Terapia ocupacional: como pode ajudar os idosos?

Terapia ocupacional: como pode ajudar os idosos?

Uma das circunstâncias mais difíceis do processo de envelhecimento é perder a capacidade de fazer coisas que antes eram mais simples de fazer e alcançar.

Quando as pessoas perdem a capacidade de completar tarefas quotidianas, tendem a sentir-se confusas, frustradas, e por vezes até envergonhadas.

No entanto, há maneiras de ajudar os idosos a ganharem mais controlo sobre a sua vida, nomeadamente através da terapia ocupacional.

Um programa de terapia ocupacional feito de acordo com as circunstâncias especificas de cada idoso, pode dar a oportunidade de recuperar alguma independência.

A terapia ocupacional é um processo que envolve ajudar pessoas em todas as fases da vida, desde crianças a idosos, a desenvolver, manter, ou recuperar as competências de que necessitam para as atividades diárias ou ocupações, que são significativas e necessárias.

O tipo de terapia ocupacional que uma pessoa recebe varia muito em função das suas necessidades. Por exemplo, uma pessoa idosa com Parkinson receberá um tratamento diferente do que uma pessoa com outra doença.

Os terapeutas ocupacionais também educam e trabalham com a equipa mais alargada que dá apoio à pessoa como, os prestadores de cuidados, enfermeiros ou fisioterapeutas, para garantir que todos trabalham em conjunto o programa de cuidados do idoso.

Todos os dias as pessoas realizam tarefas ou atividades essenciais ao seu dia a dia. Estas atividades podem ser mais ou menos complexas, mas um fator importante, é o significado que têm e as caraterísticas especificas e únicas que dizem respeito a cada pessoa.

Quando as pessoas se encontram numa situação em que não conseguem ou não podem executar estas tarefas, a terapia ocupacional pode ser uma ferramenta essencial para ajudar a cuidar e a ultrapassar este tipo de situação.

Apesar de ser um tipo de terapêutica que tem conhecido uma expansão significativa internacionalmente, em Portugal, a terapia ocupacional ainda é relativamente desconhecida. De uma forma geral, não se sabe bem como pode ser feita e em que áreas pode atuar.

No entanto, quer seja através do apoio a pessoas com disfunções neurológicas incapacitantes ou degenerativas, distúrbios de aprendizagem ou de coordenação, transtornos mentais, disfunções motoras e de mobilidade, ou a recomendação de produtos ortopédicos e serviços, esta terapia pode ajudar todas as faixas etárias e todas as camadas da população, estimulando a autonomia, independência e o autocuidado.

Terapia ocupacional o que é?

A terapia ocupacional é um processo de intervenção desempenhada por profissionais de saúde que aplicam conhecimento para uma atuação que abrange também as áreas sociais e educacionais, centrando-se no tratamento e reabilitação das pessoas, promovendo o seu bem-estar e qualidade de vida.

O objetivo principal é facilitar a realização das atividades do dia a dia e capacitar as pessoas que se encontram incapacitadas para o fazer.

Isto pode ser devido a razões clínicas, quer sejam derivadas de condições motoras, sociais, emocionais, cognitivas ou sociais, que podem ser resultado de acidente, lesão ou doença, complicações congénitas ou hereditárias ou decorrentes do processo de envelhecimento.

A terapia ocupacional capacita as pessoas de toda as idades para a ocupação, atuando em conjunto com organizações e pessoas no sentido de otimizar a atividade e a participação social.

Promovendo, para isso, a capacidade de qualquer individuo, comunidade ou organização para organizar, escolher ou desempenhar atividades ou ocupações, consideradas significativas de forma satisfatória pelos mesmos.

Quais são os tipos de terapia ocupacional?

Como a terapia ocupacional abrange muitas áreas do conhecimento e de intervenção, tendo em conta as condições particulares de cada pessoa, o grau de incapacidade, a disfunção ocupacional e a sua integração social, esta terapia apresenta diferentes modelos ou tipos de atuação. Eis alguns exemplos:

Desempenho ocupacional

Capacitação da pessoa para o desempenho de tarefas do dia a dia de forma satisfatória e de forma adequada às suas condições.

