Com os avanços nos cuidados médicos e na saúde pública, a população está a viver durante mais tempo. Com a população idosa em crescimento, a situação apresenta um desafio para os sistemas de saúde.
Os idosos estão a ser internados em cada vez maior número nos hospitais, colocando uma pressão crescente nos serviços de saúde em geral.
Numa situação de emergência, como uma queda ou uma doença súbita, os médicos podem recomendar que uma pessoa idosa e frágil seja internada no hospital.
No entanto, há o receio de que este internamento não proporcione o tipo de cuidados de que o idoso necessita.
Desta forma, muitas famílias são confrontadas com o dilema de saber se o hospital é realmente o melhor lugar para os idosos, ou se seria melhor serem tratados em casa por uma equipa especializada.
Com o número de pessoas idosas na população a aumentar, também as necessidades de saúde dos idosos vão sendo mais complexas, incluindo a fragilidade física, diminuição da capacidade mental e declínio cognitivo ou demência, além de outras doenças de longa duração.
Atualmente, uma grande parte das pessoas internadas em hospitais têm mais de 65 anos e um número crescente é frágil ou sofre de demência.
Ao mesmo tempo, há cada vez menos camas de urgência e mais camas sociais que têm que ser destinadas para acomodar os idosos que passam muito tempo no hospital.
Uma forma de mitigar este problema é reduzir o tempo de permanência das pessoas idosas no hospital, para que se possa prestar os melhores cuidados de saúde ao maior número possível de pessoas, com dignidade, respeito e compaixão.
Hospital ou cuidados hospitalares em casa?
À primeira vista, pode parecer óbvio que o hospital seria a melhor opção para cuidar de um idoso, mas, na realidade, pode não ser realmente assim.
Alguns estudos sugerem que o internamento de pessoas idosas frágeis no hospital pode levar a um declínio da sua capacidade física.
Há também o risco de contrair uma infeção hospitalar, que pode causar complicações graves ou mesmo a morte.
Se uma pessoa já estiver a receber cuidados de saúde regulares em casa, mandar alguém para o hospital pode interromper a relação com o seu prestador de cuidados. Esta relação pode ser difícil de restabelecer também.
As pessoas idosas correm ainda um risco significativamente maior de desenvolver uma doença chamada delírio se forem internadas no hospital.
Uma doença pouco conhecida, mas comum nos idosos, o delirium ou delírio é um estado de confusão aguda.
Pode ter efeitos graves, como acelerar ou despoletar a demência, e muitas vezes leva a que as pessoas idosas afetadas por esta doença, passem mais tempo no hospital e acabem por ser internadas em lares ou cuidados continuados.
Não se sabe exatamente por que razão os internamentos hospitalares levam ao delírio, mas o ambiente estranho e stressante da enfermaria e a perda de uma rotina reconfortante em casa desempenham um papel importante neste processo.
Existem também custos financeiros e pessoais associados aos cuidados hospitalares. Manter as pessoas no hospital é dispendioso, e as pessoas com mais de 85 anos são geralmente as mais penalizadas por esta situação.
Evitar este tipo de situação seria melhor para os idosos, reduziria o internamento em lares e manteria as pessoas a viver em casa durante mais tempo, para além de ser mais acessível economicamente.
Em vez de internar um idoso no hospital após uma queda ou doença súbita, uma equipa multidisciplinar de peritos a fazer assistência em casa pode ser uma melhor opção.
Esta equipa pode incluir enfermeiros especializados, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais e outros profissionais como psiquiatras, nutricionistas, terapeutas da fala e assistentes sociais, que podem avaliar as necessidades de saúde individuais do idoso e elaborar um plano para prestar cuidados adequados na sua própria casa.
De um modo geral, parece haver um menor risco de morte seis meses após uma queda ou doença súbita para as pessoas que recebem cuidados na sua própria casa, em comparação com as que são internadas no hospital.
O que são os cuidados hospitalares em casa?
Os cuidados urgentes são geralmente necessários numa idade mais avançada, mas os hospitais trazem riscos e benefícios para as pessoas idosas. Desta forma, a prestação de cuidados a nível hospitalar no ambiente doméstico do idoso, surge como uma alternativa mais viável.
