra com a DPOC, que pode ter graves consequências a longo prazo.

Os sintomas da DPOC incluem falta de ar, tosse frequente, pieira e aperto no peito.

Asma brônquica

A asma é uma doença inflamatória crónica que torna a respiração difícil. Causa períodos recorrentes de sibilância, juntamente com aperto no peito, falta de ar e tosse.

Os ataques nem sempre são imediatos, quando acontecem ao longo de horas ou dias, os idosos têm um risco acrescido de ficarem gravemente doentes. Um tratamento adequado, contudo, pode salvar uma vida e prevenir ataques.

Pneumonia

A pneumonia é uma infeção que provoca inflamação nos sacos aéreos dos pulmões ou alvéolos, fazendo-os encher de líquido ou pus, dificultando a respiração dos idosos.

Os sintomas de pneumonia incluem uma tosse que pode produzir catarro, febre, calafrios, náuseas ou vómitos, e dificuldade em respirar.

A pneumonia pode ser particularmente perigosa em adultos com mais de 65 anos de idade devido a terem geralmente um sistema imunitário enfraquecido.

Insuficiência cardíaca congestiva

Muitas pessoas não percebem que a insuficiência cardíaca congestiva é um grande fator que contribui para problemas respiratórios.

Quando o coração já não consegue bombear o sangue corretamente em todo o corpo, cria uma acumulação de líquido que acaba por ser empurrado para os pulmões.

Também conhecido como edema pulmonar, os sintomas de angústia respiratória por insuficiência cardíaca incluem aumento da frequência cardíaca, sibilos, sons crepitantes ao respirar, falta de ar, tosse com muco cor-de-rosa ou espumoso, e transpiração.

Bronquite crónica e enfisema pulmonar

O enfisema e a bronquite crónica são formas de DPOC e são ambas doenças pulmonares obstrutivas diferentes.

A bronquite ocorre quando o diâmetro do brônquio diminui e a quantidade de glândulas mucosas aumenta, produzindo assim mais muco, em resposta às agressões causadas pelo tabagismo ou inalação de outros tipos de substâncias tóxicas.

O enfisema é uma doença que ataca os alvéolos, também resulta do consumo de tabaco ou inalação de substâncias tóxicas, que levam à destruição das paredes alveolares, local onde ocorrem as trocas gasosas do organismo, diminuindo a área de troca gasosa como consequência.

Ou seja, a bronquite é uma doença da via aérea, nas áreas de ventilação pulmonar, enquanto o enfisema é relativo ao alvéolo, que é a unidade funcional do sistema respiratório.

Cancro do pulmão

Cerca de 85% dos casos de cancro de pulmão no homem e 65% na mulher são causados pelo fumo do tabaco, que contém numerosas substâncias carcinogénicas.

Como os idosos têm um sistema imunitário mais enfraquecido o consumo de tabaco é ainda mais perigoso nesta fase da vida.

Os sintomas da doença são falta de ar, da tosse ou da expetoração, perda de apetite, emagrecimento, fadiga acentuada, dores persistentes e rouquidão.

Quais são os sinais mais comuns de problemas respiratórios nos idosos?

Os idosos que experimentam alterações pulmonares e respiratórias relacionadas com a idade podem sentir-se mais cansados e incapazes de participar em atividades físicas mais extenuantes.

De uma forma geral os seguintes sintomas podem ser encontrados nos idosos com problemas respiratórios, sendo que alguns destes sintomas exigem cuidado médico urgente:

  • Falta de ar
  • Dor no peito
  • Tosse crónica
  • Tosse com sangue
  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Dores musculares
  • Perturbações do sono
  • Inchaço das pernas, pés ou tornozelos
  • Fadiga constante
  • Súbita e extrema falta de ar ou dores no peito
  • Ter febre com 38 graus ou superior
  • Dificuldade para engolir

Como ajudar a prevenir as doenças respiratórias nos idosos

Devido ao risco acrescido de problemas respiratórios, os idosos podem beneficiar da aplicação de algumas estratégias que podem melhorar a sua saúde respiratória.

Fazer um teste de função pulmonar

Os médicos utilizam testes de função pulmonar para compreender a causa de um problema respiratório. A partir dos resultados, o médico pode diagnosticar a doença caso ela exista.

Por exemplo, a equipa de saúde pode aperceber-se que a falta de ar é na realidade um resultado de asma e pode então prescrever o plano de tratamento mais adequado.

Estes testes avaliam a força dos músculos respiratórios, a quantidade de ar que os pulmões absorvem e libertam, o ritmo respiratório e a capacidade dos seus pulmões de fornecer sangue e oxigénio ao resto do corpo.

Se o idoso apresentar alterações nos seus padrões respiratórios, será melhor falar com o médico sobre a possibilidade de realizar um teste de função pulmonar.

Evitar a exposição ao fumo passivo

Embora se saiba que o fumo do tabaco está diretamente ligado a uma saúde respiratória deficiente, o fumo passivo também pode causar efeitos secundários semelhantes.

