Como podem os idosos gerir melhor várias doenças crónicas?

Como podem os idosos gerir melhor várias doenças crónicas?

As doenças crónicas como a asma, diabetes ou as doenças cardíacas, são condições a longo prazo que requerem cuidados médicos contínuos.

Uma grande parte das pessoas idosas tem mais de uma doença crónica, e os que têm múltiplas doenças crónicas também enfrentam outro tipo de situações, incluindo custos de saúde e de hospitalização mais elevados.

Muitos idosos fazem a gestão de três ou mais doenças crónicas e consultam vários médicos e especialistas, o que pode tornar mais difícil uma existência saudável e a maximização da qualidade de vida, especialmente desafiante.

No entanto, ainda se pode viver uma vida longa e preenchida mesmo que se tenham múltiplas doenças crónicas, desde que se administrem bem as mesmas.

Lidar com questões de saúde crónicas como diabetes, artrite, tensão arterial elevada e doenças cardíacas requerem consultas frequentes e, normalmente, medicamentos diários.

Em alguns casos, sobretudo quando os médicos têm uma agenda sobrecarregada é demasiado fácil para um médico ignorar o que outros médicos prescreveram, levando a possíveis tratamentos conflituosos ou a efeitos secundários negativos da medicação.

Assim, uma boa gestão das doenças crónicas é fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida aos idosos.

Quais são as doenças crónicas mais comuns?

Muitos idosos lidam com uma variedade de condições de saúde crónicas, mas algumas são mais frequentes do que outras.

As condições de saúde crónicas mais comuns que se verificam à medida que envelhecemos incluem:

  • Artrite  
  • Tensão arterial elevada ou hipertensão arterial
  • Doenças cardiovasculares
  • Diabetes
  • Cancro
  • DPOC
  • Asma

Uma grande parte das pessoas idosas vivem com pelo menos um problema de saúde crónico, enquanto uma percentagem mais pequena vive com pelo menos três.

Enquanto os idosos podem viver com muitas doenças crónicas, existem algumas combinações de doenças crónicas que são mais comuns do que outras.

As cinco combinações mais comuns são:

  • Hipertensão arterial e artrite
  • Pressão arterial elevada e doenças cardiovasculares
  • Tensão arterial elevada e diabetes
  • Tensão arterial elevada e cancro
  • Doenças cardiovasculares e artrite       

Quais são os desafios mais frequentes de lidar com várias doenças crónicas?

A gestão de múltiplas condições de saúde crónicas pode ser um verdadeiro desafio para os idosos, as famílias e os prestadores de cuidados.

Alguns desafios mais comuns com a gestão de múltiplos problemas de saúde são:

Tomar muitos medicamentos

Em média, os idosos com três ou mais doenças crónicas tomam até seis medicamentos. Estes medicamentos podem entrar em conflito uns com os outros, bem como com a gestão de outras doenças crónicas.

Por exemplo, os medicamentos para uma doença podem agravar os sintomas de outra, para a qual outro medicamento ou tratamento podem ser necessários. Estes medicamentos múltiplos podem contribuir para outros problemas de saúde significativos, bem como desafios financeiros.

Ter cuidados de saúde fragmentados

Muitos médicos são especialistas numa área, mas poucos são especialistas em muitas áreas. Para as pessoas idosas com múltiplas condições de saúde crónicas, isto pode significar ter de ver vários médicos especialistas separadamente.

Como resultado disto, acabam por ter consultas médicas mais frequentes e têm maiores necessidades de autocuidado, podendo por vezes receber conselhos contraditórios.

O ideal será haver uma sinergia entre o prestador de cuidados primários e possivelmente um médico geriatra para gerir as condições de saúde de forma holística, tendo em mente os objetivos de cuidados pessoais pretendidos.

Utilização mais frequente dos cuidados de saúde

Os idosos com múltiplas condições de saúde crónicas tendem a utilizar os serviços de saúde com maior frequência.

Os que têm pelo menos três problemas de saúde crónica utilizam os serviços de saúde três vezes mais frequentemente do que os idosos que não têm doenças crónicas.

É aconselhável fazer um planeamento dos cuidados de saúde que são necessários, que seja ajustado, revisto e melhor coordenado para evitar ter de utilizar os serviços de saúde com mais frequência do que o necessário.