Os cuidados hospitalares em casa têm como objetivo principal proporcionar uma alternativa segura, eficaz e centrada na pessoa aos cuidados no hospital.
A hospitalização domiciliária é o termo mais comummente utilizado para descrever este tipo de assistência de saúde no domicílio.
Este tipo de apoio é geralmente prestado sob a forma de um serviço presencial limitado no tempo, por profissionais de saúde que visitam os idosos em casa, sendo a grande maioria dos cuidados prestados presencialmente.
Para muitos idosos, o internamento hospitalar representa um risco de danos para a saúde em geral como o delírio e as infeções hospitalares. Receber tratamento e reabilitação em casa pode ser benéfico e preferível a um internamento hospitalar ou a um episódio de internamento mais longo.
A hospitalização domiciliária compreende um conjunto de serviços multidisciplinares limitados no tempo que oferecem avaliação, tratamento, reabilitação e apoio comunitários urgentes os cuidados hospitalares agudos.
Os profissionais especializados que trabalham nos serviços de cuidados em casa também podem ter experiência de forma frequente em alguns cuidados intensivos de curta duração a nível hospitalar.
A hospitalização domiciliária designa um processo de assistência hospitalar direcionado para a prestação de cuidados de saúde em casa do idoso, sempre que a condições biológicas, psicológicas e sociais o permitam.
É um serviço especializado que proporciona tratamentos e cuidados equiparados aos cuidados dados no hospital, mas sem a necessidade de o idoso se deslocar aos serviços de saúde.
Os cuidados hospitalares domiciliários são prestados por um profissional licenciado, com supervisão clínica.
Enfermeiros, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas registados e licenciados podem todos prestar cuidados de saúde domiciliária, frequentemente através de prestação de serviços de saúde domiciliária ou, em alguns casos, também com prestação de cuidados paliativos.
Este tipo de cuidados é geralmente prescrito por um médico como parte de um regime de cuidados de saúde para o idoso após hospitalização ou lesão.
A hospitalização domiciliária pode incluir diferentes tipos de apoio:
- Fisioterapia e terapia ocupacional
- Administração de medicamentos ou injeções com receita médica
- Testes médicos
- Monitorização do estado de saúde
- Tratamento de feridas
- Outro tipo de tratamento ou assistência
Como os cuidados hospitalares ao domicílio podem ser úteis para os idosos?
A hospitalização é muitas vezes, perturbadora para todos as pessoas, mas particularmente para os idosos com problemas de saúde medicamente complexos.
Além disso, os doentes mais velhos são particularmente vulneráveis a erros médicos que ocorrem durante as transições de cuidados.
Evitar a hospitalização e prestar cuidados no ambiente doméstico pode, por vezes, satisfazer as necessidades médicas do idoso, bem como alinhar-se com os objetivos de cuidados em termos de intensidade do tratamento.
Só devem ser internadas as pessoas que necessitem de cuidados que possam ser prestados exclusivamente no hospital.
Para determinados idosos, os serviços de saúde ao domicílio ou os cuidados hospitalares em casa, podem dar apoio suficiente a idosos com uma doença mais grave como a pneumonia ou uma infeção do trato urinário.
Se estes serviços estiverem de concordância com a intensidade de cuidados adequada a cada caso e forem clinicamente ajustados, os riscos de hospitalização podem ser evitados.
Os cuidados hospitalares domiciliários, ou seja, a prestação de cuidados de nível hospitalar no domicílio, em vez da hospitalização estão associados a uma melhor atividade física e a uma redução dos custos dos cuidados, sem alterações na experiência, qualidade ou segurança do idoso.
Os cuidados hospitalares no domicílio podem ter várias vantagens como reduzir o risco de delírio e poupar a utilização de camas hospitalares.
Ter um “hospital” em casa pode ser uma boa alternativa para muitos idosos que, de outra forma, seriam internados no hospital, onde poderiam passar muito tempo.