De acordo com um estudo publicado no Journal of Environmental Science and Health, que analisou os efeitos da poluição do ar em recintos fechados numa população idosa, os investigadores descobriram que uma estreita ligação entre a exposição ao fumo passivo e a ocorrência de DPOC.

Globalmente, a doença causa sibilância, tosse, aperto no peito e dificuldade em respirar.

Embora não se possa necessariamente inverter a exposição prolongada ao fumo passivo, é importante evitá-lo o mais possível para evitar que as toxinas causem danos graves na saúde respiratória.

Deste modo os idosos devem evitar não só o consumo de tabaco como a exposição a ambientes com fumo ou substâncias toxicas.

É evidente que uma das coisas essenciais para controlar os problemas de saúde respiratória é deixar de fumar. Este processo pode levar algum tempo e, para algumas pessoas, não é uma boa ideia deixar simplesmente de fumar.

Por exemplo, o idoso pode precisar de se desabituar, para não causar um impacto mais negativo no corpo.

Pode também precisar de produtos de apoio para deixar de fumar nicotina. O médico ou outros profissionais de saúde podem ser uma grande ajuda para ajudar o idoso a deixar de fumar.

Os benefícios de deixar o consumo de tabaco são enormes e ajudam a respirar mais facilmente, reduzindo a tensão nos pulmões, e diminuindo o risco de cancro do pulmão.

Nunca é tarde demais para deixar de fumar. Não vai inverter os danos que foram feitos, mas pode retardar grandemente os efeitos negativos.

Exercício físico

Manter-se fisicamente ativo é importante para o bem-estar geral, mas traz benefícios extra para a saúde respiratória.

A prática de exercícios regulares durante a rotina semanal pode tanto prevenir como melhorar os problemas pulmonares.

Os idosos devem confirmar com o médico assistente antes de iniciar um novo regime de treino, se de facto o podem fazer e não estão a correr riscos de saúde desnecessários.

O melhor será que o idoso se junte a um grupo ou comunidade para fazer o exercício acompanhado e ao mesmo tempo ter o apoio de pessoal especializado que poderá indicar qual a técnica mais adequada para cada exercício.

Outra opção é fazer caminhadas pela vizinhança ou bairro onde o idoso mora. Esta atividade de baixa intensidade é uma ótima forma de ajustar o corpo e os pulmões para o exercício.

O mais importante é desenvolver uma rotina de exercício regular. O exercício pode ajudar a reduzir ou minimizar a atrofia muscular no peito.

O exercício permite que os pulmões se abram mais completamente. Também a realização de exercícios de respiração profunda para garantir que os alvéolos, ou células de ar dos pulmões, permaneçam fortes e saudáveis, é importante e pode ajudar a evitar a pneumonia.

Pode ser difícil para algumas pessoas que têm um problema de saúde respiratória fazer exercício.

Contudo, mesmo estas pessoas podem fazer exercício com a ajuda do medico e outros profissionais, que podem recomendar exercícios respiratórios para ajudar a fortalecer os pulmões e o sistema imunitário do idoso.

Autocuidado

Mesmo doenças menos graves como a constipação comum podem ter sérias repercussões para a saúde respiratória dos idosos.

A gripe pode danificar ainda mais os pulmões e o bem-estar geral, pelo que é importante evitar estas doenças com práticas adequadas de higiene e saúde.

Antes que a época da gripe comece, é importante considerar a possibilidade de tomar uma vacina contra a gripe no consultório do médico ou na farmácia habitual.

O Sistema Nacional de Saúde aconselha que os idosos recebam a vacina contra a gripe, que foi concebida especificamente para adultos com 65 anos ou mais.

Esta vacina contém uma maior quantidade de antigénios para compensar os sistemas imunitários geralmente mais fracos dos idosos.

Além disso, um exame físico anual ou um teste respiratório são muitos importantes também, especialmente se o idoso for fumador.

Os resultados podem sugerir que é necessário um tratamento ou que são necessárias mudanças no estilo de vida para ajudar a prevenir outras doenças como ataques cardíacos, AVC ou mesmo o cancro do pulmão.

Para manter o sistema imunitário forte, os idosos precisam de se manter hidratados todos os dias, e a incorporação de muitas frutas e vegetais na dieta pode ajudar a manter o sistema imunitário forte também.

Evitar a exposição a agentes poluentes

Manter a casa livre de fumo e pó de tabaco, bem como evitar os ambientadores e velas artificiais, que podem irritar os pulmões. Usar produtos de limpeza naturais, e garantir que há uma boa ventilação nas casas de banho e cozinhas quando for feita a limpeza destas divisões.

Lavar as mãos regularmente

A lavagem das mãos é um dos métodos mais eficazes para prevenir a propagação de bactérias e vírus, e pode ajudar a prevenir infeções respiratórias.

Continuar com o tratamento

Se o idoso tiver algum problema de saúde respiratória, é imprescindível que possa continuar com todas as consultas de acompanhamento.

Se o médico prescrever medicamentos, estes devem ser tomados sem falhas e de acordo com o que foi prescrito.