Reabilitação

Ajudar a pessoa a manter ou a recuperar a sua independência e autonomia nas atividades diárias independentemente da sua natureza.

Intervenção biomecânica

As atividades são adaptadas às especificidades do individuo e adequadas às limitações de movimento apresentadas por este.

Intervenção comportamental

Ajudar a desenvolver comportamentos adaptativos e adaptados que ajudam a funcionar mais eficazmente nas atividades diárias.

Intervenção Cognitiva

Atuação em casos de incapacidade cognitiva que resultam de doença mental e impedem a realização de atividades diárias.

Intervenção em neuro-desenvolvimento

Utilizada em doentes que sofreram AVC, por exemplo, ajudando a desenvolver posturas corporais, tónus muscular e movimentação corporal, visando a reabilitação.

Integração sensorial

Implica uma aprendizagem sensoriomotora assente nas informações sensoriais que resultam da interação com o meio ambiente, integrando a informação para organizar as tarefas.

Para que serve a Terapia Ocupacional?

O objetivo primordial da desta terapia é encontrar e desenvolver os meios necessários para que as pessoas consigam ter autonomia e independência, ao mesmo tempo que utilizam todo o seu máximo potencial.

Neste sentido, são avaliadas todas as atividades que não podem ser realizadas pelo individuo de uma forma abrangente.

Tendo em conta todos os parâmetros da sua vida quotidiana como o trabalho, lazer ou as atividades em casa, e trabalhar no sentido de encontrar as melhores soluções para garantir a autonomia e independência do individuo.

A aplicação da terapia ocupacional tem ainda em conta, a compreensão e análise das estruturas, funções ou atividades que exercem limitações na vida da pessoa, desenvolvendo posteriormente um plano de intervenção ajustado e adequado ao individuo, atuando de forma personalizada nas condições concretas da sua situação.

Este plano de intervenção engloba o desempenho de atividades ou funções que sejam significativas para a pessoa e possam também desenvolver competências e estimular o interesse da pessoa no seu próprio processo de reabilitação, tornando-o parte ativa em todo esse processo.

No plano de intervenção estão englobadas, entre outras, atividades tão diferentes como:

  • Adaptação de utensílios, mobiliário e outros aspetos do domicílio
  • Treino ou organização de atividades diárias que apresentem dificuldades para a pessoa
  • Aconselhamento sobre alterações ou adaptações ao ambiente circundante onde são realizadas as atividades
  • Orientação e acompanhamento de cuidadores

Quais são as áreas de intervenção?

A terapia ocupacional faz intervenção em grupos populacionais distintos com o objetivo de capacitar e restaurar a autonomia das pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou permanentes de inserção e participação na vida social ou pessoal e quotidiana.

Os terapeutas ocupacionais podem atuar em várias frentes: na prevenção, capacitação e reabilitação da saúde, em toda as situações em que há disfunção ocupacional das atividades diárias, ou seja, quando não é possível realizar satisfatoriamente todas as atividades de trabalho, lazer e autocuidado.

Devido à sua abrangência, esta terapêutica pode ser aplicada em áreas muito diferentes:

Reabilitação física

Em situações de incapacidade física devido a doença, lesões ou condições neurológicas

 Pediatria ou terapia ocupacional infantil

Quando há dificuldades no desenvolvimento da criança, ou outras condições como o autismo, paralisia cerebral e outras.

Saúde mental

Nos casos de doença mental incapacitante como a esquizofrenia, doença bipolar ou outras.

Envelhecimentoh3

Em todas as situações incapacitantes que resultam especificamente do envelhecimento, como a doença de Alzheimer, Parkinson, demência ou outras.

Contexto social

Intervenção para capacitar redes de apoio social a grupos mais desfavorecidos economicamente e reinserção social.

Medicina do trabalho

Intervenções para melhorar a saúde dos trabalhadores e adaptações necessárias no posto de trabalho.

Ambiente hospitalar

Apoio a doentes terminais e à área neonatal, entre outros.

Como pode a terapia ocupacional ajudar?

