A deficiência cognitiva e problemas de memória são comuns depois de ocorrer um acidente vascular cerebral (AVC).
Realizar atividades que antes eram fáceis pode tornar-se um verdadeiro desafio por causa dos danos neurológicos causados pelo AVC.
Este problema de saúde pode afetar as capacidades sensoriais, motoras e cognitivas nos idosos, por exemplo.
Se não forem tratados, estes problemas, podem prejudicar a capacidade de pensar, comunicar, mover, e executar outras tarefas diárias.
O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade, é um problema de saúde grave e pode causar uma forte fragilidade.
Saber reconhecer os sinais de AVC e responder de forma rápida pode salvar a vida ou reduzir as hipóteses de desenvolver grandes deficiências. Também pode causar deficiências mais graves a longo prazo do que qualquer outra doença.
Uma parte considerável dos sobreviventes de AVC acabam com uma deficiência menor e cerca de 40% têm deficiências moderadas a graves.
As pessoas que sofreram um AVC, são frequentemente acometidas com fraqueza física, deficiência da fala e problemas musculares.
Estas consequências podem afetar a capacidade de comunicar, caminhar, comer de forma independente, tomar banho, vestir e completar de forma independente outras atividades da vida diária.
Mas, a realização de atividades cognitivas pode aumentar a capacidade de memória e as capacidades de resolução de problemas.
Por isso, a realização de passatempos e o envolvimento em atividades de estimulação cerebral são passos essenciais no processo de recuperação de um AVC.
A estimulação cognitiva pode ajudar quem passou por um AVC a recuperar muitas capacidades cognitivas, melhorando ao mesmo tempo a qualidade de vida.
O que é um AVC?
Um acidente vascular cerebral acontece quando o fluxo de sangue para uma área do cérebro é cortado. Este processo priva as células cerebrais de oxigénio e essas células começam a morrer.
Quando as células cerebrais morrem durante um AVC, as capacidades controladas por essa área do cérebro são perdidas, como a memória e o controlo muscular.
Existem 5 tipos principais de AVC:
AVC isquémico
Com formação de coágulos, representa 87% de todos os acidentes vasculares cerebrais, acontece quando um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro é bloqueado.
AVC hemorrágico
Ocorrem hemorragias quando um vaso sanguíneo enfraquecido no cérebro se rompe, normalmente causado por tensão arterial elevada e descontrolada.
Ataque isquémico transitório
É causado por um coágulo de sangue temporário grave, é um sintoma de aviso e deve ser levado a sério.
AVC criptogénico
Em alguns casos, apesar dos testes, a causa de um AVC não pode ser determinada e neste caso é designado por AVC criptogénico.
Um AVC pode ter sintomas complexos e pode ser difícil de diagnosticar, acidentes vasculares cerebrais graves podem causar a síndrome do encarceramento onde os sobreviventes não podem falar ou mover-se abaixo do pescoço.
Como reconhecer os sinais de um AVC?
Existem alguns sinais físicos que podem ajudar a detetar a ocorrência de um AVC. Caso estes sinais surjam a pessoa deve ser encaminhada para o hospital de imediato.
- Face inclinada de um lado. Ao sorrir o sorriso é irregular
- Um dos braços está fraco ou dormente
- Problemas ao falar como falar arrastado, incapacidade de falar, incoerência
Se ocorrer algum destes sinais, mesmo que os sintomas não durem, ligar imediatamente para o 112 ou ir para o hospital o mais rápido possível.
Sinais adicionais de AVC
Sintomas súbitos também podem ser sinais de AVC:
- Dormência ou fraqueza da perna, braço ou rosto
- Confusão ou não compreensão de situações
- Problemas em ver com um ou ambos os olhos
- Problemas de marcha, vertigens, perda de equilíbrio ou coordenação
- Dores de cabeça graves sem causa conhecida
- Breve perda de consciência
A velocidade de reação e de ação é muito importante. Quanto mais rápido a pessoa chegar ao hospital para tratamento, melhores serão as hipóteses de sobrevivência e recuperação.
Se os sintomas de AVC passarem rapidamente, a pessoa pode ter tido um ataque isquémico transitório, que é causado por um breve bloqueio do fluxo sanguíneo para o cérebro.