Uma saúde mais precária

À medida que os idosos lidam com condições de saúde mais crónicas, o seu estado de saúde geral e o que é percecionado por eles diminui.

Por exemplo, entre os idosos que não têm doenças crónicas, a maioria declara, em geral, ter uma saúde excelente, muito boa ou boa. Muito poucos idosos com três ou mais doenças crónicas relatam sentir o mesmo.

Qualidade de vida reduzida

Como resultado de todos os desafios que advêm de ter múltiplas condições de saúde crónicas, os idosos têm geralmente uma qualidade de vida reduzida e menor capacidade de trabalho.

Para muitos pacientes idosos, a gestão das suas condições de saúde crónicas pode trazer fadiga, depressão e dor. Ter estratégias para gerir as condições de saúde crónicas ajudam a atenuar estes efeitos.

Quais são os profissionais que podem ajudar a gerir múltiplas doenças crónicas?

Para um idoso que estiver a gerir múltiplas condições de saúde crónicas, pode ser benéfico ter o apoio de uma equipa interprofissional.

A equipa pode ser composta por uma variedade de profissionais, mas frequentemente inclui um médico ou médico geriatra, enfermeiro, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional ou cuidadores de apoio domiciliário. Cada um destes profissionais tem conhecimentos e competências únicas que podem apoiar o idoso.

Embora todos estes profissionais possam apoiar, o idoso também deve tomar medidas para conhecer as suas condições de saúde e adotar estratégias para gerir os seus sintomas.

Prestador de cuidado primário

Todos os idosos devem tentar ter um prestador de cuidados primários, médico de família ou enfermeiro clínico que possa responder às necessidades gerais do idoso.

Estes profissionais podem proporcionar uma boa gestão das questões comuns que podem surgir no dia a dia das pessoas que vivem com múltiplas condições de saúde crónicas. 

Podem ajudar a coordenar o encaminhamento para prestadores de cuidados especializados, conforme o necessário.

Enfermeiros

Uma enfermeira ou enfermeiro pode apoiar o idoso através da partilha de conhecimento sobre os seus problemas de saúde, ajudando a gerir os sintomas e coordenando o acompanhamento médico e outros processos, tais como análises ao sangue.

Assistente social

Um assistente social pode ajudar a compreender, ligar e coordenar apoios e serviços locais, sociais e comunitários, tais como programas sociais, aconselhamento, alojamento, transporte, apoio a refeições e serviços de cuidados domiciliários.

Farmacêutico

Um farmacêutico é um especialista em medicamentos. Podem também fazer revisões de medicamentos para assegurar que os remédios são necessários e seguros, bem como ajudar a gerir melhor a toma de múltiplos medicamentos.

Fisioterapeuta

Um fisioterapeuta pode ajudar a melhorar e manter a capacidade física do idoso para se manter tão móvel e independente quanto possível e evitar o declínio funcional.

Terapeuta ocupacional

Um terapeuta ocupacional pode avaliar e pode também orientar as atividades diárias em casa ou na comunidade para assegurar que o ambiente que rodeia o idoso é concebido para ser de apoio e apropriado e que este tem a ajuda certa para conseguir completar as tarefas da forma mais independente possível.

Médico geriatra

Um geriatra é um médico especialista que é formado para apoiar as necessidades de saúde dos pacientes mais idosos, mas nem todos os idosos precisarão de consultar um médico geriatra.

Estratégias para gerir melhor múltiplas doenças crónicas

Muitos idosos com múltiplas condições de saúde crónicas esforçam-se para equilibrar a melhor forma de viver as suas vidas com as suas doenças.

É importante manter uma perspetiva saudável. Alguns idosos descobrem que mudar a sua própria visão das suas doenças, os ajuda a gerir melhor os seus sintomas.

Dar prioridade às doenças, regular a atenção que se presta à situação, e reenquadrar tarefas como formas de manter a independência e uma vida significativa são formas eficazes de gerir as condições de saúde crónicas.

Não ter uma rede social forte, por exemplo, pode ser uma barreira para gerir com sucesso múltiplas condições de saúde crónicas.

Da mesma forma que, ter um sistema de apoio social forte é fundamental. Ter família, amigos e cuidadores na vida diária pode capacitar o idoso para gerir melhor as suas condições e ajudar o idoso também a ter motivação e apoio para melhor cuidar de si próprio.

