Sinais de aviso de problemas de mobilidade nos idosos

Sinais de aviso de problemas de mobilidade nos idosos

A mobilidade é um aspeto essencial para a independência e qualidade de vida das pessoas idosas. Mas muitas vezes os problemas de mobilidade que os idosos estão a desenvolver com o envelhecimento são invisíveis até ocorrer uma lesão séria numa queda.

Para ajudar a evitar estas situações e a tomar medidas para evitar casos mais graves de imobilidade, é importante conhecer os sinais de aviso de que pode haver problemas de mobilidade com o idoso.

Quando uma pessoa idosa sofre uma queda e fratura uma anca ou desenvolve um problema de saúde como a doença de Parkinson, é muito comum existirem problemas de mobilidade, ainda que sejam temporários.

Mas não é só a doença ou lesão que leva à dificuldade de estar de pé e andar. Os efeitos naturais do envelhecimento como perda muscular, problemas de equilíbrio e rigidez articular contribuem também para a perda de mobilidade.

Contudo, existem sinais de aviso que podem indicar potenciais ou problemas de mobilidade em desenvolvimento. Estar consciente e reparar nestes sinais é uma forma de prevenção importante para melhorar o equilíbrio e a força do idoso antes que algum acidente aconteça.

Todas as medidas que se possam tomar para atenuar os problemas de mobilidade ajudam os idosos a manterem-se móveis e independentes durante o maior tempo possível.

Mudanças relacionadas com a idade que afetam a mobilidade

Algumas das mudanças relacionadas com a idade e com o envelhecimento afetam a mobilidade e aumentam o risco de quedas para os idosos. As pessoas na fase mais tardia da vida correm um risco elevado de sofrerem quedas graves.

As mudanças físicas graduais do envelhecimento somam-se a um maior risco de queda relacionado com outros fatores, como a existência de doenças, ou o meio ambiente em que o idoso se movimenta.

Estima-se que as pessoas com mais de 65 anos têm uma probabilidade superior a 25% de cair. E se alguém cair uma vez, a sua probabilidade de cair novamente duplica, o que significa que há mais de 50% de probabilidade de uma segunda queda.

Estas circunstâncias revelam situações graves porque as quedas são uma das principais causas de perda de independência e capacidade.

Os idosos muitas vezes não são capazes de recuperar totalmente do trauma, a sua saúde global diminui e as suas necessidades de cuidados aumentam significativamente.

Estas são algumas das principais mudanças relacionadas com a idade que aumentam o risco de queda para os idosos e o surgimento de lesões típicas relacionadas com as quedas:

Diminuição da força

A perda muscular começa muito mais cedo do que a idade avançada, pode mesmo começar por volta dos 30 anos de idade. Nas pessoas mais idosas, menos músculo equivale a menos força e ossos mais fracos.

Problemas de equilíbrio

Muitos sistemas corporais trabalham em conjunto para manter o corpo de pé. As alterações relacionadas com a idade e os efeitos secundários da medicação podem tornar mais difícil para os idosos permanecerem em equilíbrio de pé.

Problemas de visão

A visão ajuda a manter o equilíbrio e a evitar obstáculos. À medida que a visão se deteriora, o mesmo acontece com a capacidade de ficar de pé e de ver claramente o que está no caminho.

Perda de flexibilidade

A idade e as condições de saúde tornam os idosos menos flexíveis, especialmente nas ancas e tornozelos. Esta rigidez aumenta a probabilidade de queda.

Diminuição da resistência fisica

Não ser capaz de suportar alguma atividade física como estar de pé ou caminhar durante um período de tempo razoável aumenta o risco de queda.

Diminuição da capacidade e vontade de andar

Continuar a fazer caminhadas irá melhorar a força, o equilíbrio, a flexibilidade e a resistência dos mais velhos. No entanto, muitos idosos tornam-se menos ativos e caem num ciclo negativo onde menos atividade leva a menos força e equilíbrio.

Isto leva a ainda menos atividade à medida que as capacidades físicas continuam a declinar.