A terapia ocupacional tem muitos benefícios e abrange tanto as crianças como os adultos e os idosos.

Por isso, pode ser uma ajuda importante para promover a saúde física, mental e social, levando à participação em atividades que permitem não só desenvolver competências como também adquirir novos conhecimentos.

Bem como, evitar pequenos acidentes ou quedas e ter ajuda para perceber quais os melhores produtos de apoio ou adaptações necessárias em casa, entre outras.

Mas, sobretudo se é necessário definir um plano de ocupação para a reforma ou assegurara um envelhecimento mais saudável e seguro.

O terapeuta começa por observar o desempenho nas atividades que apresentam dificuldades para serem executadas e de seguida irá elaborar um plano de intervenção para que essas atividades possam ser executadas mais facilmente, com uma atribuição de significado e de forma menos dolorosa.

Quando necessário, o terapeuta explica a importância de alterar a disposição de objetos ou móveis em casa, a retirada de tapetes, recomendação de produtos de apoio e como fazer as tarefas sem provocar lesões.

Depois de debatidos os objetivos principais da terapia para cada caso específico, o terapeuta elabora o plano de intervenção, identificando as situações que afetam negativamente o desempenho ocupacional e quais as adaptações e ajustamentos necessários para alterar a situação.

A intervenção pode envolver alterações na rotina para criar um maior equilíbrio ou para prevenir o isolamento social, sempre com o objetivo primordial de aumentar a sensação de eficácia pessoal, motivar para a execução das atividades, ultrapassando as dificuldades e valorizar a identidade pessoal do individuo.

São muitas as formas como a terapia ocupacional pode ajudar:

Facilitar a autonomia nas atividades diárias

Como a alimentação, higiene pessoal, vestir, entre outras.

Estimular a cognição

Através de atividades de melhoramento da memória, resolução de problemas e da atenção, por exemplo.

Aumentar ou reabilitar as competências motoras

Com o desenvolvimento da força muscular, coordenação de movimentos, destreza física ou outras.

Estimular os sentidos

Através da interação com o meio ambiente.

Adaptar ao meio circundante

Identificação de barreiras à mobilidade ou alterações necessárias em casa.

Aconselhar

Indicação de produtos de apoio e de como os usar.

Exemplos de atividades que podem ser aplicadas com a terapia ocupacional e que ajudam a reabilitar a pessoa e ganhar um maior controlo sobre a sua própria vida:

  • Utilização de ferramentas terapêuticas como jogos ou brincadeiras
  • Utilização de estímulos sensoriais como imagens, sons, cheiros, sabores ou movimentos
  • Treino de atividades e divisão de tarefas com pistas ou pequenos lembretes
  • Ensino de técnicas de como cortar alimentos, como usar o computador ou como usar equipamentos que ajudam no dia a dia
  • Criação de plano de procura de emprego e treino de como proceder numa entrevista

Como se pode aceder à terapia ocupacional?

Como esta terapia se aplica a diferentes grupos populacionais e abrange uma grande variedade de situações clínicas, o acesso a terapeutas ocupacionais também se distribui por diferentes locais e organizações.

Assim, pode-se ter acesso a terapeutas ocupacionais em:

  • Clínicas médicas
  • Hospitais
  • Creches
  • Escolas
  • Centros de dia
  • Centros de saúde
  • Associações ligadas à reabilitação e ao apoio de pessoas deficientes
  • Domicílio
  • Empresas que fornecem produtos de apoio e ajuda especializada

Quais são os dispositivos mais importantes usados na terapia ocupacional?

Uma das funções dos terapeutas ocupacionais é a recomendação de produtos ou dispositivos que podem ajudar a uma maior independência e autonomia. Os terapeutas também podem treinar a utilização destes equipamentos ou ajustá-los à pessoa para uma utilização mais eficaz. 

Alguns dos equipamentos que podem ser recomendados são:

Órtoteses

São equipamentos que suportam articulações, ligamentos, tendões, músculos ou ossos. 

Grande parte destes produtos são personalizados a partir das necessidades e da anatomia de cada pessoa.