Se a pessoa idosa necessitar de testes regulares ou de comparecer em consultas regulares para que o médico possa fazer um acompanhamento mais frequente, é importante que estas se mantenham.

Se for necessário, o melhor será ter um sistema de apoio domiciliário para garantir o cumprimento de todas as etapas do tratamento.

A manutenção de uma rotina de tratamento e consistência do mesmo, o idoso pode reduzir o risco de agravamento da doença. No mínimo, pode manter a situação estável por mais tempo.

Outras estratégias importantes para a prevenção de doenças respiratórias nos idosos:

  • Lavar frequentemente as mãos
  • Evitar partilhar utensílios
  • Manter a distância de pessoas que estão doentes
  • Tentar não tocar no rosto, especialmente a boca e o nariz
  • Descansar bastante
  • Ter uma dieta saudável

Consumir alimentos ricos em vitaminas e nutrientes não só impulsiona o sistema imunitário, como também pode melhorar a saúde respiratória.

Comer uma dieta bem equilibrada ajuda a gerir o peso, o que por sua vez beneficia os pulmões. Os hidratos de amido, por exemplo, como os encontrados nas massas e batatas, dão ao corpo a energia de que necessita para respirar e manter-se ativo.

Por outro lado, as frutas e os vegetais, ajudam os pulmões a combater infeções e as proteínas mantêm os músculos respiratórios fortes.

Conclusão

A diminuição da função pulmonar ocorre devido a alterações físicas relacionadas com a idade.

Os ossos começam a enfraquecer, o que altera a forma da caixa torácica, incluindo a capacidade de expansão quando se respira.

O diafragma, que suporta os movimentos do corpo à medida que se respira, torna-se mais fraco e afeta a forma como se inspira e expira.

Numa escala menor, os músculos e tecidos que ajudam as vias respiratórias a permanecerem abertas começam a enfraquecer e a mudar de forma.

Como resultado de todos estes fatores, a quantidade de oxigénio no sangue diminui. O corpo também não consegue remover o dióxido de carbono de forma tão eficiente, o que pode aprisionar o ar nos pulmões.

As funções secundárias do corpo também podem afetar a forma como se faz a respiração. À medida que o sistema nervoso experimenta uma diminuição da sensibilidade, nem sempre se consegue sentir partículas exteriores nos pulmões.

Para além destas alterações, os fatores do estilo de vida podem exacerbar problemas respiratórios, incluindo a obesidade, uma longa história de consumo de tabaco e diminuição das funções cardíacas.

Os efeitos do envelhecimento no sistema respiratório são semelhantes aos que ocorrem noutros órgãos em que a função máxima decresce gradualmente.

As alterações relacionadas com o envelhecimento nos pulmões incluem:

A diminuição do pico do fluxo de ar, ou seja, quão rapidamente alguém pode expirar, e a troca de dióxido de carbono e oxigénio.

Diminuição das medidas da função pulmonar, como a capacidade vital, ou a quantidade máxima de ar que pode ser expirada após uma inalação máxima.

Enfraquecimento dos músculos respiratórios e a diminuição da eficácia dos mecanismos de defesa pulmonar, são outras das alterações que ocorrem com a velhice.

Nas pessoas saudáveis, estas alterações relacionadas com a idade raramente conduzem a sintomas.

Estas alterações contribuem de certa forma para a capacidade reduzida de uma pessoa mais velha de fazer exercício vigoroso, especialmente exercício aeróbico intenso, como correr, andar de bicicleta e escalar montanhas.

Contudo, as diminuições das funções cardíacas relacionadas com a idade podem ser uma causa ainda mais importante para estas limitações.

As pessoas idosas correm um risco mais elevado de desenvolver pneumonia após infeções bacterianas ou virais. Assim, as vacinas para infeções respiratórias como a gripe e pneumonia pneumocócica são particularmente importantes para as pessoas mais velhas.

Com as estratégias corretas e a intervenção precoce os idosos com limitações físicas podem ser capacitados para viver uma vida plena de realização com envolvimento ativo e participação em atividades diárias de forma harmoniosa.

É essencial assegurar que os idosos permaneçam com saúde e continuem o seu estilo de vida ativo, envolvendo-se em atividade física regular.

Deste modo, promover a independência e manter os seniores ativos na comunidade tornou-se o objetivo crucial de uma vida de qualidade para a população mais idosa..

Com a Novo Cuidar a prioridade é sempre a sua saúde e o seu bem-estar. Aqui encontra sempre uma equipa de cuidadores coordenada por profissionais de saúde qualificados e com uma grande experiência.

Tem também disponíveis para si o serviço de cuidados de saúde ao domicílio tais como o apoio domiciliário, estimulação cognitiva, terapia da fala , bem como a fisioterapia e  o serviço de enfermagem 24h/dia, para o ajudar e apoiar sempre que precisar, com um plano de cuidados à sua medida a preço competitivo.

Referências:

  • Sociedade Portuguesa de Pneumologia
  • Organização Mundial de Saúde
  • Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
  • Health in Aging