Há também medidas que se podem tomar para garantir que os prestadores de cuidados de saúde ajudem o idoso a gerir da melhor forma possível as suas condições crónicas de saúde.

Utilizar sempre a mesma farmácia para que esta possa acompanhar todos os medicamentos, e facilitar o envolvimento com o farmacêutico para garantir que compreende os medicamentos que o idoso toma.

Outro fator importante é evitar utilizar diferentes meios hospitalares e tentar concentrar os cuidados de saúde primários com um profissional, que pode fazer parte de uma equipa de cuidados interprofissionais com quem também pode trabalhar.

Quando o idoso for a qualquer consulta médica, deve levar uma lista de todas as doenças que tem e medicamentos que toma.

É melhor anotar previamente quaisquer perguntas que haja para garantir que sejam respondidas nas consultas.

Procurar encontrar mais informações sobre as doenças e como são melhor tratadas, bem como o que cada um dos medicamentos faz e qual a melhor forma de os tomar. Garantir também de que o idoso sabe a quem e quando deve pedir ajuda.

Os idosos que têm confiança na sua capacidade de autogestão das suas doenças têm frequentemente melhores resultados de saúde.

Quanto mais o idoso compreender e puder gerir as suas condições de saúde, melhor será e mais confiante estará na sua capacidade de gerir a sua saúde no futuro.

Outras estratégias

Informar o médico sobre as prioridades em matéria de cuidados.

Pedir medicamentos que funcionem melhor para o estilo de vida do idoso, necessidades específicas de saúde e conforto geral.

Medicamentos diferentes podem frequentemente alcançar o mesmo objetivo de tratamento, mas podem funcionar de formas diferentes e ter efeitos secundários diferentes.

Perguntar ao médico sobre compensações entre benefícios e riscos dos tratamentos e como cada opção pode afetar o conforto, o bem-estar geral e a saúde a longo prazo do idoso.

Nem sempre é melhor escolher a opção mais agressiva de tratamento. É importante manter uma mente aberta ao considerar diferentes opções de tratamento. Por vezes, gerir suavemente uma doença é uma abordagem melhor.

Dizer imediatamente ao médico se um tratamento não parece estar a funcionar ou se está a causar problemas.

Os idosos não devem ter de sofrer efeitos secundários ou interações medicamentosas que o médico não possa antecipar. Ao informar imediatamente o médico sobre problemas que surjam com medicamentos, este pode procurar alternativas mais adequadas.

Falar de forma clara quando não é percetível, se o plano de tratamento for demasiado complicado, confuso, ou pouco claro.

Antes de deixar o consultório do médico, o idoso deve receber instruções claras e detalhadas por escrito sobre novos medicamentos ou tratamentos e como adicioná-los à atual rotina diária.

Os intervenientes devem certificar-se de que o idoso compreende totalmente as instruções e que são tão simples e fáceis de seguir quanto possível.

Por exemplo, pode haver dúvidas tão diferentes como: este medicamento pode ser tomado ao mesmo tempo que outros medicamentos? A que horas do dia? Com o estômago cheio ou vazio?

Procurar ajuda com apoio domiciliário para garantir os cuidados.

O médico de cuidados primários e especialistas podem ajudar a tomar decisões sobre como gerir as várias doenças crónicas em casa, mas não estão com o idoso com frequência suficiente para o responsabilizar pelo plano de tratamento que acordaram em conjunto.

Os familiares ou os cuidadores ao domicílio, podem assumir este papel. Podem ajudar a verificar se o idoso está a tomar o seu medicamento adequadamente e na altura certa, monitorizar os seus sintomas e ir com ele às suas consultas médicas.

Este gestor de cuidados em casa pode falar diretamente com o médico, tendo conversas regulares com o médico e o idoso, entre as consultas para ver como está a correr o plano de gestão de saúde.

Pode também fazer perguntas sobre a medicação ou quaisquer outras preocupações de saúde que haja.

As pessoas com doenças crónicas são mais propensas a desenvolver depressão, mas o oposto também é verdade: as pessoas com depressão são mais propensas a desenvolver doenças crónicas.

Se existirem casos de depressão, ansiedade, raiva, stress ou outras emoções negativas, poderá ser necessário procurar a ajuda de um profissional de saúde comportamental.