Existência de lesões graves provocadas por quedas

Nos idosos, as quedas causam geralmente fraturas da anca e lesões na cabeça. São também a principal causa de morte por lesão, muitas vezes por traumatismo craniano.

Mesmo que uma lesão não seja fatal, as quedas podem ter graves consequências a longo prazo para as pessoas idosas porque os seus corpos normalmente não são capazes de recuperar totalmente.

Podem mesmo acabar por necessitar de longas estadias em lares, cuidados continuados ou de uma quantidade significativa de apoio domiciliário.

Efeitos graves adicionais das quedas:

  • Todos os anos, muitos idosos são tratados nas urgências hospitalares por lesões causadas por quedas
  • 1 em cada 5 quedas causa uma lesão grave como ossos partidos ou uma lesão na cabeça
  • As quedas são a causa mais comum de lesões cerebrais traumáticas
  • Mais de 95% das fraturas da anca são causadas por queda

Os custos médicos totais das quedas ascendem muitas vezes aos milhões de euros por ano relativamente à população em geral, sendo que em alguns casos, muitas das faturas médicas por estas quedas são pagas pelos próprios idosos.

Maneiras de reduzir o risco de queda para os idosos:

  • Tornar a casa mais segura através da desocupação de áreas chave, melhorando a iluminação e fazendo atualizações de segurança
  • Incentivar a prática de exercício seguro e regular para construir força, equilíbrio e flexibilidade
  • Fazer check-ups regulares com o médico e o oftalmologista para detetar problemas de saúde mais cedo
  • Tratar ou gerir problemas de visão
  • Utilizar corretamente os andarilhos e bengalas adequadamente ajustados
  • Usar sapatos e chinelos confortáveis e devidamente equipados com sola antiderrapante

Sinais de aviso de problemas de mobilidade nos idosos

Os problemas de mobilidade geralmente vão aparecendo ao longo do tempo, mas existem sinais que se podem detetar mais precocemente.

Quedas

Mesmo que o idoso pareça ter uma boa estrutura óssea e nunca se magoe seriamente quando cai, pode estar a ter problemas de mobilidade que precisam de ser resolvidos antes de se agravarem.

Mesmo duas quedas num ano podem indicar que algo se passa além das passadeiras irregulares ou ambientes desorganizados que possam rodear o idoso.

As pessoas caem quando tropeçam e tropeçam em algo, mas também caem quando os seus pés são lentos a caminhar e arrastam-se pelo chão, ou quando se desequilibram e não conseguem corrigir a sua posição corporal a tempo.

As quedas frequentes aumentam o risco de lesões, hospitalização e complicações que ameaçam a vida.

Assim, mesmo que não tenha ainda ocorrido uma queda, é altamente aconselhável apetrechar a casa com barras de apoio na casa de banho, corrimãos nas escadas, tapetes para a banheira antiderrapantes e outras formas de aumentar a segurança do idoso em casa.

É também importante pedir ao médico para avaliar a mobilidade do idoso. O médico pode verificar as condições de saúde que possam estar a causar problemas, procurar efeitos secundários negativos da medicação ou recomendar fisioterapia para restaurar equilíbrio e força.

Evitar as escadas

Quando os idosos começam a mostrar comportamentos em relação às escadas, como evitar subir ou descer, preferir usar mais o elevador ou preferirem ficar na parte térrea da casa onde moram, pode ser um sinal de que estão a evitar as escadas e a ter problemas de mobilidade.

As escadas podem ser muito difíceis para os idosos andarem para cima e para baixo, porque requerem mais força, equilíbrio e energia.

Se o idoso parece andar bastante facilmente, mas sai do seu caminho para evitar o uso das escadas, talvez esteja na altura de reconhecerem se precisam de ajuda extra para utilizar as escadas ou de uma ajuda à mobilidade.

Se não tiverem quaisquer dificuldades físicas que estejam a tornar as escadas um desafio, pode ser o medo de cair que seja o problema e esteja a impedir o uso das escadas. 

