Como estimular a autonomia e a independência nos idosos?

Como estimular a autonomia e a independência nos idosos?

O envelhecimento traz vários desafios relacionados com a mobilidade, capacidade física e questões relacionadas com a autonomia e dependência de outras pessoas, muitas vezes familiares ou cuidadores.

Ter a sensação de independência e autonomia para realizar as tarefas diárias é muito importante para os idosos, porque proporciona a sensação de controlo sobre a sua própria vida, evitando estados mentais mais depressivos e o sentimento de que são um fardo para a família e os outros em geral.

Assim, estabelecer uma rotina diária de acordo com a capacidade e disponibilidade do idoso, é essencial para manter a qualidade de vida e o bem-estar emocional e mental, preservando a sua autonomia e independência.

Embora, o primeiro instinto seja retirar ao idoso as tarefas diárias para não o sobrecarregar e simplificar a realização dos afazeres diários, o ideal é deixar que seja o próprio idoso a elaborar a sua própria rotina e a decidir o que pode ou não realizar, dando-lhe capacidade de escolha.

Se necessário, pode ser feita uma anotação escrita das tarefas, colocada num lugar visível e de fácil acesso, para ajudar a organizar e a lembrar o que tem que se feito diariamente.

O mais importante é não limitar a sensação de independência e autonomia do idoso para que possa manter também a sensação de controlo sobre a sua própria vida e assim ter uma melhor qualidade de vida.

Diferenças entre autonomia e independencia

Ainda que autonomia e independência possam parecer a mesma coisa, na vida dos idosos têm significados e consequências diferentes:

 Autonomia

A autonomia designa a capacidade de tomar decisões, de ter agência sobre os seus próprios atos e escolhas, estado relacionada com a aptidão mental.

Independência

A independência refere-se à capacidade de realizar as tarefas do dia a dia sem precisar de ajuda de terceiros, estando mais relacionada com a aptidão física.

De que forma uma vida independente promove a independência dos idosos?

Embora possa parecer contraintuitivo, a mudança para uma comunidade onde existam outros idosos, pode na realidade ajudar a promover a independência dos idosos.

Estas situações proporcionam os recursos e comodidades de que os adultos mais velhos necessitam para manter a sua autonomia física, mental e social.

Viver no seio de uma comunidade mais alargada e de forma independente reduz os riscos de segurança dos idosos.

Na maioria das vezes as pessoas que se aproximam da reforma querem ficar nas suas casas à medida que envelhecem. Mas as casas podem ter escadas, degraus elevados e outros riscos potenciais.

É necessário fazer alterações na casa e instalar rampas, portas alargadas para acesso a cadeiras de rodas e elementos de segurança nos quartos e casa de banho como barras de apoio e alarmes de emergência, permitindo aos idosos com mobilidade limitada continuar com segurança a sua rotina diária.

Estas comodidades podem evitar quedas, fraturas da anca e outras lesões que diminuem a independência física a longo prazo.

Outros fatores importantes para manter a independência dos idosos é promover a saúde física com exercícios e incluir atividades para promover o movimento diário, força e bem-estar físico.

Alguns exemplos podem ser aulas de tai chi, aeróbica aquática, yoga, e até mesmo cárdio, com um treino de corpo inteiro que envolve dançar enquanto se imita os movimentos do tambor com música.

As atividades de vida independente apoiam a capacidade de escolha do idoso. A capacidade de fazer escolhas diárias é um aspeto importante da independência dos mais velhos.

Atividades com outros idosos, são também muito importantes, como passar férias em grupo, organizar passeios em grupo, visitar museus, fazer piqueniques ou outras atividades.

O facto de os idosos poderem ter a capacidade de fazer escolhas também ajuda a saúde. Os idosos que escolhem as suas próprias atividades não só promovem a sua própria independência, como também reduzem a depressão e outras preocupações de saúde mental.

