Ser capaz de comunicar de forma clara e percetível é essencial para qualquer pessoa. No caso dos idosos isto pode ser ainda mais relevante porque, por causa dos efeitos do envelhecimento, podem ter dificuldade para articular o que querem dizer.
Qualquer pessoa que esteja a lidar com problemas de saúde precisa de ser capaz de descrever o que sente as dores que tem e os medicamentos que toma de forma eficaz, para poder ser ajudada de forma adequada.
Se surgir uma situação urgente, um idoso só receberá cuidados médicos adequados se conseguir explicar qual é o problema, a não ser que tenha alguém a acompanhar que possa explicar a situação.
Devido a estas e outras situações em que é necessário comunicar de forma clara, a terapia da fala é essencial.
Pode ajudar com estes problemas, bem como com uma variedade de outros problemas de fala e linguagem, bem como outros problemas de saúde que afetam os idosos, como dificuldades para engolir.
Os idosos podem desenvolver diferentes condições físicas e neurológicas que afetam as suas condições de vida. Esta situação pode dever-se a uma deterioração da saúde ou a uma intervenção cirúrgica que exija uma recuperação prolongada através de exercícios de fala.
A terapia da fala ajuda os idosos a exprimirem-se e a falarem mesmo em situações de debilidade como uma gaguez ou de outras situações de saúde contínuas.
A terapia da fala pode ajudar com situações tão diversas como a melhoria da clareza da fala e da voz, o aumento da compreensão e da expressão verbal e a melhoria da mastigação e da deglutição, bem como com a maximização das capacidades cognitivas da linguagem, memória, resolução de problemas e raciocínio abstrato
Há um conjunto de situações em que um idoso pode beneficiar desta terapia, que pode ser particularmente útil na recuperação de um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo.
Quais as condições de saúde que podem beneficiar com a terapia da fala?
A terapia da fala avalia e trata uma série de problemas relacionados com a fala, problemas de deglutição ou deficiências cognitivas que afetam a fala e a comunicação.
Os terapeutas da fala são profissionais que podem ajudar os idosos em diferentes locais, inclusive podem trabalhar no domicílio dos idosos.
Estes são alguns dos problemas de saúde mais comuns que beneficiam da terapia da fala:
Disartria
É uma alteração da articulação da fala provocada por uma lesão neurológica. Esta doença da fala provoca geralmente um discurso arrastado.
É um distúrbio que resulta da fraqueza muscular, dificultando a articulação correta das palavras. Trata-se normalmente de um sintoma de doenças neurológicas como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Os terapeutas da fala podem ajudar a aliviar gradualmente este sintoma, utilizando exercícios de motricidade oral.
Juntamente com estratégias de fala compensatórias, uma pessoa com disartria pode recuperar uma melhor inteligibilidade funcional da fala para comunicar facilmente com os outros.
Afasia
Ao contrário da disartria, que resulta de uma fraqueza no controlo muscular, a afasia envolve danos neurológicos mais graves.
A afasia é uma doença em que a área do cérebro que controla a fala e a compreensão da linguagem se deteriora, acabando por afetar a fala, a compreensão, a leitura e a escrita.
As pessoas diagnosticadas com afasia têm uma dificuldade acrescida em exprimir e compreender a linguagem. Isto deve-se principalmente ao facto de terem sofrido vários acidentes vasculares cerebrais que afetam as funções cerebrais normais.
A afasia pode causar complicações significativas na realização de tarefas quotidianas, especialmente na comunicação com os outros ou com os membros da família.
Uma vez que se trata de uma doença complexa, é necessário adotar estratégias a longo prazo para garantir a recuperação.
Os terapeutas da fala têm de trabalhar com a pessoa afetada e com o prestador de cuidados para desenvolver meios de comunicação alternativos. Isto pode incluir livros ilustrados para comunicação visual ou mesmo dispositivos avançados de comunicação.
Disfagia
A disfagia ou dificuldade para engolir pode ter várias causas. Por exemplo, pessoas que foram submetidas a uma cirurgia de cancro da cabeça e do pescoço devem ter dificuldade em engolir após o procedimento cirúrgico.
Uma vez que o processo de deglutição se divide em três fases, a pessoa com disfagia pode ter complicações em cada uma das fases oral, faríngea ou esofágica.
A manutenção de um estado de disfagia pode ser perigosa, especialmente para quem tem doenças respiratórias.
Dado que o aparelho digestivo e o sistema respiratório estão próximos um do outro, existe uma grande probabilidade de o desconforto conduzir a problemas de saúde graves.
O trabalho do terapeuta da fala é fazer mais do que apenas exercícios orais para promover a recuperação. Pode também recomendar mudanças na alimentação.