São frequentemente usados em sapatos, transferindo o peso da pessoa para diferentes partes do pé para compensar a perda de função, para ajudar a suportar o peso ou para aliviar a dor e promover apoio e evitar o desenvolvimento de complicações.

Talas

Ajudam a evitar que articulações fiquem paralisadas em posições fletidas ou dobradas.

Este tipo de situação acontece por vezes quando há artrites ou um AVC em que os as pernas ou os braços podem dobrar e acabam paralisados nesta posição, com a tala o membro fica direito, evitando a paralisação da articulação.

Equipamentos de auxílio ao movimento: estes dispositivos ajudam a caminhar e podem ser andarilhos, muletas ou bengalas. Ajudam a pessoa a apoiar o seu peso e a manter o equilíbrio.

Cadeiras de rodas

As cadeiras de rodas permitem a mobilidade às pessoas que não se podem deslocar. Os modelos motorizados facilitam a mobilidade em superfícies irregulares e a subir ou descer degraus. As cadeiras de conforto também podem ser uma ajuda importante.

Scooters de mobilidade

São equipamentos móveis com volante. Têm controle de velocidade e podem fazer movimentos em várias direções. Podem ser usados dentro e fora de edifícios, mas não são aconselhados em escadas ou pavimentos desnivelados.

Próteses

São equipamentos que substituem partes do corpo, sobretudo as pernas ou braços. Podem ser encontrados numa loja de ortopedia.

Conclusão

Para os idosos a recuperar de uma doença ou lesão, realizar atividades diárias pode ser um desafio. Esta situação engloba muitas tarefas, como tomar banho, vestir, cuidar de higiene, comer, ir à casa de banho e fazer a gestão geral da casa.

Quando os idosos são incapazes de realizar estas tarefas diárias, isto pode levar a que se sintam frustrados, sobrecarregados.

Devido a isto, os idosos podem ser menos propensos a socializar com os outros e fazer coisas que gostam, o que, por sua vez, pode levar à depressão, isolamento e solidão.

Para ajudar a superar estes desafios diários, os terapeutas ocupacionais ajudam os idosos a aprender a realizar exercícios e técnicas de reabilitação que facilitam a realização de tarefas da vida diária.

Estas atividades da vida diária incluem caminhar, vestir, tomar banho, comer e ir à casa de banho.

Os terapeutas ocupacionais ajudam os idosos a melhorar as suas capacidades motoras básicas, força, destreza, amplitude de movimento e mobilidade.

Ao melhorar gradualmente estas competências-chave, os idosos podem mais facilidade completar as tarefas diárias e recuperar em segurança a sua independência.

A terapia ocupacional pode, assim, ajudar as pessoas de todas as idades a melhorar a capacidade de realização de tarefas diárias significativas, ou seja, com relevância para a vida das pessoas, que num dado momento se encontram incapacitadas para as realizar.

As tarefas incluem rotinas básicas como comer ou tomar banho, ou atividades mais complexas como preparar refeições, toma de medicamentos ou mesmo tarefas relacionadas com o trabalho.

O terapeuta ocupacional pode atuar em áreas tão diferentes como a neurologia, saúde mental ou reabilitação física. Isto deve-se ao facto desta terapêutica ter um foco de intervenção na ocupação, que é um aspeto transversal a todas as idades, profissões e áreas, já que as pessoas se dedicam a diferentes ocupações ao longo da vida.

A capacidade para desempenhar estas ocupações pode ficar comprometida em algum momento no percurso de vida.

O terapeuta ocupacional pode, através da observação e análise, identificar estes entraves à mobilidade ou à capacidade e estabelecer um plano de intervenção para corrigir ou ajustar as circunstâncias ou o ambiente envolvente à situação de cada individuo. 

No caso dos idosos, a terapia ocupacional tem um papel preponderante para manter a envolvência dos seniores com a vida em geral, ajudando a encontrar propósitos e significados nas rotinas diárias.

Bem como, facilitando o apoio necessário à reabilitação necessária, possibilitando uma maior qualidade de vida com mais autonomia e independência, o que por sua vez irá fortalecer a sua autoestima e bem-estar. 

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Referências:

  • Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais
  • World Federation of Occupational Therapists