A autonomia e uma vida mais independente leva a um tempo de reforma mais feliz e a um envelhecimento mais saudável.

Como estimular a autonomia e a independência dos idosos

Nem todos as pessoas querem ter uma vida completamente independente, sobretudo se tiverem alguma doença crónica.

Mas, é possível encontrar formas de ajudar o idoso a manter-se independente durante o máximo de tempo possível na sua própria casa. É possível estimular o espírito independente do idoso, encorajando-o a permanecer envolvido na vida familiar e nas suas atividades favoritas.

Podem ser encorajados a experimentar coisas novas. Muitas pessoas idosas têm uma rotina definida. Aproveitar para usar o tempo da reforma como uma oportunidade para mudar e explorar interesses que possam não ter sido desenvolvidos antes.

Idas ao museu, aula de pintura ou de cerâmica, ver documentários sobre história ou ir ao cinema, são tudo boas opções para estimular uma vida com mais energia e entusiasmo.

Outro fator a ter em conta é a promoção de sentimentos de realização. Considerar projetos orientados para resultados que possam oferecer uma sensação de realização, como artesanato, decoração, ou mesmo limpeza da casa.

A sensação de um trabalho bem feito pode não só dar grande satisfação como providenciar uma maior confiança e sensação de controlo para o idoso.

Participar na tomada de decisões e planos é outro fator que estimula a autonomia dos idosos. Ter uma palavra a dizer nas decisões diárias ajuda os idosos a manterem-se independentes.

Quer seja escolher os jantares favoritos, escolher um filme, ou planear saídas em família, dar ao idoso a oportunidade de contribuir de alguma forma para a família é um fator essencial.

Algumas dicas simples são uma boa estratégia para manter a autonomia e independência dos idosos:

Estabelecer uma agenda pessoal

Organizar um plano semanal ou mensal para agendar as idas ao médico, toma de medicamentos, realização de exames médicos e outros compromissos, realizados sempre pela mesma ordem e devidamente anotados numa agenda acessível, vai trazer uma sensação de segurança ao idoso e proporcionar ao mesmo tempo, uma melhor fluidez do dia a dia.

Identificar e definir a ajuda disponível

Saber quem ou o que pode ser alcançado facilmente em caso de necessidade de ajuda, é importante para dar confiança ao idoso de que tem condições para ser autónomo e caso precise tem ajuda disponível.

Proporcionar a reciprocidade

O reconhecimento de que o idoso também pode ajudar os outros e não está apenas dependente de ajuda, é muito importante para dar significado e propósito à vida e experiência dos idosos.

Fazer coisas sozinhos

Tratar de pequenas tarefas diárias como a alimentação ou higiene para si próprios e sozinhos, reforça o sentimento de autonomia e independência.

Higiene

Fazer a sua própria higiene é excelente para estimular cognitivamente o idoso.

Outras tarefas relacionadas com a higiene podem também ser adicionadas à lista de tarefas diárias.

Entre elas estão a recolha dos utensílios necessários à higiene, a sua organização por utilidade ou por cor, a sequencia pela qual a higiene é feita, ir soletrando os nomes das marcas dos artigos usados, como o gel de banho ou a pasta de dentes, enquanto são usados, por exemplo.

É importante ter atenção ao piso da casa de banho e verificar as superfícies molhadas para evitar o risco de quedas ou lesões.

Alimentação

A preparação dos alimentos e a alimentação do idoso deve ser feita de acordo com a capacidade física e mental do idoso é outro elemento essencial para preservar a autonomia.

Caso não seja possível realizar a tarefa sozinho, o idoso pode participar na sua confeção, separando os ingredientes ou colocando os mesmos em determinados locais.

Seguir as indicações de uma receita e comunicando as mesmas, escolhendo receitas ou descrevendo o processo de confecionar os alimentos, entre outras. O objetivo é manter o idoso envolvido, atento e utilizar a tarefa para socializar.