Esta situação não deve ser ignorada, é um sinal de aviso de futuros acidentes vasculares cerebrais, mais graves. O tratamento precoce e as mudanças de estilo de vida podem prevenir um AVC grave ou fatal.
Como a estimulação cognitiva pode ajudar depois de ocorrer um AVC?
O AVC pode danificar o cérebro, impactando áreas essenciais à memória, fala e cognição.
No entanto, os exercícios cognitivos podem ativar a neuroplasticidade do cérebro, ou seja a sua capacidade de se regenerar.
Com o tempo, os exercícios cognitivos formam novas vias neurais no cérebro, podendo levar a acentuadas melhorias.
A estimulação cognitiva utilizada como terapia de recuperação, designa uma forma de terapia utilizada para estimular e envolver indivíduos, para manter e preservar o funcionamento cognitivo.
É muito utilizada particularmente nas pessoas que vivem com demência ou doença de Alzheimer, ou que estejam a recuperar de um AVC.
A estimulação cognitiva pode ser feita para uma grande variedade de pessoas, incluindo pessoas idosas com um processo de envelhecimento saudável, pessoas com deficiências, e até crianças.
No caso da recuperação de um AVC existem algumas atividades cognitivas que podem ter impacto para uma recuperação mais eficaz.
Certas condições de saúde relacionadas com a idade podem tornar mais desafiante para os idosos viverem de forma segura e confortável.
Quer seja por causa da demência ou da recuperação de um AVC, desenvolver melhores capacidades cognitivas é assim de extrema importância para melhorar a qualidade de vida.
Estes são alguns exemplos de atividades:
Aplicações que podem ajudar a melhorar a atividade cerebral
Algumas aplicações nos telemóveis oferecem vários puzzles e jogos orientados para a memória, lógica e matemática.
Algumas destas aplicações são especialmente concebidas para ajudar idosos que enfrentam desafios linguísticos. As aplicações de afasia fornecem apoio à compreensão da língua, nomeação, leitura, escrita, e fala.
À medida que os utilizadores progridem, recebem terapia de conversação, terapia de categoria, e terapia numérica.
Outras aplicações concentram-se mais em problemas de atenção visual e na criação de exercícios de memória personalizados.
Puzzles
Os puzzles tradicionais são também exercícios cognitivos eficazes.
Dependendo da extensão e do tipo de danos cerebrais, alguns puzzles podem ser bastante difíceis.
Um idoso com dificuldades linguísticas pode ficar frustrado com a realização de palavras cruzadas, e um idoso com problemas de cognição visual pode ficar frustrado com um jogo de sudoku.
Contudo, o progresso nunca é totalmente indolor, e os puzzles que implicam algum esforço mental podem criar novas redes neurais mais saudáveis.
É apenas através do hábito diário e da repetição que os exercícios cognitivos podem ter um impacto a longo prazo.
Meditação ou tempo para refletir
A meditação consciente pode aumentar os poderes de processamento de informação, a atenção e a flexibilidade do cérebro. Também estimula o humor e o bem-estar emocional e mental.
Os idosos correm maior risco de desenvolver depressão após acidentes vasculares cerebrais, e a meditação pode ajudar a acalmar a mente, a aperfeiçoar as faculdades mentais, e a permanecer mais otimista durante todo o processo de recuperação.
Os idosos podem enfrentar uma variedade de desafios relacionados com a idade. Pode chegar uma altura em que precisem de um prestador de cuidados.
Noutros casos, alguns idosos precisam de assistência 24 horas por dia, nestas circunstâncias, a melhor solução poderá ser mais produtivo procurar um serviço de apoio ao domicilio para ter a ajuda de cuidadores nas tarefas diárias ou a ajuda de um serviço de enfermagem.
Estes serviços podem ser uma forma mais eficaz de proporcionar um cuidado mais seguro e confortável aos idosos que tiveram um AVC e precisam de ajuda na recuperação.
Terapia da fala
Quando um AVC prejudica a capacidade de comunicar verbalmente, a terapia da fala pode ser o método mais eficaz para a recuperação.
Os problemas de comunicação após um acidente vascular cerebral são frequentemente causados por danos na parte frontal esquerda do cérebro, que contém a rede linguística. Estes problemas são conhecidos como afasia.