Encontrar formas de abordagem destas preocupações terá um impacto positivo na mobilidade a longo prazo do idoso.

Dificuldades para sentar e ficar de pé

Levantar do sofá ou sentar na cama podem ser verdadeiros desafios na vida dos idosos com problemas de mobilidade.

Ter problemas para sentar e ficar de pé é um forte indicador de potenciais problemas de mobilidade. Estes dois movimentos são essenciais na existência humana e estão por trás de muitos hábitos quotidianos como comer uma refeição, usar a casa de banho, acordar e adormecer, entre muitos outros.

Para testar a mobilidade do idoso ao sentar e levantar, pode fazer-se o exercício de propor ao idoso para se sentar e levantar de forma rápida.

Com este exercício simples é possível observar se o idoso tem alguma dificuldade nestes dois movimentos, se precisam de se agarrar a algum mobiliário ou se perdem o equilíbrio ou são lentos.

Todas estas observações podem dar um retrato mais preciso dos problemas de mobilidade do idoso. Ter consciência de um sinal de aviso aparentemente inofensivo como estes indica que é necessário falar com o médico.

É importante também verificar outro tipo de pormenores também, como se o idoso sente vertigens ao sentar e levantar ou quais os exercícios de força e equilíbrio que podem ser mais adequados para cada caso.

Problemas de equilíbrio

Tonturas e problemas de equilíbrio podem ser causados por uma variedade de fatores, incluindo efeitos secundários de medicamentos, tensão arterial baixa, ou problemas no ouvido interno como vertigens ou outras.

Outros problemas associados ao envelhecimento normal, como falta de visão, rigidez articular, tempos de reação mais lentos e fraqueza muscular, reduzem a capacidade do corpo de se manter equilibrado. Podem também dificultar o caminhar, ficar de pé e fazer exercício.

A mobilidade pode ser melhorada com a ajuda do médico, que pode testar o equilíbrio e tratar os problemas subjacentes, bem como através de exercícios específicos.

Ajudas à mobilidade como bengalas ou andarilhos e exercícios direcionados podem ajudar um idoso com problemas de equilíbrio e permitir que se movimente de forma mais segura e confiante.

Exercício fisico

O exercício físico é essencial para qualquer pessoa, mas especialmente para os idosos, porque ajuda a prevenir doenças crónicas e ganho de peso pouco saudável, que surge especialmente com o envelhecimento.

Mas se o idoso não quer fazer exercício porque está cansado, dorido, ou simplesmente não tem energia, poderá ser também um sinal de problemas de mobilidade.

Fraqueza, exaustão e outros problemas que impeçam os idosos de se exercitarem, tornarão cada vez mais difícil ao idoso andar ou ficar de pé.

Checklist de risco de queda

Para os mais velhos, a independência e a segurança são ambas importantes e a prevenção de quedas é uma forma eficaz de ajudar os idosos a permanecerem independentes por mais tempo.

As quedas podem causar lesões graves e problemas de saúde como ossos partidos e lesões na cabeça, por exemplo, que podem levar a uma diminuição das capacidades.

Dicas simples de prevenção de quedas podem fazer uma grande diferença na segurança e independência do idoso.

O Centro de Controlo de Doenças (CDC) norte-americano elaborou uma checklist ou lista de verificação que estima o risco de queda de um idoso e pode dar indícios sobre o que está a causar esse mesmo risco.

A lista permite também recolher informações que podem ser debatidas com o médico para ajustar melhor às necessidades da realidade do idoso.

A lista de verificação de risco de queda tem 12 perguntas simples com resposta de sim e não que avaliam o risco de queda.

Nas perguntas sobre a história de quedas, como os idosos se sentem estáveis em situações da vida real, medicamentos e estado de humor, se se obteve 4 pontos ou mais, por cada resposta positiva é atribuído um ponto, significa que o idoso tem um maior risco de queda.

Se a pontuação mostrar que o risco de queda do idoso é elevado, deve procurar-se ajuda médica o quanto antes.