Vestuário

A escolha da roupa para vestir no dia a dia de acordo com o tempo, a temperatura e a estação do ano, é um excelente exercício cognitivo.

Outras atividades mais complexas podem ser a combinação de cores, a escolha de adornos ou adereços.

Poder escolher o vestuário e o ato de se vestir sozinho proporcionam ao idoso uma sensação de controlo sobre as suas decisões, capacidade de estar ativo e envolvido no que a si diz respeito, contribuindo para a sua autoestima e bem-estar. 

Adaptação da casa

Questões relacionadas com a mobilidade e capacidade física levam muitas vezes à necessidade de alterar divisões ou acessos no domicílio. Pode ser necessário adquiri um elevador de escada, veículo de transporte pessoal, cama articulada, andarilhos, cadeiras de rodas, bengalas, entre outros.

As quedas são uma das principais razões que levam os idosos para o hospital e uma grande percentagem destas quedas acontecem em casa. Neste sentido, garantir que o idoso vive numa casa segura e adaptada às suas necessidades é fundamental.

Socialização e lazer

A opção de escolher a companhia que quer ter, com quem e onde socializar, são importantes para manter a sensação de pertença e de integração social na comunidade.

Por outro lado, as atividades de lazer ao ar livre proporcionam importantes estímulos cognitivos e motores. O convívio com amigos e familiares são importantes para manter os laços a um sistema de suporte e para o bem-estar geral. Encorajar as ligações

A independência não é solidão. E a solidão pode ser fatal, com alguns estudos a demonstrar que a sensação de extrema solidão pode aumentar em 14% as hipóteses de um adulto mais velho morrer prematuramente.

É por isso que, se deve encorajar os idosos a permanecerem socialmente ativos. Manter as amizades antigas e cultivar outras novas, não só ajuda a afastar a solidão, como também pode ajudar os mais velhos a manter um sentimento de importância e independência.

O mais importante é estimular a fazer novas ligações, promovendo a interação social de acordo com os interesses e preferências dos próprios idosos.

Manter a segurança

Uma doença física ou uma lesão pode ter um impacto significativo na capacidade de uma pessoa idosa de se manter independente.

Embora alguns dos aspetos degenerativos do envelhecimento sejam difíceis de prevenir, os acidentes não são, por isso é aconselhável tomar consciência de como os acidentes acontecem e como podem ser evitados.

Um dos acidentes mais comuns sofridos pelas pessoas idosas é a queda. De facto, todos os anos, uma em cada quatro pessoas com mais de 65 anos de idade sofre uma queda.

Desta forma, manter a segurança do idoso com a instalação de barras de apoio nas casas de banho, reparar o chão irregular e a utilização de uma bengala ou um andarilho, pode ajudar a reduzir significativamente o risco de queda.

Outras medidas de segurança que devem ser implementadas incluem a manutenção de alarmes de fumo e incêndio, manter os medicamentos devidamente classificados e equipar os fogões e fornos com componentes que sejam fáceis de usar e de ver.

Incentivar a utilização da tecnologia

Por causa da Internet, o mundo vive cada vez mais numa era de conectividade, onde se pode conversar com amigos ou mesmo desconhecidos de todo o mundo.

A tecnologia pode ter muitos benefícios para os idosos, particularmente para os que têm limitações físicas que dificultam a sua saída de casa.

Os idosos podem explorar as redes sociais, mas com a garantia de que têm, não só uma compreensão da tecnologia, como também acesso a dispositivos com botões grandes e ecrãs facilmente legíveis.

Os idosos também devem utilizar as tecnologias concebidas para os ajudar a permanecerem mais seguros e a viverem mais facilmente.

A utilização de dispositivos para que possam pedir ajuda, casas com sistemas que permitam o fecho de portas e o ajuste da iluminação com o toque de um botão.