Demência
Embora a demência afete a memória de uma pessoa, também pode perturbar os seus processos cognitivos.
As fases iniciais da demência exigem que o terapeuta da fala forneça recursos e auxiliares de memória para ajudar o doente a agir de forma independente.
Isto é conseguido através da aprendizagem de estratégias de memória para uma melhor recordação, especialmente para tomar a medicação.
No caso de uma pessoa com demência em fase avançada, o terapeuta da fala deve coordenar-se com a família do doente.
Os membros da família podem aprender as melhores formas de manter os idosos calmos e em paz com o ambiente onde estão, para evitar o medo e a ansiedade.
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer afeta muitos idosos. Os terapeutas da fala ajudam de duas formas fundamentais. Em primeiro lugar, o terapeuta da fala pode ajudar o idoso a comunicar os seus sentimentos e necessidades com os outros.
O terapeuta pode mostrar formas de gesticular ou desenhar imagens para comunicar quando o idoso se tornar incapaz de falar.
Por outro lado, os músculos da garganta do idoso vão enfraquecer com o tempo, o que dificulta a deglutição.
A pneumonia por aspiração é um problema nas fases mais avançadas da doença. O terapeuta pode ajudar a fazer exercícios para a garganta para diminuir o risco de engasgamento ou evitar a dificuldade para conseguir engolir durante o maior tempo possível.
Perda de audição
Depois de perder a audição, o idoso vai ter muita dificuldade em comunicar com os outros porque não os consegue ouvir.
Vai ter de aprender formas alternativas de falar com os outros, como escrever notas, linguagem gestual e ler os lábios. É possível que o idoso tenha também de aprender a utilizar dispositivos com legendas.
Acidente vascular cerebral
Após um AVC, o cérebro do idoso precisará de tempo e ajuda para recuperar algumas ou todas as suas capacidades que foram afetadas.
Um terapeuta da fala ajuda a reconstruir as capacidades de fala e também a engolir melhor e a controlar os músculos do pescoço e da garganta.
Cancro da garganta
O cancro da garganta é bastante raro, mas pode afetar alguns idosos. Quando o cancro afeta as cordas vocais, um terapeuta da fala pode ser uma ajuda importante.
A pessoa afetada pela doença poderá ter de aprender a respirar e a falar através de um estoma.
Traumatismo crânio-encefálico
Um traumatismo crânio-encefálico que danifique as áreas do cérebro que lidam com a fala afetará a compreensão da fala e da linguagem.
Esta situação pode resultar de um acidente de carro ou se o idoso cair e bater com a cabeça.
Dependendo da gravidade do traumatismo, a dificuldade com a compreensão da fala e da linguagem pode ser temporária ou permanente.
Um terapeuta da fala pode ajudar o idoso a fazer exercícios para recuperar as capacidades de fala.
Concentrando-se na enunciação e trabalhando a partir daí a fluidez, a compreensão e as capacidades de processamento da linguagem à medida que as outras pessoas respondem ao idoso.
Perturbações da linguagem
Uma perturbação da linguagem pode afetar a capacidade para falar, a nomear objetos e a construir frases completas. Os principais fatores de risco para esta situação incluem problemas de audição, problemas gerais e perturbações que afetam o cérebro.
As perturbações da linguagem nos adultos são quase sempre o resultado de uma lesão ou doença cerebral.
As pessoas que sofreram um acidente vascular cerebral, por exemplo, têm frequentemente dificuldade em formar frases ou em recordar palavras.
Perturbações da fala
As pessoas com perturbações da fala têm dificuldade em produzir os sons da fala, dizer as palavras com clareza ou falar fluentemente.
As pessoas com doenças neurológicas também têm, por vezes, perturbações da fala, o que dificulta a sua compreensão.
Outro grupo de perturbações da fala, conhecido como perturbações da fluência, envolve problemas com o fluxo ou a regularidade da fala. As pessoas com este tipo de perturbação podem, por exemplo, gaguejar ou desorganizarem-se linguisticamente.
Quando as pessoas gaguejam, é frequente haver pausas silenciosas no seu discurso, ou repetem ou alongam determinados sons ou sílabas. A gaguez é um discurso anormalmente rápido que torna a pronúncia imprecisa ou deixa de fora sons ou partes de palavras.
Perturbações da voz
Uma perturbação da voz é uma alteração persistente na voz de uma pessoa. Pode parecer rouca, tensa, rouca ou quase silenciosa. Muitas vezes, a voz é um pouco fraca, a pessoa não consegue falar alto.
As perturbações da voz podem resultar do facto de se falar demasiado ou demasiado alto, da utilização de uma técnica de respiração incorreta ou de problemas na caixa vocal, da laringe, ou os nódulos vocais.