A lista pode ser partilhada com o médico, permitindo que tenha uma melhor ideia de que tipos de movimento ou outros problemas estão a aumentar o risco de queda.

Quando o médico tem mais informações para trabalhar, poderá fazer melhores recomendações sobre como reduzir a probabilidade da ocorrência de quedas.

A lista de verificação também resume as 4 principais formas de prevenir as quedas de idosos e inclui dicas rápidas sobre exercício, medicação, visão e segurança doméstica.

Algumas das perguntas da lista de verificação são:

  • Eu caí no ano passado -as pessoas que caíram uma vez são suscetíveis de cair de novo
  • Eu uso ou fui aconselhado a usar uma bengala ou andarilho para me deslocar em segurança
  • Por vezes, sinto-me instável quando estou a caminhar
  • Mantenho-me firme, agarrando-me ao mobiliário ao andar em casa – a instabilidade ou a necessidade de apoio durante a caminhada são sinais de mau equilíbrio
  • Estou preocupada com a queda-as pessoas que estão preocupadas com a queda são mais propensas a cair
  • Preciso de empurrar com as minhas mãos para me levantar a partir de uma cadeira- isto é um sinal de músculos fracos das pernas, uma das principais razões para cair.
  • Tenho alguns problemas em pisar uma calçada- isto é também um sinal de músculos fracos das pernas
  • Muitas vezes tenho de me apressar para a casa de banho- correr para a casa de banho, especialmente à noite, aumenta a possibilidade de queda
  • Perdi alguma sensibilidade nos meus pés- a dormência nos pés pode causar tropeções e levar a quedas
  • Tomo medicamentos que por vezes me fazem sentir tonto ou mais cansado do que o habitual
  • Tomo medicamentos para me ajudar a dormir ou para melhorar o meu estado de espírito – os efeitos secundários dos medicamentos podem, por vezes, aumentar a possibilidade de queda
  • Sinto-me muitas vezes triste ou deprimido- sintomas de depressão, tais como não se sentir bem ou sentir mais lentidão, estão ligados a quedas

Conclusão

As mudanças que ocorrem com o envelhecimento podem levar a problemas de mobilidade, ou afetar a capacidade de uma pessoa para deslocar.

Os problemas de mobilidade podem surgir como instabilidade ao andar, dificuldade em sentar e levantar de uma cadeira ou a ocorrência de quedas.

Existem problemas de saúde comuns nas pessoas mais velhas que podem contribuir para dificuldades com a mobilidade, tais como fraqueza muscular, problemas articulares, dor, doença e dificuldades neurológicas.

Por vezes, vários problemas ligeiros ocorrem de uma só vez e combinam-se para afetar seriamente a mobilidade.

O problema mais comum de mobilidade que os idosos enfrentam são as quedas.

As quedas produzem ossos partidos, contusões e o medo de cair. Os ossos mais velhos partem-se mais facilmente do que os mais novos, curam-se menos rapidamente e não recuperam tão completamente como os mais novos.

Se uma anca for fraturada, pode ser necessário usar bengalas, andarilhos ou cadeiras de rodas permanentemente. Quando uma pessoa mais velha cai, mas não sofre ferimentos graves, pode ainda ter dificuldade em levantar-se da queda.

As quedas são uma das principais causas de ferimentos e morte, pelo que a prevenção é importante. Uma das formas de prevenção é conhecer os sinais de problemas de mobilidade, para os puder evitar mais eficazmente.  

Há muitas medidas que se podem tomar para ajudar uma pessoa mais velha a manter-se o mais ativa e com a maior mobilidade possível, a forma mais eficaz de o fazer é adaptar qualquer intervenção a cada idoso.

Quer a intervenção seja a nível das alterações a fazer em casa ou à quantidade e tipo de exercícios para ganhar força e reforçar o equilíbrio, o mais importante é que o idoso seja respeitado nos seus limites e possa alcançar, assim, mais qualidade de vida.

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Referências: