Dicas de comunicação com os idosos

Dicas de comunicação com os idosos

Em muitas situações os papeis entre pais e filhos revertem-se quando os progenitores atingem uma idade mais avançada.

É frequente os idosos não quererem ouvir o que os filhos, ou mesmo os cuidadores, têm para dizer, especialmente se forem recomendações sobre saúde ou alimentação.

Pode ser frustrante e até assustador quando se tenta comunicar algo importante aos idosos e eles não ouvem nem aceitam o que se está a dizer.

Muito frequentemente, subjacente a isto está uma tentativa de adaptação às mudanças nas circunstâncias de vida dos mais velhos, causadas pela idade.

Os idosos autossuficientes que criaram famílias, geriram empresas e a sua própria vida, enfrentam na idade mais avançada, a circunstância de que já não podem viver a vida da forma que desejam.

Desta forma, é muito importante estabelecer uma boa comunicação com os idosos para que seja possível facilitar questões mais difíceis que possam surgir na vida e a tomada de decisões importante para o bem-estar do idoso.

O apoio ao envelhecimento traz uma série de desafios e as questões de comunicação são essenciais. Muitos adultos que cuidam dos pais idosos, por exemplo, acreditam que os seus pais são teimosos em seguir os seus conselhos ou obter ajuda nas tarefas diárias.

Embora se possa pensar que os idosos estão a agir como crianças pequenas, eles não são crianças. São adultos e qualquer conversa que se tenha com os idosos terá de primar pelo respeito e consideração.

Dicas de comunicação com os idosos

Em qualquer comunicação com as pessoas idosas, além do respeito, paciência e cuidado, há outro fator importante a ter em conta: a melhor abordagem talvez seja falar com elas e não falar para elas.

Eis algumas dicas de comunicação com os idosos:

Compreensão das motivações

O envelhecimento é um processo difícil para praticamente toda a gente. Muitos idosos vivem com demência ou problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão

Aprender como dizer a um idoso que precisa de ajuda através da incorporação dos seus sentimentos pode ajudar a comunicação com eles.

Perceber e respeitar a sua autonomia também é importante. Identificar as causas profundas do comportamento dos idosos pode ajudar a identificar a melhor forma de fazer mudanças positivas.

Algumas perguntas que podem ajudar a perceber a motivação por trás do comportamento são:

  • Será que este comportamento acontece por hábito?
  • Haverá por parte do idoso o medo de perda de independência?
  • Estará a sofrer de depressão ou ansiedade?
  • Está confuso ou tem demência?
  • O que poderá ser que o está a assustar?

Uma das primeiras considerações é compreender o que pode estar a causar o comportamento, especialmente se este for negativo.

Embora nem sempre seja o caso, irritabilidade, raiva e mesmo confusão podem ser sinais de depressão, especialmente nos mais velhos.

A depressão pode ser especialmente complicada, pois pode estar relacionada com a frustração nos esforços encetados para comunicar.

Uma das formas como a depressão se desenvolve é a falta de motivação, a perda de interesse em atividades normais e o desespero.

Desta forma, não é tão fácil lidar com um idoso rabugento ou uma idosa que sofre de depressão. Por vezes a única solução é procurar apoio e falar com alguém que pode ajudar a tratar deste tipo de situação.

Muito frequentemente, só porque se sabe que existe uma causa subjacente, não facilita automaticamente a sua resolução.

Mesmo que um idoso não esteja clinicamente deprimido, a raiz da sua negatividade pode ser as perdas porque está a passar ou já passou. Pode estar isolado e não ter muito em que se concentrar, exceto as suas dores e os seus problemas.

O desconforto físico conduz, frequentemente, também à irritabilidade.

Aceitar a situação

Embora possa haver preocupação e cuidado com o idoso, este tem o direito de controlar a sua vida e a opções de cuidados que pretende ter. Ainda que possam tomar decisões erradas, têm o direito de o fazer.

Aceitar isto, por mais difícil que seja, pode ajudar a diminuir o stress e até a melhorar a comunicação e a relação com os idosos.

Escolher as batalhas

Geralmente, as pessoas não respondem bem a incómodos, reais ou percebidos. A longo prazo, pode ajudar a que um cuidador deixe de insistir que os idosos façam determinadas coisas como atualizar os dados no telefone, ir a uma aula de fitness ou completar outras tarefas benéficas, mas não essenciais.

Uma boa estratégia é decidir primeiro quais são as questões mais importantes e focar a atenção nelas, pelo menos inicialmente. As questões que envolvem a segurança, por exemplo, devem ter a máxima prioridade.

Embora várias questões possam ser válidas e pertinentes, será melhor não as comunicar todas de uma só vez, para aumentar a probabilidade de serem levadas mais a sério por parte do idoso.

Capacidade de encaixe

Por vezes não vale a pena contrariar as vontades, embora possam parecer despropositadas.

Pode ser difícil ter que aceitar que se podem evitar alguns erros ou incidentes, mas em vez de insistir, o melhor é desenvolver a capacidade de encaixe, observando atentamente e ser capaz de atuar quando necessário.

Tratar os idosos como adultos

Muitas vezes ajudar os idosos que recusam a ajuda pode ser mais fácil de conseguir quando são tratados e reconhecidos com respeito e como adultos.

A infantilização dos idosos deve ser evitada e a sua autonomia respeitada. O objetivo principal deve ser sempre ajudar os idosos a receber os melhores cuidados possíveis.

É muito mais provável obter resultados mais positivos ao tratar os idosos como os adultos que são. Isto aplica-se a tarefas simples, tais como ajudar a lembrar de tomar os medicamentos e a tarefas mais difíceis, como ajudar a obter tratamento para a diabetes.

Fazer apelo por outros membros da familia

Se os idosos não estiverem dispostos a mudar o seu comportamento por eles próprios, talvez o façam por um outro familiar, como um neto ou filho. Por exemplo, argumentar que o fumo passivo é um risco para os netos, poderá ajudar um idoso a deixar de fumar.

Outra abordagem é explicar como as suas decisões ou a falta de cooperação por parte dos idosos pode ter impacto no bem-estar, como a ansiedade ou preocupação, nos membros da família.

Gerir as emoções

O facto de um idoso se recusar a mudar para uma situação de vida mais segura, ou recusar tomar a medicação conforme as instruções pode causar muita frustração. Mas, é importante não deixar passar esta emoção para os idosos.

É melhor procurar apoio com um amigo, familiar ou profissional de saúde. É fácil haver uma sobrecarga de frustração, medo e ansiedade ao ajudar constantemente os idosos que se recusam a ser ajudados, mesmo quando há uma preocupação profunda com eles.

Incluir os idosos em planos para o futuro

A inclusão do idoso em planos futuros pode ajudar a motivá-lo a receber os cuidados necessários.

Mesmo que não tenham sido diagnosticados com a doença de Alzheimer ou demência, viver com qualquer tipo de perda de memória pode ser muito difícil para lidar ou mesmo reconhecer.

Ajudar os idosos a lembrarem-se de datas importantes e a fazer planos para elas, alivia a ansiedade de todos.

Celebrações familiares a que queiram assistir, como um aniversário, nascimento ou casamento, podem ser falados com os idosos de forma frequente, colocados no calendário e partilhados na alegria.

Falar com o idoso sobre a velhice

Falar com a pessoa idosa sobre a vida na velhice pode ser intimidante, mas também é uma boa oportunidade para fortalecer laços e criar uma maior proximidade, ouvindo as suas necessidades de forma aberta e compreensiva, estabelecendo um meio-termo onde todos se sintam à vontade.

Prestando atenção às necessidades dos idosos e equilibrando-as com os conselhos dos profissionais de saúde, pode tornar menos stressante para todos, mesmo que os idosos nem sempre sigam os conselhos dados.

Ter atenção ao timing

O timing é essencial. Sintonizar com o que se passa na família, e escolher uma altura para falar quando os idosos não estão stressados ou distraídos por outras coisas.

Pode ser mais fácil ter uma conversa quando se está no carro, do que durante a manhã quando há mais agitação. Poderá ser útil começar a abordar o tema com uma pergunta primeiro, perguntando, por exemplo se o idoso tem tempo para conversar.

No entanto, se o idoso estiver numa situação de crise ou precisar de ajuda urgente, não se deve esperar pelo melhor timing.

Usar frases com a palavra “eu”

O objetivo principal desta estratégia é evitar a atribuição de culpa ou responsabilidades por uma determinada situação.

Quando se usam declarações com ‘eu’, está-se a assumir a responsabilidade pelas próprias emoções, em vez de culpabilizar a outra pessoa.

Quando se usa a palavra ‘você’, pode fazer com que a outra pessoa se sinta atacada e por isso será muito menos provável que haja uma atitude mais recetiva ao que se está a dizer.

A utilização do “eu” tem maiores probabilidades de levar a uma conversa mais construtiva. Por exemplo, dizendo: “eu sinto-me frustrado com as atitudes” em vez de “as suas atitudes são frustrantes”.

Sem pressão

A abordagem sem pressão da comunicação pode funcionar muito bem. Um exemplo será anunciar que se pretende afalar de um determinado assunto, mas indicar que a conversa não precisa de acontecer naquele momento.

O objetivo é dar tempo ao idoso para que possa pensar e responder apenas quando estiver pronto para isso.

Esta abordagem pode funcionar porque é menos exigente do que um pedido direto. Dá tempo para pensar bem num assunto no seu próprio tempo. Além disso, mostra uma atitude paciente, razoável e madura.

Praticar a escuta ativa

Para que os idosos ouçam também têm de ser ouvidos. A escuta ativa é uma técnica que mostra aos outros que se está a escutar o seu ponto de vista.

Eis alguns exemplos de situações com escuta ativa, que podem ajudar a aliviar a tensão:

  • Não interromper a meio de uma frase
  • Responder de forma construtiva de acordo com o que foi dito
  • Dar indicações de que a pessoa foi ouvida

Fazer uma pausa e tentar novamente

Apesar de todos os esforços, por vezes as coisas podem simplesmente sair fora de controle.

Quando uma conversa se está rapidamente a tornar numa acesa discussão, o melhor é parar e fazer uma pausa.

Aproveitar a pausa para refletir, rever os pensamentos e emoções e pensar como seria mais produtivo falar e ser ouvido. Depois de as coisas acalmarem um pouco, pode-se tentar novamente encetar a conversa com uma nova estratégia.

Toda a gente perde a calma de vez em quando. Se houver arrependimento sobre algo que foi dito ou feito durante a discussão, o melhor é assumir e pedir desculpa.

Esta atitude mostra que há disponibilidade para assumir a responsabilidade pelas próprias ações, o que aumenta a probabilidade de haver mais confiança por parte dos outros.

Se já houve várias tentativas para conversar sobre um assunto e mesmo assim não se chegou a lado nenhum, o ideal será tentar falar com outra pessoa, um cuidador, terapeuta ou profissional de saúde.

Fazer uma avaliação

Fazer uma avaliação com um profissional de saúde para identificar problemas de raiz e obter soluções personalizadas, no sentido de compreender o que realmente se passa com o idoso pode dar uma grande ajuda.

Envolver os cuidadores

Pedir ajuda a um serviço de apoio ao domicílio poderá criar a oportunidade para o idoso de ter mais uma pessoa com quem falar, o que pode ajudar a comunicação.

Esta solução também contribui para reduzir o isolamento e a tornar os idosos mais ativos, o que por sua vez ajuda na depressão e irritabilidade e facilita a comunicação.

Com uma ajuda externa o idoso mais facilmente tem a garantia de receber um cuidado mais personalizado, com uma melhor nutrição, tomam os medicamentos de forma adequada e atempadamente e podem ter um melhor bem-estar.

Respeitar os limites

Saber quando se precisa de uma pausa ou de um ombro amigo é essencial para garantir não só um bom cuidado ao idoso, como para manter as vias da comunicação em pleno funcionamento.

Quer se trate de cuidados temporários, sessões regulares de apoio com um enfermeiro ou um grupo de apoio, é importante saber quando parar, quer para os cuidadores, quer para os idosos.

Se as situações de raiva ou frustração se começam a acumular, o melhor será procurar um pouco de distância da situação. Estas circunstâncias tendem a retirar energia e a cansar os indivíduos, por isso é importante respeitar os limites de cada pessoa envolvida.

Pode ser cansativo lidar com estas situações e mesmo que haja a impressão de que é impossível o afastamento, é importante não desistir e procurar alternativas e qualquer apoio que esteja disponível.

Aceitar ajuda dos outros

Não se deve hesitar em admitir quando outra pessoa pode lidar melhor com um idoso. Quer seja um familiar ou profissional de apoio, o importante é que se consiga chegar a um entendimento.

Mais vale tornar as coisas mais fluidas e encontrar maneiras de aproveitar as diferenças para lidar com as diferentes situações.

Isto pode provocar perturbação inicialmente, mas a longo prazo pode trazer bastante alivio aos problemas de comunicação.

Fatores que podem afetar a comunicação com os idosos

Problemas cognitivos

Muitas vezes as razões por de trás de um comportamento mais negativo ou irritado e pouco cooperante por parte dos idosos estão problemas cognitivos.

Doenças como a demência ou Alzheimer podem ter um grande impacto na forma como os idosos comunicam ou recebem a informação que lhes é dada.

Por outro lado, a demência e a depressão, podem imitar-se mutuamente, por isso, em casos de suspeita da existência de alguns destes problemas, é vital obter ajuda médica.

Existem diferentes causas subjacentes aos problemas cognitivos nos idosos, algumas das quais são tratáveis.

Um outro aspeto a considerar é que uma pessoa com qualquer tipo de demência pode experimentar mudanças de personalidade. As alterações físicas do cérebro podem estar envolvidas nas alterações de comportamento.

Por vezes, quando a pessoa idosa sente confusão, frustração e medo, pode sentir que está a perder o seu domínio sobre as coisas, o que pode levar a comportamentos que mostram irritação ou a falhas mais graves de comunicação.

Para os idosos nestas circunstâncias pode ser mais fácil agredir verbalmente os que estão mais próximos e adotar uma atitude defensiva.

É muitas vezes mais fácil fazer queixas sobre uma situação do que admitir o que se está a passar em termos da doença. E em muitos casos, nem sequer é possível para uma pessoa com demência, ainda que numa fase inicial, verbalizar o que está a sentir.

Nem todos os casos de irritabilidade e comportamento difícil nos idosos têm uma causa especifica ou boas soluções.

Por vezes, lidar com idosos mais difíceis e teimosos é apenas a continuação de um padrão de comportamento habitual pela vida inteira de uma personalidade negativa.

Nestas situações a melhor solução é procurar ajuda profissional e focar mais em gerir e lidar do que resolver a situação.

Noutros casos, a causa pode dever-se a dificuldade de adaptação a todas as mudanças e perdas que podem surgir com o envelhecimento.

Um exemplo desta situação é uma pessoa que se identificou de perto com a sua profissão e que se sente perdida desde que se reformou.

O facto de ter estado acostumada à sua rotina e ao seu modo de funcionar, que acaba por perder com a reforma, pode levar a sentimentos de falta de controlo.

E um comportamento que é apenas uma tentativa de recuperar algum controle, pode parecer teimosia ou recusa em aceitar conselhos ou sugestões.

Conclusão

O envelhecimento é uma das situações que a maioria das pessoas enfrenta na vida. E envelhecer pode ser assustador.

Os idosos temem frequentemente o desconhecido, incluindo a perda da independência e os potenciais efeitos a longo prazo de condições médicas graves.

Este medo pode ser a razão pela qual muitos idosos são resistentes à procura de ajuda e por vezes, não comunicam como se sentem ou os sintomas de alguma doença ou outros estados em que se encontram.

Ver os idosos a tomar decisões perigosas pode ser angustiante. Muitas vezes a necessidade de procurar apoio ou comunicar de forma produtiva com os idosos pode ser uma tarefa difícil.

É importante manter as emoções sob controlo para que se possa ajudar os idosos a gerir as suas necessidades, tanto físicas como emocionais.

Quando há um desacordo entre os idosos e os familiares, velhos conflitos familiares e papéis ultrapassados podem surgir conflitos, para os quais é necessário encontrar formas de comunicar.

Estas situações implicam muitas vezes comportamentos menos adequados ou mesmo infantilizados, com um padrão de más decisões ou pensamentos pouco racionais.

Disputas que são ostensivamente sobre cuidados a longo prazo ou mudanças acabam por ter mais a ver com questões muito mais profundas.

Algumas estratégias simples de comunicação podem ajudar a gerir conflitos ou falhas de comunicação de uma forma que apoie os idosos sem pressão ou stress.

Algumas regras básicas incluem deixar o idoso participar na tomada de decisões e perguntar o que querem, tentando acomodar os seus desejos.

Em vez de estabelecer um plano para os idosos sem a sua participação, quer seja contratar alguém para os ajudar em casa e fazer recados ou mudá-los para uma instituição ou lar, ou mesmo ajudar a escolher onde preferem morar.

O melhor é deixar que todas estas decisões incluam o próprio idoso. O fio condutor comum em todas as formas de comunicação com os idosos é o respeito e a aceitação.

Quando estes dois fatores estão presentes em qualquer comunicação com os idosos, esta será sempre mais eficaz.

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Referências:

  • aplaceformom.com
  • easyliving.com