Este profissional pode ajudar a compreender estes sentimentos e ensinar estratégias para lidar com eles.

Quando há dificuldades em manter a responsabilidade pelos objetivos de saúde e pelo plano de autogestão de sintomas, um profissional de saúde comportamental pode também ajudar a identificar obstáculos e encontrar estratégias para os ultrapassar.

É também importante fazer um acompanhamento dos sintomas e progresso da doença. Tomar notas sobre a própria saúde pode ser um instrumento muito útil para a melhorar a saúde.

O acompanhamento da saúde pode também dar ao idoso e aos seus prestadores de cuidados de saúde uma melhor imagem do progresso alcançado.

As aplicações no smartphone são uma ótima forma de monitorizar a saúde, mantendo o idoso responsável pelos objetivos e a acompanhar o seu próprio progresso. Para os menos experientes com a tecnologia, um bloco de notas ou um diário em papel pode ser igualmente útil.

Além disso, muitos sistemas de saúde, incluindo o Serviço Nacional de Saúde, oferecem ferramentas online e um painel de controlo de saúde pessoal online, que se pode utilizar para tomar notas, recarregar prescrições e enviar mensagens aos profissionais de saúde.

Outro fator a ter em conta é a atenção que se deve ter nas consultas médicas. Se o idoso tiver dificuldade em se lembrar o que quer ou o que precisa de dizer ao médico nas consultas, o melhor é escrever uma lista de antemão para refrescar a memória.

A lista deve incluir coisas como sintomas novos, melhores ou piores, efeitos secundários da medicação e quaisquer perguntas que o idoso tenha.

Ao sair da consulta médica é importante compreender os próximos passos do tratamento, que podem incluir:

  • Que novos medicamentos são para tomar
  • Como é que se tomam os medicamentos
  • Quando se deve parar ou retomar um medicamento
  • O que fazer se houver efeitos secundários

Nas consultas é importante identificar e comunicar as prioridades do idoso ao médico.

Decidindo o que é mais importante e comunicar, por exemplo, se o idoso não quiser um tratamento invasivo, mesmo que prolongue a sua vida mais do que outros tratamentos, o médico poderá ser capaz de encontrar uma alternativa menos invasiva e dar prioridade ao que é mais importante para o idoso.

Também é importante debater com o médico e cuidadores a possibilidade de fazer uma declaração escrita em que o idoso descreve como deseja os seus cuidados médicos numa situação em que não é capaz de comunicar os seus desejos.

Ter múltiplos problemas de saúde pode por vezes fazer os idosos sentir como se não tivessem controlo da sua vida. Nesta situação, pode ser útil fazer uma lista das coisas que a doença impede o idoso de fazer e encontrar uma solução criativa.

A doença pode dificultar a preparação de frutas e vegetais, por exemplo. Uma alternativa pode ser comprar comida pré-cortada para tornar as refeições mais fáceis. Quando há coisas que o idoso não consegue fazer, é importante que não tenha medo de pedir ajuda.

Conclusão

À medida que envelhecemos, desenvolvemos frequentemente doenças e condições que duram muito tempo, tais como diabetes, doenças cardíacas ou pulmonares e cancro.

Estas doenças crónicas são diferentes de doenças infeciosas como a gripe ou pneumonia, porque não podem ser transmitidas de uma pessoa para outra.

Muitos idosos, contudo, desenvolvem mais do que uma doença crónica e são obrigados a gerir múltiplas condições de saúde crónicas à medida que envelhecem.

Estas doenças podem sobrecarregar os idosos, as suas famílias, cuidadores e profissionais de saúde e outros prestadores de serviços, bem como os sistemas de cuidados de saúde.

O número de idosos com doenças crónicas continuará a aumentar em função do envelhecimento da população, da continuação da existência de fatores de risco e do impacto da medicina moderna.

Por causa disto é tão importante identificar e implementar estratégias para otimizar a saúde e a qualidade de vida das pessoas de idade, reduzindo ao mesmo tempo o peso que estas doenças têm na vida dos idosos.

Embora a gestão de múltiplas condições de saúde crónicas possa ser um desafio, existem estratégias que se devem aplicar para ajudar a enfrentar estas doenças e a encarar os desafios que elas podem causar.

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Referências:

  • Sinai Geriatrics
  • National Library of Medicine