Os terapeutas da fala podem ajudar os sobreviventes de AVC a recuperar algumas das suas capacidades de comunicação perdidas, utilizando técnicas como jogos, treino de recuperação de palavras, e prática de conversação em grupo.
Música e arte
Completar puzzles e sessões de terapia da fala pode ser tarefas que exigem um trabalho árduo quer por parte dos cuidadores quer por parte dos idosos para alcançar a recuperação.
Quando precisam de diferentes tipos de estímulos, devem considerar-se também terapias que ativem a criatividade, tais como a musicoterapia e a arteterapia.
A música envolve áreas únicas do cérebro, e a simples audição de uma canção favorita pode impulsionar a função cognitiva. A pintura, por outro lado, dá ao lado direito do cérebro um treino e aumenta as capacidades motoras.
Estimulação cognitiva feita em casa pode ter um efeito mais benéfico porque permite ao idoso em recuperação de um AVC, ser tratado no seu ambiente familiar.
A estimulação cognitiva ao domicilio envolve a execução de tarefas para melhorar ou manter o funcionamento das funções cognitivas dos idosos.
A redução do impacto dos problemas cognitivos no quotidiano das pessoas que sofreram um AVC, por exemplo, promove a funcionalidade e a melhoria da qualidade de vida.
Além disso, pode ajudar a atrasar o aparecimento ou agravamento de demências, e consequentemente, melhorar a autonomia e a independência destas pessoas.
Uma vez que os défices cognitivos estão presentes em diversas patologias, tanto doenças neurológicas como doenças psiquiátricas, várias pessoas podem beneficiar deste tipo de intervenção.
As situações em que a estimulação cognitiva pode ser mais eficaz são, por exemplo, os casos de défice cognitivo ligeiro, demência, como a doença de Alzheimer, demência com corpos de Lewy, demência vascular, demência frontotemporal, traumatismo craniano e acidente vascular cerebral, bem como muitas outras situações.
Conclusão
O cérebro tem uma grande capacidade de processamento e integração automática e simultânea de informação que nos chega dos sentidos.
A combinação de informação de diferentes informações sensoriais facilita a nossa capacidade de detetar, discriminar, e reconhecer os diferentes estímulos sensoriais.
A aprendizagem de nova informação é muitas vezes, mais eficaz, num ambiente multissensorial.
As atividades de estimulação cognitiva utilizados na reabilitação de um AVC incluem imagens motoras, observação de ação, treino com um espelho ou num ambiente virtual, e vários tipos de terapia musical.
A memória de trabalho e a atenção são importantes para a maioria das atividades cognitivas.
Quando o fornecimento de sangue ao cérebro é interrompido por um AVC, as células cerebrais são privadas de oxigénio e nutrientes vitais, causando danos no córtex do cérebro, na área associada à aprendizagem, memória e linguagem.
Embora os acidentes vasculares cerebrais possam ser pequenos, os danos podem somar-se ao longo do tempo, levando à perda de memória, confusão, e outros sinais de declínio cognitivo e até mesmo à demência.
Quando a estimulação cognitiva é aplicada cedo, logo após a ocorrência do AVC, os resultados tendem a ser melhores e é mais fácil também perceber se o treino de atenção ou a estimulação cognitiva podem levar a um melhor ajustamento social e qualidade de vida, no período de tempo após ter ocorrido o AVC.
A reabilitação cognitiva funciona ao usar as partes do cérebro que estão a trabalhar para ajudar as partes que não estão.
Dependendo da pessoa, e da gravidade do AVC, o declínio cognitivo ou mesmo a demência vascular podem aparecer gradualmente ou subitamente, podendo variar em níveis de gravidade.
Uma demência vascular pode ser uma experiência assustadora e estressante. Mas embora não exista atualmente cura, é possível gerir os sintomas, fazer a recuperação de um AVC e prevenir o surgimento de outro.
Permitindo assim, que a pessoa que sofreu o AVC possa desfrutar de uma vida plena e gratificante.
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Referências:
- Johns Hopkins Medicine
- Frontiers – Frontiers in Human Neuroscience
- DailyCaring