Os estudos feitos sobre este tipo de serviço concluíram que o cuidado hospitalar no domicílio não conduziu a um aumento do número de internamentos num lar de idosos aos 6 ou 12 meses e não aumentou o risco de morte.
Os utilizadores dos serviços estavam geralmente mais satisfeitos com a hospitalização domiciliária do que com os cuidados hospitalares.
A prestação de cuidados hospitalares no domicílio também pode ser mais satisfatória para os cuidadores.
Os cuidadores de saúde trabalham para além das fronteiras tradicionais, partilhando conhecimentos, competências e informações sobre as necessidades de cada pessoa.
Isto pode ajudar os cuidadores a oferecer cuidados mais abrangentes e a tornar as visitas ao domicílio mais eficientes.
Em contrapartida, a especialização crescente nos hospitais tende a significar que as tarefas são divididas entre os membros do pessoal, de acordo com a sua função. Este facto pode contribuir para que os cuidados prestados às pessoas no ambiente hospitalar sejam interrompidos.
A população com mais propensa a necessitar de hospitalização domiciliaria é geralmente mais envelhecida e com doenças crónicas ou com a existência de várias doenças em simultâneo.
Para que um idoso seja mantido em hospitalização domiciliária é necessário que a sua situação de saúde e o seu contexto familiar sejam determinados em concreto.
Os cuidados de saúde hospitalar domiciliários podem não ser necessários para as pessoas idosas sem preocupações médicas significativas.
Mais frequentemente beneficiam os adultos idosos que necessitam de assistência com lesões recentes, que são propensos a quedas, ou que foram diagnosticados com uma condição crónica, como diabetes ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
Os idosos recém-saídos da reabilitação, de uma estadia hospitalar, ou de um centro de enfermagem especializado também podem beneficiar da hospitalização domiciliária.
Idosos que necessitam de monitorização após uma recente mudança de medicação, ou pessoas cuja saúde frágil as impede de se deslocarem em segurança para os consultórios médicos e voltarem para casa.
E ainda os idosos em declínio geral de funções que poderiam beneficiar de terapia ocupacional ou fisioterapia para recuperar a independência, também podem beneficiar deste tipo de apoio de saúde.
Conclusão
As pessoas idosas têm cada vez mais necessidades complexas, especialmente se tiverem várias doenças em simultâneo. Podem ter mais do que uma doença prolongada ou viver com fragilidade física e cognitiva.
Quando desenvolvem uma doença súbita e intensa, é mais provável que sejam internados num hospital.
Os cuidados hospitalares são dispendiosos, podem reduzir as suas possibilidades de mobilidade e podem colocá-los em risco de infeção. No entanto, receber cuidados hospitalares em casa é uma boa alternativa ao hospital para muitas pessoas idosas.
A hospitalização domiciliária tem ainda mais benefícios como, evitar um maior número de mortes ao fim de 6 meses ou 1 ano, para as pessoas com mais de 85 anos, do que as pessoas internadas no hospital.
As pessoas que recebem cuidados hospitalares em casa têm menos probabilidades de serem internadas num lar. Além disso, as pessoas e os seus prestadores de cuidados preferem este serviço aos cuidados recebidos num hospital.
Os serviços hospitalares ao domicílio para pessoas idosas, são geralmente dirigidos por um geriatra, ou seja, um médico especializado no tratamento de pessoas idosas, que trabalha com uma equipa multidisciplinar, uma equipa com diferentes especialistas.
Embora a hospitalização domiciliária seja uma boa opção para muitos idosos, ter um “hospital” em casa pode não ser o mais adequado para os idosos com doenças mais graves.
Outro fator a ter em conta, é que os idosos que recebem cuidados hospitalares em casa, não podem ter más condições de habitação. Precisam de ter uma casa onde, por exemplo, possam ser colocados corrimões ou barras de apoio, se necessário, e que tenha aquecimento e água quente.
Independentemente do tipo de cuidados, o mais importante é manter o conforto e a qualidade de vida do idoso pelo tempo mais longo possível.
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Referências:
- Oxford Population Health
- National Institute for Health and Care Research