As causas psicológicas, como a depressão ou a reação a um acontecimento angustiante, também podem alterar a voz de uma pessoa.
Problemas de deglutição
Nas pessoas com problemas de deglutição, os movimentos dos músculos envolvidos na deglutição são afetados. Isto leva a problemas no transporte dos alimentos através da boca e da garganta.
A causa é frequentemente uma doença ou perturbação do sistema nervoso, como a doença de Parkinson, a esclerose múltipla, a demência, uma infeção como a doença de Lyme ou o tétano, ou um traumatismo craniano.
Se os alimentos entrarem nos pulmões devido a uma perturbação da deglutição, podem surgir complicações potencialmente fatais, como a pneumonia.
Que tratamentos são utilizados na terapia da fala?
Existem várias técnicas de terapia da fala para cada problema de saúde e os tratamentos são considerados dependendo da perturbação em causa.
Geralmente, é necessária uma longa série de sessões de tratamento, cada uma com a duração de 30 a 60 minutos. As sessões podem ser realizadas em grupo ou individualmente.
As abordagens de tratamento utilizadas na terapia da fala incluem:
- Exercícios de perceção, por exemplo, para diferenciar sons e sílabas individuais
- Exercícios para produzir determinados sons e melhorar a fluência da fala
- Exercícios para melhorar a respiração, a deglutição e a voz
- Ajuda com a comunicação, utilizando estratégias como linguagem gestual, placas de comunicação e fala assistida por computador
- Apoio na aplicação destas medidas na vida quotidiana
Para que o tratamento seja útil a longo prazo, é frequentemente importante praticar regularmente as técnicas em casa.
A terapia da fala não ajudará a elasticidade das cordas vocais, mas os exercícios especializados ajudarão a fortalecer e a melhorar a qualidade da fala.
A terapia da fala pode ter um efeito positivo no fortalecimento dos músculos das cordas vocais e, por sua vez, na diminuição da probabilidade de engasgamento.
A terapia é geralmente recomendada para doentes que sofreram um AVC. Para tratar as perturbações, a terapia da fala deve ser efetuada o mais rapidamente possível para que haja mais hipóteses de uma recuperação total
A terapia da fala pode proporcionar uma atividade cognitiva que beneficiará as capacidades de comunicação, atenção e resolução de problemas dos idosos.
Muitos idosos com problemas de fala não tratados são propensos à depressão devido ao isolamento e a outros problemas de saúde.
À medida que recuperam a capacidade de comunicar através da terapia da fala, a sua segurança, saúde e qualidade de vida aumentam significativamente
Conclusão
Os problemas da fala podem ser uma situação que se prolonga por toda a vida e que pode agravar-se à medida que as pessoas envelhecem.
Um acidente vascular cerebral, demência, traumatismo craniano ou cervical e problemas de garganta também podem provocar estes problemas.
Embora a terapia da fala seja para toda a gente, a população idosa, que pode ser mais vulnerável a problemas de saúde e lesões, esta terapia pode ser especialmente importante.
A manutenção das capacidades de comunicação pode ter um impacto positivo na memória. Se alguém estiver a perder a capacidade de falar ou comunicar devido a demência ou a qualquer outra doença, pode tornar-se recluso e começar a evitar fazer as suas atividades normais.
Os idosos que se mantêm ativos e envolvidos em atividades mantêm a sua memória mais intacta durante mais tempo. Por outras palavras, é muito importante que o idoso faça tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a melhorar a fala e a memória.
A terapia da fala muitas vezes é mesmo necessária para os idosos depois de sofrerem eventos debilitantes, como um acidente vascular cerebral ou demência.
Se um idoso sofreu uma lesão ou doença que provocou dificuldades na fala, então pode desenvolver afasia.
A afasia é uma perturbação da comunicação em que as pessoas têm dificuldade em encontrar a palavra certa para descrever os seus pensamentos, ou em que o seu discurso é hesitante ou pouco claro.
Nestas situações, a terapia da fala pode ser importante para ajudar as pessoas a concentrarem-se para encontrarem a palavra certa, bem como a responderem a sinais verbais e vocais.
O objetivo da terapia da fala é fazer com que a pessoa atinja o máximo de funcionalidade possível, embora possa não ser o mesmo nível de funcionamento que existia anteriormente.
A terapia da fala ajuda a ultrapassar problemas difíceis, incluindo recuperação de doenças como um AVC, doença de Alzheimer ou problemas de deglutição, entre outras.
Esta terapia ajuda a implementar exercícios para melhorar a capacidade de comunicação, bem como o desenvolvimento da linguagem para ajudar os idosos a melhorar a qualidade de vida e a integrar-se melhor na vida da comunidade onde estão inseridos.
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Referências:
National Institute On Aging