E dispositivos de monitorização da saúde com acesso à Internet que possam detetar um problema de saúde antes que este se torne uma crise podem ser soluções para ajudar os idosos a manter uma vida independente.

Poderem expressar-se

Quem se sente impotente ou incapacitado, não se pode sentir independente. Desta forma, não é demais reforçar a necessidade de o idoso tem uma palavra a dizer nas escolhas que afetam a sua vida.

Desde as questões de saúde, passando por dieta e exercício, os idosos têm o direito de decidir o que querem.

No caso particular dos cuidadores, estes devem tratar os idosos com um alto nível de respeito e dar autonomia na mesma porporção que dariam a qualquer outro adulto.

Conclusão

Ser capaz de tomar as próprias decisões e de levar a vida diária de acordo com os próprios valores e preferências é fundamental para a dignidade em qualquer idade, incluindo as pessoas mais velhas. Todas as pessoas têm direito à sua autonomia e independência.

Mas para muitas pessoas mais velhas, a autonomia e independência que tiveram no início das suas vidas é retirada na velhice.

Frequentemente isto acontece porque as outras pessoas pensam que já não podem tomar as suas próprias decisões ou ignoram-nas quando o fazem.

Como o envelhecimento afeta a saúde, a mobilidade e a memória, os idosos podem ter dificuldade para sentir que têm o controlo sobre a sua vida quotidiana.

Mas a independência dos mais velhos pode ajudar a manterem um sentido de autonomia, mesmo à medida que as circunstâncias mudam.

Algumas marcas da independência, tais como conduzir em segurança e viver sozinho, podem não ser possíveis de concretizar depois de uma certa idade ou quando existem determinadas condições físicas ou mesmo doenças.

No entanto, mesmo a tomada de decisões básicas e a conclusão de tarefas podem oferecer um sentido de realização que aumenta a autovalorizarão, autoestima e o bem-estar dos idosos.

Para que os idosos possam ser independentes é importante que tenham a oportunidade de fazer escolhas todos os dias. Capacitar os idosos a tomar decisões diárias promove um envelhecimento saudável e melhora o bem-estar na fase final da vida.

As pessoas idosas que se sentem autossuficientes, seja num lar de idosos ou em casa, podem ter menos probabilidades de ser diagnosticados com doenças crónicas e mais probabilidades de terem uma melhor saúde.

Por exemplo, ter acesso a um transporte permite aos idosos escolher onde querem fazer compras e que médicos preferem ir.

Uma cozinha mais acessível permite cozinhar os alimentos preferidos. Continuar as suas rotinas diárias ou a fazer ajustamentos para melhor apoiar os estilos de vida que desejam nesta fase da vida são fatores muitos importantes.

Algumas pessoas idosas querem continuar a cozinhar e a limpar as suas casas, enquanto outras nunca mais querem fazer um jantar em casa ou tratar da roupa, cabe a cada idoso fazer as suas próprias escolhas do que querem ou não fazer.

Um serviço de apoio domiciliário ou a ajuda de um enfermeiro, pode ser importante quando os idosos não querem, ou não podem fazer as tarefas domésticas.

Ao ter independência, os idosos estão também a reduzir o isolamento social. A independência não tem de ser o mesmo que solidão.

O isolamento social e a solidão podem levar a uma saúde mental e física debilitada nos idosos e embora a escolha de envelhecer na própria casa possa parecer uma escolha independente, muitas vezes pode também limitar as oportunidades sociais e aumenta o isolamento.

A falta de acesso a transportes, a mudança de bairro e a morte de amigos podem dificultar a manutenção de uma vida social enquanto o idoso vive sozinho.

Desta forma, se o idoso viver inserido numa comunidade mais alargada pode ao mesmo tempo manter a sua independência e evitar o isolamento.

O mais importante é que a autonomia e independência não seja sinónimo de situações negativas, mas sim uma afirmação da dignidade, segurança e conforto dos idosos.

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Referências:

  • Aged Care
  • HelpAge International